O prefeito Tarcízio Pimenta está atuando, nos bastidores, pela eleição do vereador Ribeiro à presidência da Câmara Municipal. Na última segunda-feira, ele esteve com o deputado federal Colbert Filho, do PMDB, para pedir-lhe o apoio do vereador Frei Cal ao seu candidato na sucessão do presidente Carlito do Peixe.
O fato político acaba com qualquer dúvida quanto ao esforço do prefeito para fazer o presidente da Câmara. Tarcízio vai, sim, partir pra guerra. E enfrentará um aliado seu, o deputado Fernando Torres, que usa o seu prestígio para tentar eleger o jovem vereador Ronny para o posto mais importante do Legislativo. Fernando já disse que conta com oito ou nove votos certos para seu pupilo. O prefeito, pelo visto, vai ter que atuar. "Vamos trabalhar, vamos avançar", diria ele, usando de seu já conhecido bordão.
Frei Cal é o único vereador peemedebista na Câmara. Pedido feito, pedido aceito. O deputado conversou com o correligionário, que acatou a indicação. Segundo Colbert, o vereador declarou o voto a Ribeiro, em conversa pessoal.
Questionado se o voto do vereador peemedebista ao democrata Ribeiro acontecerá em razão do pedido do prefeito, Colbert diz que, na verdade, Frei Cal teria a decisão final. “É uma eleição entre os vereadores. Eles devem decidir em quem votar. Podemos fazer uma sugestão, mas jamais impor. Nesse caso, Frei Cal foi quem decidiu votar em Ribeiro”.
Política é sutileza. Colbert não quer admitir que está atendendo a um pleito político de Tarcízio, pois sabe que, se o fizer, estará dando margem a conjecturas as mais diversas sobre o fato. Se ele diz que o PMDB vota no candidato governista devido a um entendimento com o prefeito, poderá se dizer adiante que este seria um primeiro capítulo da propalada aliança entre Colbert e Tarcízio, rumo a 2012, quando teremos eleição municipal.
Colbert pode dizer que Frei Cal é quem tem a decisão e que sua escolha não é feita sob a influência da vontade de Tarcízio. Mas nós, analistas políticos, podemos especular. Não é comum um vereador de oposição decidir tão prematuramente assim a escolha do candidato a presidente da Câmara. Não é da tradição política, aliás, nem mesmo o prefeito assediar oposicionista em busca de voto para o seu preferido.
Um oposicionista pode aguardar os momentos finais da campanha, para escolher um nome. A opção declarada de Frei Cal, aliás, vai na contramão do que o bloco do qual faz parte – ao lado de Marialvo, Angelo Almeida e Roberto Tourinho – articula.
A oposição vinha tentando se unir para escolher um candidato que se comprometa com uma vaga do grupo na Mesa Diretora. Frei Cal precipita a sua decisão sem ter garantia alguma de Ribeiro. Ou essa garantia já existe e nós outros – seus colegas de bancada, inclusive – é que não sabemos?
É claro que a relação de Tarcízio com a oposição na Câmara é diferenciada, entre Frei Cal, Tourinho, Angelo e Marialvo. Esses últimos três jamais serão procurados, nem suas lideranças maiores, pelo prefeito, para um entendimento em torno da eleição de presidente da Casa.
Alguns questionam: seria esse o avant premiere de um entendimento maior que estaria por vir entre Tarcízio e Colbert? Bem, eu diria, vamos com calma. Aguardemos pelos próximos capítulos.
FOTO:Valdomiro silva-jornalista-Tribuna feirense
