O Brasil é um estado laico e, como tal, as igrejas não deveriam se imiscuir nas questões inerentes ao governo e à política, utilizando-os para defender alguns pontos de vista dos religiosos, como aborto, relacionamento afetivo e união entre homossexuais, e a questão do aborto, entre outros (ler nota abaixo) utilizando como força de pressão os seus milhões de fiéis. As igrejas, católicas e protestantes, estão a se transformar, assim, em cabos eleitorais e partidários, quando não é essa a missão delas. Política é, por todos os motivos, um assunto mundano e não religioso. As igrejas, no entanto, estão organizando debates com os presidenciáveis e, naturalmente, a partir das exposições e proposta dos candidatos, poderão, ou não, indicar candidatos. As pentecostais, como a Universal do Reino de Deus, praticamente é um partido. Tem bancada na Câmara dos Deputados e nas Assembléias Legislativas das unidades federativas. É certo que, de há muito, a igreja católica se imiscui nos assuntos da política, e uma eleição na Bahia pode ter sido decidida sob a sua influência - a disputa entre Waldir Pires e Lomanto Júnior. Houve a intromissão do então poderoso cardeal D. Augusto, Cardeal da Silva. Também interferiu numa disputa presidencial, ao receber o então candidato Jânio Quadros que, contam os que estavavam presente, muito mentiu para agradá-lo. A tal ponto que, na noite anterior à visita, Jânio decorou inteiro um poema do religioso, se não me engano com o título "Veludo", que começava assim: "Tinha um cão, chamava-se Veludo..."e por aí ia. Quadros queria demonstrar ao Cardeal que conhecia a sua obra e, com isso, impressioná-lo. Se conseguiu, não sei, mas ele, da UDN, ganhou na Bahia. Esses debates de candidatos são tortos e pecaminosos. As igrejas têm as suas funções, como "salvadora de almas", mas não podem envolver-se na política, no Estado com o "seu rebanho". O Estado é laico justamente para permitir a multiplicidade de cultos e separar o que é da política e o que é de Deus.
(Samuel Celestino)