A necessidade de construir a cidade perfeita
Aristóteles no Livro II da Ética a Nicômacos, diz que se pode errar de inúmeras formas, mas acertar só de uma única forma, pode concluir que o excesso de erros é uma característica da deficiência moral, pois a maldade se multiplica, enquanto a bondade é única. A excelência moral é uma virtude, é uma disposição de caráter, é uma conduta, um habito repetido dia a dia que leva a uma correta forma de agir. O discernimento, tem relação com as ações humana. Um gestor que possui discernimento deve visar calculadamente já que foi eleito para isso, ao que existe de bom, de insuperável para os seus munícipes na parte em que lhe traduz a ação de administrar um ente publico.Deve o gestor ter conhecimento dos fatos particulares da sua cidade e não do universo. A Ética a Política para Aristóteles são praticas definidas pela ação, aquele que age com ética adquire a pratica da virtude. O Filosofo ainda nos ensina que: “segundo o caráter, as pessoas são tais ou tais, mas é segundo as ações que são felizes ou o contrário. Assim, as ações e a fábula constituem a finalidade da tragédia, e, em tudo, a finalidade é o que mais importa”. Trata-se, portanto, de hábitos; no justo meio; pela prudência do discernimento; alicerçados pela equidade das práticas; e de criações de rotinas e de rituais coletivos, públicos e dirigidos ao bem comum; e, portanto, à felicidade - como se fosse por amizade ao bem comum.
É uma dissociação entre o real e os valores éticos, e a reconstrução da sociedade perfeita, baseia-se na substituição dessa plutocracia. A política implantada em Serrinha é a da extinção da sabedoria, das unidades familiares, da privação do entendimento político, da limitação popular, limitando-se a fazer da população soldados esfrangalhados e obedientes as ordens do Guardião e a elite deficiente dirigente, que embate na total falta de preparação intelectual dos dirigentes, pois para as tarefas mais triviais se exige preparação.
O Guardião que é o dirigente absoluto dos ideais de uma população sedenta de ordem, da ética e do respeito ao exercício de cidadania, é escolhido pelo mérito através do voto e mantido puro por uma rotina ascética desligada dos interesses materiais – como um projeto de sociedade destinada a exercer o maior grau possível de controle sobre os cidadãos, controle do bem comum, da gerencia sem ingerência, da evolução e desenvolvimento de uma cidade. No entanto temos o inverso daquele sonho de um Guardião, estamos diante de um fato novo:
- certo é o errado;
- o bonito é o feio:
- o perfeito é a imperfeição;
- o bom é o ruim;
- a verdade é a mentira;
- o legal é o imoral;
- administrar é destruir;
- aplicar é o desviar.
Portanto, o reencontro da ética e da realidade atualmente se dá através de uma deficiência na esperada reforma social, política e econômica desta cidade tão simples com uma população desiludida e sem esperanças para o futuro, pois vê que o valor material se sobrepõe aos interesses do bem comum, pois o escolhido como Guardião, não pratica a harmonia do verdadeiro sentimento ético, sacrificando a uma cidade em detrimento de interesses de poucos, de estranhos, pessoas de vontades férreas, sem famílias, sem espaço, desconhecidas que exercem a hipocrisia e a vaidade.
Portanto, o que temos é o crescimento dos atos ilegais, é a contaminação pela hipocrisia, é o retorno ao passado de uma sociedade simples, pobre, fraca, imperfeita e instável, não merecendo desta forma a gratidão nem o respeito de seus súditos.