Os oito casos confirmados de meningite meningocócica C registrados em Trancoso, distrito de Porto Seguro (cidade a 709 km de Salvador), não são uma exceção no Estado. Apenas este ano, até a primeira semana de outubro, 21 pessoas morreram infectadas pela meningocócica (A, B ou C) só em Salvador. O dado, fornecido pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), revela um aumento de 50% de óbitos em relação a todo o ano de 2008, no qual foram registradas 14 mortes na capital.
Para a infectologista e diretora médica do Hospital Couto Maia, Ana Verônica Mascarenhas, o crescimento não é motivo para caracterizar um surto na capital. “Em Salvador, existe um aumento considerável, mas, até então, não há motivo para se assustar. Em termos de número, é uma quantidade estável”, declara.
Até o dia 24 deste mês, 83 casos de meningite meningocócica foram registrados na cidade. No ano passado, 44 pacientes foram infectados com a doença, que é causada pela bactéria meningococo. “Muitos têm essa bactéria alojada na garganta. Algumas pessoas são imunologicamente mais sensíveis. Essas estão suscetíveis a desenvolver a doença”, conta a médica Ana Verônica.
Apesar de ser considerada uma enfermidade grave, a meningite meningocócica tem cura. “A letalidade é elevada. Quando dissemina, a evolução é muito rápida e pode causar uma infecção generalizada”, diz a infectologista. Ela explica que o tratamento deve ser feito com antibiótico e hidratação venosa, mas alerta para o consumo indiscriminado de medicamentos.
Automedicação - “Não é recomendado tomar medicação para a prevenção da doença, a não ser que a pessoa tenha feito algum contato com a alguém infectado”, reforça Ana Verônica. Para ela, é importante ressaltar que as pessoas não devem tomar antibióticos por conta própria, sem prescrição médica. “Isso aumenta a resistência da bactéria e impede a sua destruição”, diz.
Existe vacina para a meningite meningocócica C, responsável pelas quatro mortes em Trancoso. A medicação preventiva, entretanto, não é distribuída a toda a população pelo serviço público de saúde. “Ela só é disponibilizada para pessoas com casos de imunodeficiência, pois tem um custo muito alto”, afirma a médica Ana Verônica.
O Hospital Couto Maia é referência na Bahia em tratamento de meningites e doenças infectocontagiosas. Por ano, lá se internam cerca de mil pessoas de todo o Estado com a doença, que pode surgir por conta de bactérias, como a meningocócica, vírus, fungos ou por tuberculose.