Campo Grande - Um grupo de oito testemunhas confirmou hoje, na Delegacia de Polícia Civil de Ivinhema, no Mato Grosso do Sul, todas as afirmações do soldado do Corpo de bombeiros, Gilberto de Malo Cabreira, 32 anos, sobre o trauma que sofreu no hospital municipal daquela cidade, situada a 349 quilômetros de Campo Grande, na região sul do Estado, juntamente com a esposa, Gislaine de Matos Rodrigues Cabreira, 32 anos. Amanhã serão ouvidas mais cinco funcionários do estabelecimento, pelo delegado Lupércio Lúcio Degerone, encarregado do caso.
Segundo o que foi apurado até hoje, na terça-feira passada, o casal aguardava o nascimento do segundo filho, mas os médicos Sinomar Ricardo, 68 anos, e Orozimbo Ruela, 49 anos, entraram em luta corporal e o bebê morreu. "Faleceu na barriga da mãe e depois foi retirado através de uma cesariana. Passou da hora do parto", disse uma das testemunhas. A internação ocorreu por volta de 17h30 e o parto estava previsto para 23h, mas aconteceu perto das 2h da madrugada de quarta-feira.
A parturiente continua em estado de choque: "Foi horrível. Eu lá na mesa de parto, gritando de dor, vendo os médicos trocando tapas, empurrões, um deles até caiu no chão. Meu Deus, o que farei agora. Eu esperei tanto minha filha, já havia até o nominho dela, o quartinho arrumadinho, sei lá meu Deus, sei lá". Ela acredita que Silomar, plantonista do dia, não gostou quando Orozimbo, médico que escolheu para o parto e fez todo o pré-natal, chegou no hospital. "Deu para notar que quando Orozimbo entrou na sala, Ricardo fechou a porta, mas não conseguiu detê-lo. Depois começaram a brigar".
Gislanei e testemunhas calcularam que a briga de ambos durou quase 2 horas. Se no inquérito policial constarem os fatos descritos pelas testemunhas, os acusados poderão ser condenados a penas alternativas, como por exemplo prestação de serviços à comunidade ou entidades filantrópicas. A observação é do coordenador das promotorias criminais do Ministério Público Estadual, Evaldo Borges Rodrigues, 53 anos.
"Tudo que foi apurado até agora, não dá outra margem de interpretação além de homicídio culposo. Não houve intenção de matar. Mas vamos apurar o caso e não ficará pedra sobre pedra sem ser investigada. Houve uma acusação de um dos médicos acusados, de que um deles utilizou comprimidos abortivos, ao invés de compridos para dilatação do colo do útero da paciente. Isso comprovado, muda toda a história. Pode haver penas rigorosas. Aí sim, houve intenção de matar. O Ministério Público já abriu procedimento sobre assunto e está acompanhando de perto a situação", disse.