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A BIBLIA É A PALAVRA DO DEUS VIVO JEOVÁ.

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DISSE JEOVÁ DEUS: Pois Jeová falou: "Criei e eduquei filhos, Mas eles se revoltaram contra mim. O touro conhece bem o seu dono, E o jumento, a manjedoura do seu proprietário; Mas Israel não me conhece, Meu próprio povo não se comporta com entendimento.” Ai da nação pecadora, Povo carregado de erro, Descendência de malfeitores, filhos que se corromperam! Abandonaram a Jeová".Isaías 1:1-31

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

PAULO SOUTO ABRE O JOGO


Por Evilásio Júnior

Bahia Notícias – Quais são os planos do senhor para 2010?
Paulo Souto – O principal plano para o próximo ano é consolidar essa coligação, que inicialmente tem dois grandes partidos que têm um plano nacional e estadual, que são o Democratas e o PSDB. Além disso, estabelecer e avançar os entendimentos com o PR e com outros partidos. No momento certo, que vai ser a convenção, o partido formulará a composição dessa chapa majoritária considerando a presença dos aliados.

BN – Por falar no PR, na última semana o governador Jaques Wagner convidou o senador César Borges para a assinatura de um ato. Cogita-se que ele esteja a articular fortemente a extensão da aliança do PR com o PT, que é sólida em termos nacionais, para o plano local. Sabemos que na Assembleia Legislativa o PR é rachado, tem dois deputados contrários e quatro favoráveis ao governo. O senhor acredita que está mais avançada a possibilidade de composição do PR com o projeto DEM-PSDB, ou ainda há a possibilidade de ele rumar para uma união com o PMDB, do ministro Geddel Vieira Lima, ou mesmo com Jaques Wagner?
PS – Eu acho que quem tem condições de responder isso é o senador César Borges. Agora, o que eu tenho ouvido nas entrevistas e nos pronunciamentos dele, é que ele tem dito claramente que a tendência dele seria marchar ao lado das oposições aqui na Bahia.

BN – Certo, mas em termos de Democratas, como têm sido feitas essas negociações com o senador?
PS – Há conversações que já se processam há muito tempo e ele tem participado, inclusive, de muitas viagens que nós temos feito no interior, de modo que não tem faltado diálogo para que o PR também possa participar dessa coligação.

BN – O partido já tem uma estimativa de quantos deputados estaduais, federais e senadores pretende eleger? Já há uma definição desses nomes?
PS – Não, não. Eu acho que ainda está muito cedo para esta decisão, nós temos uma chapa muito forte de deputados federais e também de deputados estaduais. Acho que isso é uma coisa inegável. Mas está muito distante ainda para previsões deste tipo.



"Olha, nesse caso (Arruda) eu diria que o PT não é autor que se siga. (..) O que importa é que o Democratas está tomando as suas medidas e eu não vejo, absolutamente, como é que isso pode influenciar as eleições do próximo ano"

BN – E para o vice já tem alguma definição?
PS – Também não. Acho que o momento próprio vai ser mais próximo à convenção, em que os partidos vão decidir sobre isso. Mas seguramente não é nada que vá trazer qualquer tipo de problema para a coligação. O ambiente entre os partidos é o melhor possível para que as decisões que serão tomadas sejam no sentido de fortalecer a composição. De qualquer sorte, sem dúvida nenhuma, os partidos vão participar intensamente dessa decisão.

BN – Mas essa vaga é destinada ao PSDB, correto?
PS – O PSDB participa dessa coligação e é natural que ele possa participar da chapa, agora não tem ainda nenhuma definição sobre qual partido vai ter tal papel.

BN – Nem há nomes cogitados ainda?
PS – Não, não. Oficialmente não.

BN – Sobre as acusações de corrupção no governo de José Roberto Arruda, no Distrito Federal, já tem pessoas inclusive do PT que manifestaram publicamente a intenção de utilizar esse evento como um elemento de campanha. Até que ponto o senhor acredita que este episódio pode prejudicar o projeto eleitoral do Democratas com o PSDB no próximo ano?
PS – Olha, nesse caso eu diria que o PT não é autor que se siga. Ele tem histórias tão ou mais graves do que essa, e isso pode acontecer com qualquer partido, e o PT não tomou nenhuma providência. Não vejo no PT nenhuma autoridade para fazer isso. Mas não é isso que importa. O que importa é que o Democratas está tomando as suas medidas e eu não vejo, absolutamente, como é que isso pode influenciar as eleições do próximo ano.

