sexta-feira, 26 de março de 2010
Defesa dos Nardoni deve apostar na dúvida, acusação, nas provas; sentença pode sair hoje
Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá enfrentam nesta sexta-feira (26) o último dia no banco dos réus pela morte de Isabella, 5, que caiu do 6º andar da janela do edifício London, na zona norte de São Paulo, em março de 2008. O veredicto, que afirmará se pai e madrasta são culpados ou inocentes pelo homicídio triplamente qualificado, pode sair no final da tarde. O júri popular já dura cinco dias no Fórum de Santana, zona norte da capital paulista.
A Promotoria defende que o pai jogou Isabella pela janela. Antes, ela teria sido esganada pela madrasta e agredida por ambos. Já a defesa do casal insiste na tese de que havia uma terceira pessoa no prédio. As penas para os crimes podem ultrapassar os 30 anos de prisão.
A defesa, para pedir a absolvição total, deve ater-se ao fato de que, até agora, nenhuma prova conseguiu ligar a madrasta diretamente ao crime. Somente a camiseta de Alexandre é uma evidência forte de que o pai jogou a menina pela janela, mas em seu depoimento, Nardoni insinuou que o buraco visto por ele no dia do crime era diferente do examinado pela perícia.
Já a Promotoria deve apostar na dinâmica, montada pelos peritos, baseada no sangue encontrado no apartamento, nos exames feitos em Isabella e na hipótese praticamente nula de que uma terceira pessoa tenha tido acesso ao apartamento naquela noite.
“A prova pericial é a mais técnica de todas. Só que, nesse caso, ela não comprova a autoria. Vai comprovar que Isabella foi agredida e saiu sangrando. Quem agrediu? Aí já não sabemos com certeza. A prova técnica gera convicções, mas nem sempre conclui a autoria”, avalia o criminalista Leonardo Pantaleão, professor do Complexo Damásio de Jesus.
Segundo o especialista, esse julgamento é uma mescla importante das provas técnicas, obtidas pela perícia, e das provas indiciárias, aquelas que apontam que determinada ação ocorreu. “Os jurados não vão se convencer com a prova meramente técnica nesse caso. Mas a defesa também vai ter bastante dificuldade de comprovar que não foram eles. Para isso, vai tentar plantar a dúvida na cabeça dos jurados e tentar convencê-los de que, com base em meras hipóteses, não podem condenar pessoas que podem ser inocentes”, afirma.
Para isso, o advogado Roberto Podval e o promotor Francisco Cembranelli contam com uma maquete que reproduz o local do crime e um vídeo simulando o que teria acontecido naquela noite. Isso somado a tudo que foi produzido no júri até agora: testemunhos, contradições, laudos e, principalmente, a palavra dos réus. “É como se diz e pode acontecer, que mais vale um culpado solto do que um inocente preso”, finaliza Pantaleão.