A eleição para a presidência da Câmara Municipal de Feira de Santana, com seu orçamento de mais de R$ 600 mil por mês, ganhou nesta segunda-feira um novo capítulo. O presidente da Casa, Carlito do Peixe, anunciou aquilo que, nos bastidores, todos já sabiam. Vai apoiar o seu colega de Mesa Diretora, o 1º secretário Ribeiro, para presidente.
O bem avaliado Carlito do Peixe chegou à Câmara e já encontrou Ribeiro por lá. Ambos são veteranos na Casa. Ribeiro, com um mandato a mais, se não me engano. A declaração pública de Carlito pode ter um significado além do seu apoio puro e simples. Pode ser um sinal de que o prefeito Tarcízio Pimenta também está com Ribeiro.
É o mais provável. Primeiro, porque Carlito, cauteloso do jeito que é, não se arvoraria de anunciar o apoio a um candidato que não contasse com o aval do prefeito. Segundo, porque há algum tempo se especula, na Câmara, que Ribeiro seria o candidato de Tarcízio.
Ninguém vai conseguir confirmar isto com um depoimento pessoal do prefeito. Tarcízio,como outros que passaram pelo Paço Municipal, não deve abrir mão de eleger o presidente da Câmara. Não deve propagar aos quatro ventos quem é seu candidato. Ele não iria se expor. Para os que analisam política – e também os próprios vereadores – , porém, não se consegue guardar este segredo. Nenhum prefeito, em tempo algum, conseguiu impedir que a imprensa e a vereança descobrissem quem era seu candidato.
No caso da sucessão atual, sabe-se que Ribeiro é o nome do Executivo. O que define, a essa altura, um confronto – certamente que civilizado, em alto nível – entre Tarcízio e o deputado estadual Fernando Torres, que prefere, e luta por isto, a eleição do jovem Ronny.
A postura mais firme da campanha de Ribeiro pode diminuir o ímpeto da candidatura da vereadora Eremita, lançada recentemente. De todos os nomes postos na mesa, o dela parece ser o menos cotado. Não tem um aliado forte para lhe dar cobertura e, pelo que se sabe, nenhum colega a hipotecar-lhe solidariedade.
Ribeiro parece ter mudado de tese em relação a sua candidatura. Semanas passadas, ele dizia em entrevistas que somente seria candidato se seu nome fosse de consenso. Esse negócio de consenso em eleição na Câmara é utopia. E não faz bem para a democracia. Bom mesmo é haver disputa, cada candidato com sua proposta. Vai ter que ir à luta, se quiser ter maioria dos votos.
Ele tem evitado entrevistas. Deve ter aprendido com Zé Ronaldo que, em alguns momentos, o político deve manter distância dos holofotes e microfones. Sabe que, em campanha para a presidência da Câmara, todo o cuidado é pouco com o jogo de palavras. Um comentário ou uma declaração infeliz pode complicar tudo.
Foi o que aconteceu com o jovem vereador Tom. Uma das lideranças mais fortes da nova legislatura, o líder do Governo na Câmara disse, ao “Folha do Estado”, que teria ouvido “burburinhos” de que estaria correndo “mala preta” na campanha. Seu nome, que era bem cotado até então, perdeu força. Não é carta fora do baralho, mas sua candidatura foi abalada.
Carlito disse que optou por Ribeiro até por lhe fazer uma homenagem. “É um vereador que, ao longo de 20 anos nesta Casa, tem sido respeitado por todos e faz um trabalho de muita lisura”, justificou. David Neto, Roque Pereira, Zé Curuca e José de Arimatéia o cumprimentaram pela escolha. Bom sinal para Ribeiro.