BN – Quais serão os principais desafios do senhor na campanha de 2010?
PS – Eu acho que a primeira coisa e a mais importante, obviamente depois que a convenção oficializar e se eu for o candidato, o que parece que é o desejo dos partidos dessa coligação, é apresentar ao estado um plano de reconstrução e restauração dos serviços públicos essenciais, que foram simplesmente destruídos por essa administração. Eu vejo isso como uma coisa essencial. Nós não podemos sonhar com uma Bahia mais grandiosa e mais importante, que todos nós queremos, se nós não recuperarmos, por exemplo, a presença do Estado nos setores essenciais à vida dos cidadãos. E eu quando eu digo isso, eu quero me referir especificamente à tragédia que nós estamos assistindo na área de segurança pública e os problemas seriíssimos que estão acontecendo na área de saúde. Então, devolver ao cidadão a confiança de que o Estado deve proteger a sua vida me parece a coisa mais importante que nós temos que transmitir à população, porque isso vai ter que ser feito.


“É preciso restaurar a capacidade operacional das polícias no combate ao crime no estado da Bahia”

BN – E como vencer esse discurso de que esses problemas que acontecem hoje em segurança pública, na saúde e educação vêm na verdade da chamada “herança maldita”?
PS – Eu não acredito que eles tenham a coragem de nesses setores insistir com essa conversa. O que acontece é que todos os indicadores, por exemplo, na área de segurança pública, pioraram drasticamente a partir do governo deles. Então, é evidente que isso não decorre de qualquer questão anterior porque não foi uma flutuação. Os números são dramáticos. A Bahia hoje, mesmo em termos absolutos, tendo uma população muito menor do que a de São Paulo, tem um número de homicídios maior do que lá. Se você for para a taxa de homicídios por cem mil habitantes, que é um índice bastante conhecido, enquanto a de Salvador foi em 2008 próxima a 60, a de São Paulo foi de 11. Então, a “herança maldita” que existe aí sabe qual é? É a de 2007, a de 2008 e a de 2009. Essa é que é a herança. A herança do próprio governo que não percebeu isso. Aí se estabelece uma questão que eu acho que é essencial. Eu fico me perguntando, será que o governo não percebeu que tem na mão um problema de tamanha gravidade ou não foi capaz de tomar as medidas que precisava tomar? É claro que eu não consigo entender que ele não tenha sido capaz de perceber que está com um problema grave na mão. A outra hipótese é que ele não tomou as medidas necessárias e qualquer exame mostra isso claramente. Por exemplo, se você toma os investimentos em segurança pública no Estado, realmente a situação é muito comprometedora (puxa uma planilha). Só este ano, de um orçamento que prevê R$ 140 milhões para investimento, o governo tinha aplicado R$ 17 milhões. E aí tem coisas realmente impressionantes, como ampliação e renovação da frota: de uma previsão de R$ 57 mi o governo realizou R$ 5 mi. Na questão de armamento, de uma previsão de R$ 7,4 mi realizou zero. Nos equipamentos de proteção e segurança, de um investimento previsto de R$ 11 mi realizou R$ 400 mil. Na ampliação e na construção da rede física, de uma previsão de R$ 12 mi realizou pouco menos de R$ 3 mi. Na área de informática da Secretaria de Segurança, de R$ 13,6 mi realizou R$ 1,5 mi. Enfim, a pergunta é, com um problema dessa gravidade na mão, essa foi a forma de o governo reagir? Portanto, houve uma desimportância ao problema mais crucial que a Bahia vive neste momento, que é a área de segurança pública.

BN – O senhor acredita, então, que o Estado foi negligente com a situação?
PS – Tendo em vista os números que eu apresentei, não é possível que ele não tenha percebido. Ele não reagiu, por exemplo, em termos de investimento à situação trágica que a Bahia está vivendo. Ele falhou completamente nesse aspecto.


"Olha, eu não quero utilizar o termo repressão porque às vezes ele pode dar outra conotação..."

