No primeiro comício ao lado de Dilma Rousseff (PT) depois do primeiro turno das eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que a eleição não está definida em favor da petista. Ao conclamar a militância para sair às ruas em busca de votos para Dilma, Lula disse que chegou o momento de o Brasil eleger uma mulher que é "muito mais competente" que seu adversário, o tucano José Serra (PSDB).
"Uma pergunta que vocês precisam fazer a vocês mesmos: que diabo esse Lula, com tanto macho perto dele, macho que cerca ele a vida inteira, foi escolher uma mulher para ser presidente da República? Eu poderia ter escolhido um deputado, um senador, um governador, não poderia? Por que fui escolher a Dilma? Hoje estou convencido que a minha decisão foi certa."
Lula disse que Dilma tem qualidades que, para outras pessoas, são defeitos --como trabalhar 18 horas por dia. Na opinião do presidente, chegou a hora do Brasil eleger uma mulher.
O presidente lembrou que, no primeiro turno, 67% dos brasileiros votaram em Dilma ou Marina Silva (PV) - numa sinalização de que desejam uma mulher presidente da República. "Se a lógica prevalecer que a maioria do povo quer votar numa mulher, quem é o adversário dela agora? Tem mulher disputando com ela? Não. Agora é ela e o nosso adversário. Ela é a representação maior que as mulheres já tiveram na política brasileira."
O presidente disse que Dilma vai ser a "redenção" das mulheres no Brasil e pediu que os homens deixem o "machismo" de lado para escolhê-la presidente. "Vamos olhar para nossa companheira mulher e não vamos dizer que a gente gosta dela porque ela vai lavar a panela. A gente vai dizer que gosta dela e vai lavar a panela para ela. A gente vai ser menos autoritário e mais companheiro, parceiro."
Numa comparação com o campeonato brasileiro de futebol, Lula disse que a militância tem que sair às ruas para pedir voto em Dilma. "A gente não pode achar que tem eleição ganha antes do dia da eleição. Não pode achar que podemos ficar em casa, guardar nossa bandeira. Na medida que a gente começa a contar vitória antes do tempo, acontece o que aconteceu com o Corinthians e o Fluminense. Não vou nem falar do Flamengo, que está lá atrás. O Coringão perdeu oito pontos em uma semana."
Ao criticar Serra, Lula disse que a petista não vai permitir que o Brasil volte a fazer dívida com o FMI (Fundo Monetário Internacional). "Essa companheira não vai permitir que o Brasil volte a ser dependente, menor."
O presidente afirmou que, durante a campanha no segundo turno, Dilma vai ter a oportunidade de discutir suas propostas "olho no olho" de seu adversário. "Eu fico pensando: só pode ser o dedo de alguém lá de cima [o segundo turno]. Porque é importante o segundo turno? Porque a Dilma pode provar, e o Agnelo [Queiroz] pode provar sem ofensas aos adversários, mas não tem mais dez candidatos, é olho no olho, dizendo as coisas que têm que dizer."
