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A BIBLIA É A PALAVRA DO DEUS VIVO JEOVÁ.

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DISSE JEOVÁ DEUS: Pois Jeová falou: "Criei e eduquei filhos, Mas eles se revoltaram contra mim. O touro conhece bem o seu dono, E o jumento, a manjedoura do seu proprietário; Mas Israel não me conhece, Meu próprio povo não se comporta com entendimento.” Ai da nação pecadora, Povo carregado de erro, Descendência de malfeitores, filhos que se corromperam! Abandonaram a Jeová".Isaías 1:1-31

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Mimar demais os pets pode esconder problemas de relacionamento


O afeto por animais faz parte da vida da maioria das pessoas. Quem tem ou já teve um bichinho de estimação muito querido sabe o real valor dessa experiência. Não é à toa que o livro “Marley e Eu”, de John Grogan, emocionou milhares de pessoas e virou best-seller com direito a uma adaptação de sucesso para o cinema. Animais de estimação, por sua vez, também se mostram afetuosos – principalmente os cachorros, os preferidos. Em geral, os pets correspondem à atenção a eles dedicada. Podem ser brincalhões, divertidos, graciosos, gostosos de afagar e abraçar, fiéis, protetores... Todas essas características tornam animais de estimação um alvo fácil de atenção e diversão, encorajando pessoas a desenvolverem um vínculo afetivo com eles. “Gostar de animais é natural e remonta a nossa ancestralidade. Porém, como qualquer tipo de relacionamento, é legal enquanto for equilibrado”, comenta o psiquiatra Guido Boabaid May, de Santa Catarina.

Tratar pets como pessoas pode ser inadequado quando implica prejuízos às atividades do dono, aos seus relacionamentos familiares e sociais, ao seu lazer ou ao seu bolso. “Embora alguns pets ‘pareçam humanos’, como costumam dizer seus donos, eles não são. E as necessidades de humanos devem ter prioridade sobre a necessidade de seus pets”, destaca a psicóloga Ana Maria M. Serra, diretora-fundadora do Instituto de Terapia Cognitiva (ITC) e presidente-honorária da Associação Brasileira de Psicoterapia Cognitiva (ABPC). Ela argumenta, ainda, que sob a perspectiva dos animais tampouco é saudável tratá-los como humanos. “O animal, por mais ‘humano’ que possa parecer, tem necessidades próprias de liberdade, independência e atividade física. Ele necessita ter espaço para exercer os instintos com os quais foi naturalmente dotado, como farejar, vigiar, latir (no caso dos cães) e brincar com outros pets como forma de comunicação e de expressão emocional. Manter pets vestidos, perfumados, dentro de ambientes fechados e exigir deles um comportamento quase humano poderá prejudicar sua existência, seu desenvolvimento e sua saúde física e emocional”, salienta.

Julio Peres, psicólogo clínico e doutor em neurociências e comportamento pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), sustenta que a relação com um animal de estimação nunca será uma relação de igualdade como a que se pode estabelecer entre os seres humanos. “O dono exerce poder sobre o animal e está hierarquicamente acima dele. O animal, por sua vez, tende a absorver as regras que o dono, que o alimenta, impõe. O apego e o mimo demasiados podem prejudicar o animal e encobrir deficiências no relacionamento interpessoal dos donos, que poderiam tratar suas dificuldades entre os humanos, assim como com psicoterapia. O animal também sofre assumindo comportamentos neuróticos e ansiosos transmitidos pelo dono em sua relação patológica”, afirma.

Comportamento exagerado
1TosaUso excessivo dos serviços de grooming (tosa) pode prejudicar a saúde dos bichinhos;

2Roupas e acessóriosVestir os pets com roupas que tolhem sua liberdade podem causar lesões e afecções dermatológicas e de pelagem. Cosméticos, perfumes e banhos excessivos podem prejudicar o faro do animal;

3Pet shopVisitas frequentes aos pet shops podem representar um risco de contaminação

4DependênciaDependência em relação aos pets, em prejuízo de outras atividades de lazer;

5Isolamento socialPreferência pela companhia dos pets em detrimento das relações familiares e sociais, o que pode facilitar o isolamento social;
Exageros
Muitas pessoas acabam extrapolando nos cuidados e zelos. “Há pessoas que nunca colocam o animal no chão e os carregam no colo direto. Há pessoas que se alimentam com o animal em cima da mesa comendo até no mesmo prato, há pessoas que não fazem absolutamente nenhuma atividade social para não se desgrudarem do seu animal”, exemplifica Carla Alice Berl, diretora do Hospital Veterinário Pet Care, de São Paulo.

É o caso da universitária Sofia P. Valle, de 25 anos, que dorme ao lado de sua poodle, Lady Di, e até a deixa beliscar em seu prato. “Muita gente critica minhas manias, mas nem ligo. Adoro a minha cachorrinha e faço tudo por ela mesmo. Confesso que, às vezes, sou mais atenciosa com ela do que com gente da minha família”, diz. A empresária Vania Cristina Mendes, de 37 anos, já deixou de sair e até de viajar nos fins de semana com pena de deixar seus gatos com algum parente ou em um hotel especial. “Assumo que fico com saudade deles”, revela.