BN – E quais seriam as medidas a serem adotadas, caso o senhor fosse o governador? Hoje há o crescimento no tráfico de drogas, a inserção do crack na sociedade, que quando o senhor deixou o governo ainda não tinha alavancado, além desses problemas todos que vivemos hoje de violência urbana e exclusão. Como o senhor enfrentaria essa situação?
PS – Essa é uma discussão que, muitas vezes, passa a ser conceitual. As pessoas às vezes entendem que há necessidade de medidas mais de natureza socioeconômicas, sociais e etc. É evidente que é necessário, mas isso tem um prazo maior. É preciso restaurar a capacidade operacional das polícias no combate ao crime no estado da Bahia. Primeiramente, tentando fazer com que os policiais sejam tratados de tal forma que eles possam recuperar a sua capacidade de entender que são importantes e que, portanto, precisam ter uma atuação realmente eficiente. O governo tem que dar as condições de trabalho para que eles desempenhem a sua missão, mas também mudando completamente esses conceitos de policiamento, integrando melhor os papéis das polícias Civil e Militar e avançando mais na área de inteligência. Por exemplo, voltaram a acontecer, com muita frequência, os assaltos a bancos, que no último ano nosso tinham mostrado uma queda extremamente forte. O governo infelizmente, eu não acredito nem que ele tenha feito isso propositadamente, mas criou com certas medidas uma cizânia entre as polícias Civil e Militar. Isso é trágico.

BN – Já houve até ameaça entre as polícias...
PS – Isso é muito ruim. Tem que recuperar a união e a integração dessas polícias e tem que mudar esse conceito territorial de segurança pública, que atribui em um determinado território uma autoridade da Polícia Civil ou uma autoridade da Polícia Militar. Elas são responsáveis por tudo o que acontece naquelas áreas. Há muita coisa a ser feita, mas eu acho que a primeira delas é que a polícia sinta que é essencial, não para o governo, mas para a Bahia. Uma nova atitude em que o Estado tem que ser muito responsável para que isso aconteça e a gente tenha mais êxito nessa questão.

BN – O senhor acredita que para diminuir esse problema tem que ser intensificada a atitude de repressão mesmo da polícia?
PS – Olha, eu não quero utilizar o termo repressão porque às vezes ele pode dar outra conotação, mas não tenho dúvida nenhuma de que é preciso aumentar a capacidade operacional da polícia. Isso é uma coisa fundamental. Dentro de conceitos novos. Eu acho que temos muitos exemplos aí com muito êxito: Minas, São Paulo... São bons exemplos e nós temos que buscá-los. Mas é muito importante que as duas polícias percebam claramente a importância que vai ter para a Bahia a recuperação da capacidade operacional dessas polícias. O governo tem que transmitir isso e tomar também as providências. Eu não posso culpar os policiais pelo que está acontecendo se você vai para o interior e não tem delegado, não tem delegacia, quando tem viatura não funciona, quando funciona falta combustível. Alguém pode me questionar ‘mas isso é o básico’, mas se você não consegue nem o básico, o que é que você vai conseguir?

BN – Mas há membros do governo que dizem inclusive que essa questão de falta de delegados no interior aconteceu na sua gestão e que agora está sendo reparada. Há alguma mentira nisso?
PS – Olha, durante todo o tempo nós convocamos seguidamente os delegados para que suprissem isso. Faltavam muito poucos. É uma verdadeira novela que precisou a oposição agir consecutivamente e a imprensa falar para que o governo convocasse me parece que 80 delegados que já estavam concursados e que o governo treinou. Então isso realmente é uma falácia, como é uma falácia a questão dos concursos públicos. Que concursos o governo fez? Me parece que aquele dos médicos. Para a educação não fez nenhum, para a saúde talvez tenha feito um, que agora, aliás, o Ministério Público pediu para interromper porque eles mudaram os critérios depois de ter começado o concurso. Praticamente toda a admissão de pessoal que fazíamos eram concursos em que gradativamente os selecionados eram chamados. Então é o discurso da crítica que não subsiste a qualquer observação mais imparcial.


““Eu participei de quatro eleições majoritárias, três para governador e uma para senador. Das quatro eu venci três. (...) Acho que poucos currículos políticos na Bahia podem ter esse ranking”

BN – E essa questão, que muita gente reclama, sobre as escutas e supostas perseguições políticas. Como o senhor encara isso no governo? O senhor acredita que há realmente uma estrutura para perseguir eventuais opositores?
PS – Eu acho que há algumas evidências muito ruins para o governo. Esse episódio que aconteceu, sem entrar no mérito...

