segunda-feira, 14 de junho de 2010
Cresce pressão por sanção aos 7,7% a aposentados
Às vésperas de vencer o prazo para decidir sobre o futuro do reajuste dos aposentados que ganham acima de um salário mínimo, aumentou a pressão política para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vete o texto aprovado pelo Congresso. Lula, no entanto, reiterou que só decidirá na terça-feira, depois de uma nova reunião com vários segmentos do governo. O problema é que o presidente e seus aliados estão encontrando dificuldades para explicar um eventual veto e evitar que os aposentados façam comparações entre o valor do salário mínimo, que foi beneficiado pela política de recuperação adotada pelo Planalto, e o que os inativos ganham em relação ao salário mínimo, que, comparativamente, está sendo reduzido.
Embora no final da semana passada o presidente Lula tenha sinalizado que vetaria o aumento aprovado pelo Congresso, porque gostaria de respeitar o acordo feito pelos líderes do governo, mantendo os 6,14% de reajuste proposto pela MP, que está em vigor desde janeiro, um auxiliar direto do presidente avisou que o presidente está "oscilando (entre vetar ou não os 7,72%) e a tendência é respeitar o acordo do Congresso, fazendo o veto". Mas avisou: "ele pode surpreender". Este mesmo auxiliar sinalizou ainda que, em caso de veto ao 7,72%, o presidente Lula assinará uma Medida Provisória que poderá chegar a 7%, valor que o governo chegou a aceitar.
Mas a equipe econômica resiste a conceder índices superiores aos 6,14% acertado com as centrais sindicais. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, fez questão de salientar que os 6,14% já estão assegurados no orçamento e advertiu que "não há nenhum compromisso" em dar 7% aos aposentados que ganham acima do mínimo, que o governo, anteriormente, quando as negociações estavam em curso no Congresso, havia concordado. "Houve uma negociação com as centrais sindicais de conceder inflação mais 2,06% de aumento real, chegando aos 6,14%. O resto foi leilão de índices, dentro de um campeonato de quem era mais bonzinho", desabafou Paulo Bernardo, insistindo que "ninguém pode falar que o governo está massacrando velhinho porque estamos cumprindo o acordo e fazendo concedendo reajuste acima da inflação".
O ministro do Planejamento reconhece que "é compreensível a comparação" que os aposentados fazem. Ele justificou que, com a política de recuperação adotada pelo governo, quem ganhava quatro mínimos, passa a ganhar 3,7 mínimos e se sente prejudicado, daí a reclamação. Ressalvou, no entanto, que todos estão tendo aumentos acima da inflação. Paulo Bernardo não entrou em detalhes, mas esta é uma das dificuldades que o governo está enfrentando para defender o veto aos 7,72%. Segundo Paulo Bernardo, caso o presidente vete os 7,72%, conforme ele prega, o governo não vai conceder abono, mas sim editar uma nova MP com o reajuste total. Ele acha, inclusive, que, não há problema algum que o valor seja os mesmos 6,14% que já estão no orçamento. "A MP é do ano passado. Não vejo motivos para não ser este mesmo reajuste", encerrou.