domingo, 22 de agosto de 2010
Prováveis primeiras-damas do estado contam como conciliar vida íntima e pública
O desafio é deles, mas se tornou delas também. As quatro possíveis primeiras-damas do estado possuem personalidades e histórias de vida diferentes, mas têm em comum a decisão de não ser apenas mais um acessório do Palácio de Ondina. Fazendo a parte delas nas campanhas políticas, Fátima, Isabel, Alessandra e Rose afirmam que dão pitacos nas decisões dos maridos candidatos.
Engajada, Alessandra Vieira Lima é a presidente do comitê feminino do PMDB baiano. A esposa de Geddel Vieira Lima conta que “nos momentos íntimos, na cama, nas horas de carinho, a mulher sempre interfere nas decisões do marido. Acabou aquela história de mulher submissa. A mentalidade já é outra”. Sua concorrente, Isabel Souto, completa: “A mulher tem que ser mediadora, centrada e com opinião própria”. Esposa do ex-governador Paulo Souto (DEM), Isabel já tem na bagagem a experiência de quatro anos à frente das Voluntárias Sociais, principal responsabilidade das primeiras-
damas baianas.
“Às vezes ele não gosta, mas eu dou minha opinião mesmo assim”, conta a atual primeira-dama do estado, Fátima Mendonça, casada com o atual governador Jaques Wagner, que disputa a reeleição. Sobre a posição que ocupa, ela só se queixa de não poder “badalar” muito com o marido. “O assédio é muito grande, onde a gente vai todo mundo reconhece ele. Não posso relaxar e me divertir”, desabafa. A solução é ficar assistindo filmes em uma das belas salas do Palácio de Ondina, onde mora desde 2006, quando Wagner foi eleito.
Quatro prováveis primeiras-damas do estado detalham o que pensam do posto e dizem que, em momentos de intimidade do casal, elas são as únicas capazes de interferir em decisões importantes sobre política e administração. Primeiras da fila Alessandra e Geddel também não costumam sair muito. “Preferimos receber amigos em casa. Geddel cozinha divinamente bem”, revela, admitindo que, apesar de adorar o carneiro que ele faz, não tem os mesmos dotes culinários do marido: “Ele cozinha melhor. Eu prefiro arrumação”. A falta de tempo para a família, por conta de compromissos políticos, é uma das queixas da aspirante a primeira-dama, que reclama da ausência do peemedebista em datas importantes. “Apesar disso, hoje gosto de política, não tem como fugir”, conforma-se.
NA ATIVIDADE
Sem nenhum ressentimento com a política, Rose Bassuma, esposa do candidato do PV, Luís Bassuma, não se limitou a apoiar o marido. Rose já disputou eleição e este ano se candidatou a deputada federal pelo PV. “Não foi ele quem me lançou na política”, destaca. A pedagoga e artista plástica levanta a bandeira das lutas femininas em sua campanha, além de apoiar uma maior participação das mulheres na Câmara. Mas se dependesse de mulheres como uma de suas oponentes, Fátima, a missão de Rose de feminilizar a Câmara dos Deputados teria que ser abortada. A esposa de Wagner quer distância da possibilidade de algum dia se candidatar a algum cargo público.
FORA DAS URNAS
Enfermeira por formação, Fátima diz amar a profissão, que ainda exerce, apesar de ser mulher do governador. “Não tenho o menor tesão em me lançar candidata. Se fosse, não ia dar certo, porque não iria receber ordem de ninguém”, assegura. No entanto, a atual primeira-dama nunca abriu mão de ajudar Jaques Wagner nos bastidores, desde que o conheceu, em 1990, em um bar do Rio Vermelho. “Ele era candidato a deputado federal e eu o ajudei na campanha. Quando foi eleito, em 1991, mandei fazer as camisas da posse”, relembra.
Histórias de amor e família
“Ele se apaixonou à primeira vista, eu não”, gaba-se Rose Bassuma, ao contar como conheceu o marido. Vindo de Cutitiba (PR), o candidato havia chegado ao Extremo-Sul depois de aprovado em um concurso da Petrobras. “Nos conhecemos e ele queria casar, mas não tinha residência fixa e eu não quis. Não havia tido boas experiências com relacionamentos a distância”, conta a baiana de Caravelas (a 865 km de Salvador).
Casada há 30 anos, ela tem três filhos com Luiz Bassuma. “Ia parar no segundo, mas eles brigavam muito e resolvi ter o terceiro pra ver se equilibrava”, conta, revelando que, ao contrário, a situação só piorou depois que Vinícius nasceu, por causa dos ciúmes em relação ao caçula.
A justificativa de Alessandra para a terceira gravidez foi mais tradicional: “A gente tinha duas filhas e Geddel queria muito ter um filho homem”, revelou. E por pouco o casal Vieira Lima não teve que tentar uma quarta vez. “O médico errou e disse que era menina. Só soubemos que era homem com quatro meses de gravidez e o enxoval todo comprado”, diverte-se Alessandra. Ela conta que foi difícil para as duas filhas mais velhas do casal aceitar a mudança: “Na cabeça delas, a irmãzinha já existia. Como explicar que, em vez de Geovana, viria Geddelzinho?”, indaga.
Também com três filhos, ter herdeiros homens não foi problema para a família Souto. Mãe de Fábio, Rodrigo e Victor, Isabel, que conheceu Paulo Souto ainda na época de estudante, não tem nenhuma filha. Por esse motivo, considera como tais as três noras: Isabela, Janana e Camila. “Elas são as filhas que Deus me deu”, derrete-se a discreta ex-primeira-dama. Avó de cinco netos, ela atribui o aumento da família à água do Palácio de Ondina, onde residiu até 2006.
“Dona Isabel me disse que a água daqui era boa para engravidar, e é mesmo. Foi só a gente se mudar para cá que Júlia foi encomendada”, brinca Fátima, referindo-se ao nascimento da primeira neta de Wagner, Júlia, de 1 ano e 7 meses. A menina não é sua neta biológica, pois Fátima não tem filhos com o governador (ambos têm filhos de outros casamentos), mas é a grande paixão da primeira-dama, a quem Júlia chama de “Vavá”. “Ensinei ‘Fafá’, mas ela não acertou. Toda vez que ela me vê, me chama para ver o ‘caco’”, brinca, explicando que “cacos” são os macacos que vivem no jardim da residência oficial do governador.