BN – A Operação Expresso...
PS – É. Por que essa operação só se desencadeou depois que o PMDB deixou o governo? Essa é uma pergunta que eles têm que responder.

BN – E sobre o estigma de derrotado. Há quem diga que o senhor o tem depois de perder as eleições de 2006 de uma forma surpreendente no primeiro turno, além de estar ligado ao passado, já que seria uma pessoa com conceitos e fundamentos retrógrados?
PS – Eu participei de quatro eleições majoritárias, três para governador e uma para senador. Das quatro eu venci três. Então, eu só estou respondendo isso porque você provocou a pergunta, acho que poucos currículos políticos na Bahia podem ter esse ranking. Depois, essa história do moderno, do novo, isso é uma coisa absolutamente preconceituosa. Em todos os meus governos dei demonstrações muito evidentes de modernização do Estado. Nós temos vários exemplos de como a máquina foi modernizada nos meus dois governos, de como houve uma preocupação com relação às questões de natureza de dotar o governo de instrumentos que dessem segurança à aplicação dos recursos públicos. As pessoas não se lembram, mas fizemos no último governo uma alteração da Lei das Licitações que alguns Estados brasileiros seguiram e outros estão querendo seguir. Nós começamos a instituir aqui o uso da nota fiscal eletrônica para compras públicas, que também foi um avanço muito importante. No primeiro governo, uma coisa que marcou definitivamente a administração pública na Bahia foi a criação do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC), que é uma das poucas coisas que eles não tiveram coragem de mudar o nome. Até tentaram no início chamar de Você Cidadão e isso não pegou. Toda essa preocupação de modernizar a economia do Estado, de descentralizar, levando indústrias para o interior: o pólo de informática, o pólo calçadista, o pólo de celulose no extremo-sul, a consolidação da indústria automobilística, que foi implantada no governo do senador César Borges, e nós trouxemos para aqui duas das três maiores indústrias de pneus do mundo. O avanço enorme no setor de turismo, no Litoral Norte, no extremo-sul, e os grandes programas sociais, como o Bahia Azul. Eu quando vejo o governo, de uma forma sempre disfarçada, colocar na televisão que Salvador vai ter 90% de saneamento, acho que se esquecem que já encontraram com mais de 70%. O programa de habitação, eu não gosto de dizer essas coisas, mas posso te falar com toda a tranquilidade que a maior parte dessas 17 mil habitações que o governo diz que inaugurou, já estava em andamento, contratadas e com os recursos de contrapartida do Estado dentro da Caixa Econômica. Outro dia eu publiquei os dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que é do governo federal , para mostrar como a Bahia foi eficiente na administração da sua área financeira, cumprindo integralmente todas as recomendações que havia feito no programa de renegociação das dívidas dos Estados. Agora, uma coisa é inegável: cada momento é um momento diferente. Se eu tiver que ser governador novamente, as demandas do Estado serão diferentes, as atitudes do governo serão diferentes porque têm que se adaptar a cada momento. Mas acho que os nossos governos, e aí quero incluir o último do senador Antonio Carlos, os dois meus e o do senador César Borges, representam uma fase de profunda transformação e modernização da Bahia. Eu acho que eles tinham que falar da herança bendita. Veja todos os empreendimentos industriais que já estavam aí. Se alguém perguntar qual é o grande investimento industrial novo que a Bahia está implantando até agora, com três anos, ninguém consegue dizer.

BN – Poderia ser o Parque Tecnológico, mas sofreu recentemente um embargo do Ibama...
PS – Todo o projeto foi feito por nós, inclusive com as emendas de bancada que conseguiram os recursos e ficaram presas dois anos no governo federal, não sei por quê , mas é uma coisa que eu acho que é importante. Eu estava até vendo. Não adianta ficar zangado, pois tem gente que fica zangada quando se fala, mas, por exemplo, a Bahia historicamente teve 50% dos investimentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) na área de financiamentos e créditos. Esse ano está fechando e Pernambuco tem 65% e a Bahia tem 13%. Pode ser só uma coincidência o número 13, né? Eu não me lembro quando foi que aconteceu isso. Nós perdemos realmente a dianteira disso. Há projetos que foram deslocados da Bahia por decisões políticas que contrariam a lógica econômica. O caso mais evidente disto é o pólo têxtil, que foi levado para Pernambuco por decisão política, quando os nossos investimentos nessa área eram muito mais lógicos.