Para Carla Berl, quem tem esse tipo de atitude não poupa o bichinho da solidão, e sim o prejudica. “O animal fica mal acostumado, literalmente falando. Quando o dono nunca se ausentou e uma hora o faz, abre espaço para o surgimento de um problema chamado síndrome da ausência do dono. O animal toma várias atitudes psicóticas e sofre. O ideal é sempre deixá-lo um pouco sozinho. E conviver com outras pessoas faz bem a ele, que se acostuma naturalmente a estas condições”, explica.

Substituição perigosa
Todos desenvolvemos, desde muito cedo, crenças a respeito do quanto somos amados por outros, ou o quanto acreditamos que reunimos, ou não, os fatores que nos levam a ser amados por outros. “Em termos cognitivos, dizemos que todos desenvolvem o que chamamos de um esquema de estima, ou, em alguns casos, um esquema de não estima”, explica a psicóloga Ana Maria. “No caso de pessoas que chegam à adolescência ou à idade adulta com um esquema de não estima, ou seja, acreditando que não são amadas, estas podem se distanciar de tentativas de vinculação a outras pessoas e, como estratégia compensatória, supervalorizam a relação com animais. Há ainda pessoas que, com base em suposto déficit em habilidades sociais, podem considerar as relações afetivas ou sociais como exageradamente demandantes e ameaçadoras, e se sentirem vulneráveis frente a elas. Nesse caso, poderão evitar ou se esquivar de aproximações afetivas ou sociais com outras pessoas, e dedicar-se exageradamente aos seus animais”, completa a especialista.

Isso é comum principalmente nos centros urbanos, segundo o psicólogo da USP Julio Peres. A maior parte dos casos inclui mulheres que procuram substituir a não-maternidade ou um companheiro. O amor incondicional de um animal de estimação pode diminuir o sofrimento do abandono, do desamparo e do isolamento, especialmente em pessoas mais sensíveis que sofreram traumas ou decepções com relacionamentos afetivos. Contudo, mesmo aplacando a dor, o relacionamento com o animal não resolve o sofrimento ou o trauma sofrido pelo dono. “Por exemplo, uma senhora que vivia com cinco gatos e dois cachorros me procurou para psicoterapia por não conseguir se relacionar com as pessoas, generalizadas como ‘agentes ameaçadores’. Essa senhora se lembrou de que os castigos severos de seu padrasto deram início ao seu forte vínculo com os animais. Ao se libertar dos traumas de infância, os relacionamentos saudáveis com as pessoas passaram a ocorrer”, conta Julio.

Filhos x pets
Vale ressaltar que apesar de pets representarem uma companhia importante e um fator de equilíbrio para crianças, adultos e idosos (neste caso, ajudando até a prevenir doenças como o mal de Alzheimer e outras formas de demência), eles não podem nem devem substituir a companhia de pessoas. Também é comum, hoje em dia, ver casais jovens que preferem manter animais de estimação em casa (cachorros, na maior parte dos casos) a ter filhos. Uma justificativa normal é o fato de que as responsabilidades associadas à posse de um bichinho são muito menos numerosas e graves do que aquelas que envolvem a chegada e a criação de um filho. “Cada caso é um caso, mas, via de regra, um animalzinho jamais conseguirá substituir, de modo adequado, a vivência de ter um filho”, alerta o psiquiatra Guido Boabaid May, de Santa Catarina.

Necessidades fundamentais
1Afeto e atenção
2Cuidados simplificados e contato com seu dono
3Alimentação adequada e procedimentos de higiene constantes
4Visitas ao veterinário e vacinação periódica
5Espaço adequado às necessidades físicas e emocionais
O tema divide opiniões. Carla Alice Berl, do Hospital Veterinário Pet Care, considera a decisão “normal, pois filho, hoje em dia, acarreta uma série de compromissos como tempo, dinheiro e perda da liberdade. O animal faz bem este papel e é mais flexível.” “Por outro lado, a tentativa de transformar o animal num bebê pode encobrir receios quanto à capacidade de criar, educar e se relacionar com uma criança, que se diferencia demasiadamente e nunca será substituída pela relação com um animal de estimação”, pondera Julio Peres.

Essa tentativa de transformar pets em crianças explica, em parte, o fato de que o mercado de produtos para pets não para de crescer e de inventar novidades: máscaras para cílios e perfumes para cães e gatos, calmantes, florais de Bach, acessórios fashion, homeopatia, acupuntura etc. Esse boom de artigos pet é tendência no Brasil e nos Estados Unidos e menos comum na Europa, onde o direito dos animais é amplamente difundido. O exagero na procura de tratamentos, para atender a necessidades questionáveis e na compra de objetos dispensáveis reflete, também, a tendência consumista de nossa cultura. “Isso pode envolver também a dedicação exagerada aos pets que, entre outros fatores, sugere a satisfação de uma carência afetiva por donos que não se sentem amados ou valorizados por outras pessoas”, reforça Ana Maria.