quinta-feira, 15 de julho de 2010
Juiz assassinado por PM registrou 2 brigas no trânsito em delegacias
O juiz Carlos Alessandro Pitágoras, morto pelo soldado PM Daniel Santos Soares no sábado passado, supostamente após uma discussão enquanto os dois dirigiam seus veículos, já tinha se envolvido em duas brigas no trânsito. Em dois boletins de ocorrência policial registrados anteriormente pelo magistrado, ele relatou que chegou a ser agredido fisicamente e verbalmente durante as discussões.
Os boletins estão registrados na 6ª CP (Delegacia de Brotas) e na 7ª CP (Rio Vermelho), nos anos de 2005 e 2000, respectivamente. Carlos Alessandro ainda lavrou uma outra ocorrência denunciando que seu veículo foi danificado por um estranho quando estava estacionado na região do Iguatemi. Nos três casos, Carlos Alessandro informou à polícia que fora vítima.
Amigo do juiz, o advogado Carlos Eduardo Gramacho, que acompanha a investigação do assassinato, disse que os boletins de ocorrência registrados pelo juiz demonstram que ele não era uma pessoa agressiva. “O fato de Carlos Alessandro ter procurado a polícia para resolver uma discussão de trânsito só demonstra que ele acreditava nos meios legais para solucionar brigas, em vez de agir agressivamente, como está sendo acusado pelo soldado”, argumentou Gramacho.
A tia do magistrado, Tâmara Veloso Pitágoras, disse que Carlos Alessandro nunca foi uma pessoa agressiva. “Ele era uma pessoa muito tranquilo, pacífica. Tinha uma conduta como pessoa, como ser humano, como sobrinho e pai maravilhoso. Não sei dizer o que ocorreu na noite em que ele foi morto, porque eu não vi. Mas posso dizer que ele era uma pessoa tranquila e que tinha uma conduta maravilhosa como ser humano”, acrescentou Tâmara.
A prima de Carlos Alessandro, Denise Pitágoras, contou que, pelo que sabe, o juiz nunca puxaria uma arma para outra pessoa. “Ele poderia até discutir com alguém, mas, pelo que soube, ele nem costumava portar arma no interior, onde trabalhava”, argumentou. Denise disse, ainda, que o juiz era uma pessoa dinâmica e querida pelos colegas de trabalho. As duas parentes de Carlos Alessandro disseram que acreditam que o crime vai ser elucidado.
O último boletim registrado por Carlos Alessandro foi em 19 de julho de 2005, quando ainda não era juiz. Segundo o registro, ele atuava como advogado, quando discutiu com um passageiro de outro veículo por causa de uma vaga no estacionamento do 2ª Juizado Especial Civil (Brotas), onde chegava para uma audiência.
Cerca de cinco anos antes, no dia 6 de dezembro de 2000, Carlos já tinha se envolvido numa briga de trânsito que acabou em agressão física. O então advogado relatou na 7ª CP (Rio Vermelho) que entrava num estacionamento, na região do Iguatemi, quando um homem desceu de um VW Santana e tentou abrir a porta do veículo dele.