quarta-feira, 19 de maio de 2010
Getúlio "adverte" Marialvo; petista diz que vai apresentar provas contra ele
Está entornando o caldo da relação entre os vereadores Getúlio Barbosa e Marialvo Barreto, na Câmara de Feira de Santana. Algo que já era de se esperar, diante do testemunho de Marialvo, por ocasião da agressão sofrida pelo professor Germano Barreto, na quarta-feira passada.
Conforme amplamente divulgado neste site, Germano foi surpreendido quando se dirigia ao prédio anexo da Câmara, onde ficam os gabinetes dos vereadores, por um homem, ainda não identificado oficialmente – o professor deu o nome de um assessor do vereador Getúlio, como suposto autor do espancamento – sendo atacado a socos e ponta-pés em via pública.
Marialvo declarou, em depoimento à polícia, que ouviu Getúlio, pelo telefone, dar ordem a alguém para “meter a mão” em Germano. Desde então Getúlio passou a provocar e a fazer “advertências” a Marialvo.
Nesta segunda-feira, havia uma expectativa para a sessão da Câmara. Afinal, Germano compareceria ao lado dos professores, em greve e indignados com a proposta de reajuste salarial da ordem de 4,31% oferecidos pelo prefeito Tarcízio Pimenta à categoria, e estaria frente a frente com o vereador, acusado por ele de ser o “mandante” de seu espancamento.
Germano de fato compareceu, com centenas de professores. Getúlio estava lá, mas dessa vez não houve nada de anormal. Acirrada, mesmo, ficou a relação de Getúlio com Marialvo.
Mesmo sob sonora vaia do professorado presente, que lhe deu as costas, Getúlio subiu à Tribuna e discursou, mais uma vez acusando Germano de ter feito comentários “constrangedores” em relação à esposa do vereador.
“Eu tenho informações deque ele andou fazendo comentários com professores, em setores privados, na escola que minha esposa ensina; foi capaz de constrangê-la a ponto dela já sair duas vezes da sala de aula. Eu confesso que fiquei possesso e ia tirar sim satisfação com o professor Germano”. afirmou, sem entrar em detalhes sobre a natureza dos supostos comentários.
E acrescentou, em um tom que pode ser interpretado como de ameaça: “A questão pessoal entre eu e Germano nós poderemos resolver. Volto afirmar que quando eu o encontrar vou tirar satisfação porque ele mexeu com família. Família não se mexe”.
Em sua defesa à denúncia de que teria sido mandante da agressão, o vereador disse que em uma entrevista da diretora da APLB, Indiacira Boaventura, no programa de Dilton Coutinho, ela teria declarado que no movimento de greve haveria “pessoas infiltradas”. Ele quer dizer que outras pessoas, adversárias de Germano no sindicalismo, poderiam ter interesse em agredir o sindicalista.
Quanto a Marialvo, Getúlio informou que ofereceu seu celular ao petista, logo depois que sofreu a acusação de ser o mandante da agressão. Era para que ele realizasse o “trabalho investigativo” e tirasse conclusões.
“Todas as minhas listas telefônicas serão entregues quando eu for chamado na polícia. Vários vereadores presentes, que estavam juntos de mim, não ouviram a versão que o senhor conta”, disse Getúlio a Marialvo.
Ele disse que Marialvo vai ter que “confirmar e pagar pelo que diz que ouviu”. Nesse sentido, já acionou a Corregedoria da Câmara, para exigir as provas do petista. Getúlio pretende ingressar também com processo contra a professora Marleide Oliveira, que em entrevistas no dia da agressão o acusou de ser mandante do espancamento. “Ela vai responder na Justiça sobre as acusações que me foram dirigidas”.
O petardo mais potente do discurso Getúlio reservou mesmo para Marialvo, testemunha de acusação nas investigações policiais sobre o caso. Marialvo é professor da filha dele. “Eu espero que na sala de aula o senhor não constranja a minha filha, que é uma adolescente, pois se o senhor fizer isso, irá responder também por esse constrangimento”.
Marialvo reagiu prometendo provar o envolvimento de Getúlio na agressão a Germano: “Não faço perseguição a nenhum aluno. Sua filha é uma aluna excepcional. Pode ficar tranquilo, não tenho motivo para fazer qualquer discriminação à aluna. Entretanto, não vou mentir sobre o que eu vi e ouvi. Será minha palavra contra a de vossa excelência. Só que tem um detalhe: o nariz de Germano comprova os fatos”.
Disse ainda Marialvo: “já que vossa excelência abriu um inquérito contra minha pessoa, eu vou ser obrigado a pedir a cassação do seu mandato. Eu vou reunir todas as provas contra vossa excelência e apresentá-las na corregedoria da Casa”.