VALDOMIRO SILVA(FOTO)
O ex-prefeito José Ronaldo evitou a imprensa, nos últimos dias, logo depois que o deputado federal Fernando de Fabinho, que era o seu grande aliado, ter abandonado seu grupo político para unir-se ao governador Jaques Wagner. Por uma semana, ele não falou aos jornalistas e radialistas locais.
Na imprensa, especulou-se que o ex-prefeito estaria abalado com o fato.
Afinal, dias antes, em sua última entrevista para os meios de comunicação locais, Ronaldo havia comentado, sobre uma conversa que teve com Fabinho, que nada sabia sobre a decisão do deputado.
Foi criada uma situação de desencontro de informações, a esse respeito. Fabinho, afinal, disse que comunicou pessoalmente a Ronaldo sobre sua saída do grupo, para se integrar ao bloco de sustentação do governador.
Os radialistas Luiz Santos e Leon Wanderley, do programa “Linha Direta”, da Rádio Sociedade, chegaram a encontrar o ex-prefeito na saída de uma missa, tentaram gravar uma entrevista mas Ronaldo negou-se a falar.
Foi a primeira vez que o ex-prefeito, sempre muito solícito com a imprensa e bem disposto diante dos microfones, se recusou a conceder entrevistas por um período tão longo, sequer retornando as ligações que lhe foram feitas ao celular. Ontem, no horário do almoço, localizei Ronaldo, por telefone. Estava em sua residência.
Ele ainda não estava receptivo a ideia de uma entrevista. Mas foi convencido a falar. Disse que espera uma decisão sobre seu futuro político – será candidato a deputado federal ou senador, nas próximas eleições – até o fim do mês. Falou das viagens, em ritmo intenso, por todo o interior da Bahia, nos últimos meses. Disse que praticamente descarta a possibilidade de ser candidato a vice-governador.
E, sobre Fernando de Fabinho, fez um breve comentário. Poucas palavras, nenhum sinal de confronto com o deputado, seu ex-correligionário. Perguntado se sente-se traído, ele se nega a falar a respeito. A seguir, principais trechos da entrevista.
PERGUNTA: O senhor tem viajado muito. Praticamente não pára em Feira de Santana, nas últimas semanas...
RESPOSTA: Há um ano, tenho viajado pelo interior, visitando municípios e acompanhando companheiros. Praticamente já visitei todas as regiões da Bahia. A receptividade tem sido boa. Acompanharei todo o processo e participarei ativamente até o dia da eleição.
PERGUNTA: Quando os feirenses vão saber qual cargo o senhor deve disputar no próximo pleito?
RESPOSTA:Existem muitas conversas com partidos e pessoas. Acredito, e é o desejo nosso, que até o final de março todo o processo seja concluído.
PERGUNTA: Quais são as chances de o senhor ser candidato ao Senado, deputado federal ou vice-governador?
RESPOSTA: Meio a meio entre ser candidato ao senado e a deputado federal. Entendo que a vice-governadoria deveria ser destinada para uma pessoa do PSDB.
PERGUNTA: Comenta-se muito que, uma vez eleito deputado federal, o curso normal das coisas seria o senhor ser candidato a prefeito em 2012. Isto seria possível?
RESPOSTA: A questão de uma pessoa ser candidata a prefeito independe de que ela seja senador ou deputado. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Conheço parlamentares que foram eleitos para o senado e que depois se tornaram prefeitos. Reconheço que o prefeito tem o direito de pleitear a reeleição. Normalmente a pessoa que é eleita pensa em ser reeleita. Se ele tem essa idéia, acho que o direito da reeleição é de Tarcízio Pimenta, tenho muita consciência a respeito do assunto.
PERGUNTA: As pesquisas apontam o governador Jaques Wagner favorito para vencer as eleições em primeiro turno...
RESPOSTA: Pelo que sei, as pesquisas divulgadas dão empate técnico. A pesquisa feita pela DataFolha, de dezembro, dava 39% para o governador, 24% para Paulo Souto e 11% para Geddel Vieira. Pesquisa não divulgada que tive acesso dá 39% para Wagner, 32% para Paulo Souto e 13% para Geddel. Acredito que a eleição será disputada. Ninguém pode cantar de galo no momento.
PERGUNTA: E o senador César Borges? O Democratas ainda tem esperança de que ele seja candidato pela coligação?
RESPOSTA: O senador Cesar Borges me disse que ainda não tem nenhum acordo com o governador. Esse quadro está indefinido.
PERGUNTA: Se diz que o grupo do ex-governador Paulo Souto, do qual o senhor faz parte, tem poucas opções para compor a chapa majoritária...
RESPOSTA: Ao contrário. Temos vários nomes para o Senado: César Borges, Ronaldo, João Almeida, José Carlos Aleluia, são algumas opções. Esse processo se afunila com conversas até o final deste mês.
PERGUNTA: Sobre o deputado Fernando de Fabinho, como o senhor avaliou a decisão de romper com seu grupo político e aderir ao governo Jaques Wagner? E como fica a relação do senhor com ele, depois disso?
RESPOSTA: Eu ouvi, em uma entrevista do deputado, que ele disse manter o mesmo respeito e amizade que tinha por mim antes de tomar essa decisão. Eu tenho a dizer que também continua o meu respeito por ele, do mesmo modo que ele tem por mim.
PERGUNTA: Politicamente, o senhor não se sente traído pelo deputado?
RESPOSTA: Não quero tratar desse assunto, falar de traição. No momento, estou fazendo política, em busca de um projeto. Não cabe esse tipo de sentimento.
REPORTAGEM-VALDOMIRO SILVA-JORNAL TRIBUNA FEIRENSE.COM.BR