"“Entre (o governo) obedecer ao partido e lutar pela Bahia, a missão é sempre obedecer ao partido"

BN – Mas o senhor acredita que qual é o motivo para que haja essa perda constante de investimentos da Bahia para Pernambuco?
PS – Não há meias palavras com relação a isso aí...

BN – Não seria uma descentralização do governo federal?
PS – Eu acho que é muito bom que aconteça essa descentralização, mas desde que não contrarie a lógica. Tudo bem, eu acho até que fazer a refinaria em Pernambuco está certo, pois a Bahia já tem uma, agora o pólo têxtil? A matéria-prima está aqui, toda a estrutura está aqui. Então é uma coisa artificial. O que eu condeno nisso é que o governo assistiu a isso sem uma única palavra em defesa dos interesses da Bahia. É aquela história que eu sempre falo: entre obedecer ao partido e lutar pela Bahia, a missão é sempre obedecer ao partido.

BN – Em relação justamente a essa questão do governo federal. Muita gente fala que ninguém terá coragem de falar contra o governo Lula, porque foi o que mais avançou no Brasil. Como o senhor avalia?
PS – Não tem dúvida nenhuma que, de um modo geral, o governo tem coisas positivas. Não há como negar isso. Agora, eu acho que com relação à Bahia, do ponto de vista dos grandes projetos de infraestrutura e industriais, em que há uma influência decisiva do governo, tem sido muito prejudicial ao estado.

BN – O senhor acha que por ser pernambucano o presidente Lula depreciou a Bahia em relação a Pernambuco?
PS – Não. Eu acho que faltou por parte do governo da Bahia levar ao presidente Lula, claramente, as demandas e as oportunidades que a Bahia se julgava no direito de executar. O pré-sal, por exemplo, ele não defendeu como deveria defender. Outra coisa, desde 2007 você tem um pedido de licenciamento para uma segunda fábrica de uma empresa de celulose no extremo-sul. Parece que estão falando agora em um licenciamento em junho do próximo ano. Aí não tem nada que resista.



“Lula é Lula, Dilma é Dilma. Acho que a população vai perceber essa diferença”

BN – Em relação a Serra e Dilma. A ministra-chefe da Casa Civil conta com a vantagem do discurso do presidente Lula. Qual seria a vantagem do governador de São Paulo para derrubar o discurso de Dilma Rousseff?
PS – Primeiro ele tem que mostrar todo o seu êxito quando foi ministro do Planejamento, ministro da Saúde e atualmente no governo de São Paulo. Não é fácil governar um estado como São Paulo e a avaliação dele é excelente. Ele está fazendo mudanças avançadas e significativas, principalmente, na área de educação. Ele tem uma história de administrador eficiente que seguramente ele vai querer mostrar. Do outro lado é o seguinte: Lula é Lula, Dilma é Dilma. Acho que a população vai perceber essa diferença.

BN – 2010 é o momento de Paulo Souto e José Serra?
PS – Eu espero que seja. Quem vai decidir é a população. Eu sinto uma certa frustração das expectativas da população em relação ao governo do Estado, tendo em vista o que aconteceu na campanha de 2006. Foi um momento muito significativo, uma mudança rápida do que era uma tendência normal e a população deve ter os seus motivos para isto. Agora ela examina exatamente que ganho que teve com a mudança. Eu acho que isso é uma coisa que vai ser analisada durante as eleições, principalmente sobre os setores que são básicos: a segurança, a saúde e a educação. É natural que em certas áreas cada governo possa realizar mais do que outro. É até desejável, desde que isso seja mostrado com isenção. Vou citar o exemplo do Programa de Atenção Básica à Saúde, que no Brasil é configurado pelo Programa de Saúde da Família, que tem uma origem federal e é executado pelos Municípios, mas que os Estados participam muito para poder avançar a cobertura. Então, o que aconteceu nesse programa? Nós, quando assumimos o governo em 2003, o Programa de Saúde da Família atingia 21, 22% da população. Então, nós chamamos as prefeituras e em quatro anos atingimos 51,1% de cobertura. Um avanço, em termos percentuais, de cerca de 30 pontos. Hoje, três anos depois, com tudo o que se diz aí, você vai para a estatística do Ministério da Saúde e vê que o programa na Bahia passou de 51 para 53,9%. Subiu três pontos percentuais a cobertura do Programa de Saúde da Família. Essa é que é a verdade. O resto da propaganda aí é uma forma de ludibriar.

