A utilização de androgênios pelas mulheres a partir dos 40 anos de idade é cada vez mais recomendada por ginecologistas de todo o mundo. Os androgênios são hormônios que estimulam ou controlam o desenvolvimento das características masculinas e são precursores dos estrogênios, hormônios sexuais femininos. As vantagens da testosterona em doses fisiológicas, usada conforme orientação médica, são significativas e cada vez mais propagadas para mulheres de todo o mundo. “O hormônio do desejo, como melhor podemos chamar a testosterona, salva muitos casamentos na menopausa, quando é comum que as mulheres percam grande parte do desejo sexual comum até esta fase da vida”, apontou o professor e médico Elsimar Coutinho durante o Simpósio Mundial e V Congresso Brasileiro de Ginecologia Endócrina, realizados recentemente no Pestana Bahia Hotel.Para a ginecologista Ione Cristina Barbosa, da maternidade Climério de Oliveira, em Salvador, a mente está intrinsecamente interligada aos sistemas nervoso e endócrino. Segundo ela, os hormônios sexuais têm um papel fundamental nos neurotransmissores, os quais determinam pensamentos, sentimentos, emoções e comportamentos. “É a presença desses hormônios que estimula as fantasias sexuais inconscientes, além de proporcionar muitos outros benefícios para a mulher”, afirmou Ione.A partir dos 40 anos, a mulher passa a ter 50% menos testosterona. As consequências dessa diminuição são diversas: perda de desejo sexual e das fantasias e sonhos; diminuição da capacidade orgástica; diminuição da energia vital e bem-estar geral; diminuição da sensibilidade à estimulação sexual; humor deprimido; fadiga crônica; osteoporose; menor expansão e menor lubrificação da vagina e redução da capacidade da mulher de ter orgasmos múltiplos.O professor Elsimar Coutinho mencionou alguns agentes que atrapalham a eficácia da testosterona. “O uso de substâncias como os antidepressivos, certos antibióticos como o cetaconazol e seus derivados, diuréticos e narcóticos, entre outros, são alguns dos obstáculos ao sucesso do hormônio do desejo”, declarou.No entanto, é importante frisar que há outros fatores que interferem na diminuição do interesse de mulher no sexo na segunda fase da vida. “Perda de interesse pelo parceiro, mágoas, stress, preocupação com filhos, depressão, ansiedade, doenças crônicas, fatores socioeconômicos, dificuldade de assistência médica e trabalho em excesso, além de algumas patologias como hipertireoidismo, são alguns exemplos”, citou a professora Ione Cristina Barbosa.
O presidente da Associação Brasileira de Ginecologia Endócrina, Paulo Spínola, mencionou outra grande possível vantagem da testosterona: ela pode influenciar na diminuição da incidência de câncer de mama e de outros problemas em mulheres menopausadas. Os estudos que comprovam essa “defesa” são novos e tem sido contestados por alguns estudos epidemiológicos. A reposição de testosterona pode se dar por via oral ou preferenciamente através de adesivos, géis e implantes.
TESTOSTERONA E CÂNCER DE PRÓSTATA
Um dos grandes desafios do professor Elsimar Coutinho foi convencer parte da comunidade médica de que a testosterona não causa câncer de próstata. “Eu fundei a Sociedade Brasileira de Andrologia para brigar com os urologistas que diziam isso”, destacou. A partir dessa iniciativa, ele mostrou que tanto o câncer de mama nas mulheres quanto o câncer de próstata nos homens são doenças mais comuns na segunda fase da vida. Também é nesse período que mulheres e homens tem seu nível de testosterona diminuído e precisam, muitas vezes, de reposição hormonal. “Mas a testosterona não tem nenhuma influência na geração desses problemas. Tanto que neste ano de 2009 finalmente os urologistas reconheceram e hoje recomendam: “A todos os homens que tem testosterona baixa, façam reposição!”, completa, não sem deixar de esclarecer que indivíduos que já tiveram câncer de próstata e que precisam de testosterona podem fazer uso desse hormônio do desejo.
