quinta-feira, 27 de maio de 2010
Caso delegado: para César, governador teve reação de Pôncio Pilatos
O senador César Borges (PR-BA) lamentou hoje (26), no Senado, a morte do delegado de Polícia da Bahia, Cleyton Leão, e disse que a reação do governador Jaques Wagner a esta tragédia foi de Pôncio Pilatos. "Estarrece ouvir o próprio governador dizer que, se fosse fácil combater a criminalidade e se soubesse como fazê-lo, seria milionário", afirmou. Segundo César Borges, “é como se o governador dissesse ´não sei o que fazer, eu não tenho o que fazer`, é como se lavasse as mãos, como Pôncio Pilatos, como se lavasse as mãos para deixar os inocentes morrerem".
César Borges também leu a nota da delegada Soraia Pinto Gomes, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado da Bahia, com pesadas críticas à condução da política de segurança pública baiana. Para o senador, "há um clima de comoção brutal na Bahia" e leu a nota "para melhor expressar a indignação dos baianos". De acordo com a delegada, "a morte de mais um colega... corrobora com a afirmativa de que estamos convivendo com um sistema de segurança pública que sangra na sua própria carne, expondo aqueles que, na linha de frente, tentam garantir o direito constitucional de prestar segurança à sociedade".
Para César Borges, "assim como Pôncio Pilatos, o governador entrará na história como aquele que lavou as mãos e não tomou a responsabilidade de manter a vida dos baianos". O senador acentuou o pronunciamento técnico da associação de delegados, por denunciar que "a população tem se tornado refém não só do crime organizado, mas, sobretudo, da desídia governamental e da incompetência generalizada que norteia a área de segurança pública". A delegada afirma ainda que "faltam diretrizes concretas, falta estrutura" e que “o modelo de segurança pública do estado já se demonstrou ineficaz".
O discurso de César Borges mereceu aparte do senador Romeu Tuma (PTB-SP), delegado aposentado, que também prestou solidariedade pela morte do colega baiano. Tuma disse que a tragédia baiana é um aviso para as outras polícias do país. "É um aviso para que os demais estados não permitam que o crime cresça e ultrapasse capacidade de reagir da própria polícia, por falta de estrutura e de competência dos governantes", afirmou. O senador ACM Júnior (DEM-BA) afirmou que a Bahia "está virando o principal ponto de violência do país" e que, "desse modo, ou o governo muda a segurança ou teremos que mudar pelo voto".