BN – O senhor acredita que isso tem relação com o crescimento de dengue e meningite que nós temos acompanhado?
PS – Não tenho dúvida nenhuma que na medida em que você não avança no Programa de Atenção Básica à Saúde, as pessoas ficam mais vulneráveis a isso aí.

BN – O senhor crê em uma epidemia de meningite no Carnaval de 2010, com tem sido alarmado?
PS – Não, não. Não quero ser alarmista. Espero que não. Espero que o estado também tome as providências para que isto seja evitado.


“Fora a propaganda, que nem sempre prima pela exatidão, eu não conheço um relatório anual produzido pelo governo, impresso e distribuído”

BN – Como o senhor avalia o governo estadual?
PS – Eu não gosto de fazer comparação, e tem gente até que recrimina com razão. Mas se você observar tudo o que foi inaugurado aí: as indústrias, as estradas mais importantes. Acho até que agora eles estão iniciando realmente uma série de estradas novas. Só que vai fazer muito através de uma operação de crédito que foi aprovada em novembro de 2006 com o Banco Mundial. Todo dia eu digo isso. Operação de US$ 100 milhões, em que o governo terá uma contrapartida de US$ 80 milhões. Então isso é outra coisa importante. Nós deixamos muitas operações de crédito em andamento e outras aprovadas. Agora, o governo tem feito investimentos novos na área de saneamento, o que pode permitir que ele avance muito mais. Isso é ótimo para a Bahia. Eu fico alegre quando eu vejo que muitas dessas coisas que eles festejam tanto foram objeto de um trabalho muito grande. Algumas coisas já iniciadas, outras muito bem programadas, só que a gente tem dificuldade para saber o que é feito hoje. Fora a propaganda, que nem sempre prima pela exatidão, eu não conheço um relatório anual produzido pelo governo, impresso e distribuído. Nós temos muitas dificuldades de acompanhar o trabalho do governo. Não estou falando de revista nem de propagandas. Estou falando de relatórios do tipo que a gente fazia e produziu no último ano. Tá bom, é chato. Eu nunca espero que ninguém leia isso, mas se você quiser saber, por exemplo, quantas casas foram construídas pelo governo está lá. Pode até eventualmente ter um pequeno erro, mas se tentava espelhar isso com muita fidelidade. Nós fazíamos questão de mostrar. Isso é transparência. Agora tudo o que eles fazem é no sentido de desmerecer o trabalho anterior.

BN – Uma pesquisa recente aponta que tem algo em torno de 20% a 23% de eleitores que não votariam nem em Wagner, por uma decepção com o atual governo, nem no ministro Geddel, que não representaria uma renovação, e nem no senhor. O PV aposta neste índice para crescer e tentar ganhar esse eleitorado. Da mesma forma a senadora Marina Silva, que teria números semelhantes no cenário nacional e contaria com a suposta antipatia à ministra Dilma, que não seria continuidade de Lula, e com o fato de José Serra ter uma grande aceitação no Sudeste, mas uma forte rejeição no Norte-Nordeste. O senhor acredita que o PV conseguirá modificar esse quadro das eleições ou é um mero coadjuvante?
PS – Todo mundo que lança uma candidatura tem que encontrar um motivo para ter esperança.

BN – Mas o senhor leva a sério essa candidatura do PV?
PS – Sério é. Desmerecer nunca. Ele tem que encontrar motivo para ter esperança. Agora, eu não vejo nada politicamente sólido na candidatura de Bassuma, embora eu ache que ele tem todo o direito de lutar e acreditar nisso. Eu só não vejo fatos para que ele fique tão otimista com a candidatura.


“(A palavra que define) o governo Wagner é lentidão. A nossa é confiança”

BN – O senhor aceitaria uma aliança com o PV?
PS – Por que não? Claro que aliança só se faz quando os partidos desejam, mas não tem nada, do ponto de vista nosso, que venha a impedir isso. A única aliança impossível, da minha parte e seguramente da deles também, é com o PT.

BN – Uma palavra para definir o governo Wagner e outra para o seu projeto.
PS – Do governo Wagner é lentidão. A nossa é confiança.