Há pouco, os leitores que freqüentam regularmente este site devem ter lido, no meu blog, um texto sobre a lamentável atitude dos professores, de certo orientados pelos dirigentes da entidade de classe, APLB, ao dar as costas ao secretário de Educação, José Raimundo, enquanto ele discursava na audiência pública que tratava da crise na rede municipal de ensino. Agora, tenho a comentar um outro episódio para ser esquecido, depois das necessárias reflexões.
Nessa nova história o professor José Raimundo, que no escrito anterior era vítima, aparece como vilão. Separo os fatos propositalmente, em dois textos, para que se tenha uma noção exata da gravidade de cada episódio e possa provocar análises separadas pelo leitor, até porque um caso nada tem de relação com o outro.
Esta semana, o secretário de Educação teve que conceder várias entrevistas para justificar um sério problema de desabastecimento da merenda escolar, enfrentada em vários estabelecimentos de ensino da rede municipal. Programas de rádio e sítios jornalísticos na Internet trataram do tema muito bem, mas talvez pela força das imagens, uma reportagem da TV Subaé foi o que mais chocou – sim, chocou, pois o que aconteceu foi, realmente, de impressionar.
O programa jornalístico do canal 10 mostrou, como despensa e panelas estavam vazias, em três escolas da Prefeitura – uma delas o Ginásio Joselito Amorim, de grande porte. Dirigentes das unidades de ensino atestavam a irregularidade na distribuição da merenda. No Joselito Amorim, ficou evidenciado que a quantidade de alimentos que chega ao local só é suficiente para sete dias de refeições e normalmente, depois desse período, os alunos ficam com fome.
Pois bem. Inacreditavelmente, depois de exibidas as falas e imagens pela tevê, eis que surge o secretário afirmando que a distribuição da merenda escolar se encontra funcionando normalmente. Se o secretário foi procurado pela reportagem, é claro que algo lhe foi relatado sobre a falta de alimento nas escolas, constatada pelos jornalistas.
O incrível é como diante de uma situação de tamanha gravidade, comprovada pela imprensa, o secretário se põe a afirmar que a merenda está sendo distribuída com regularidade. O que há com José Raimundo? Perdeu a noção? Nunca foi de seu estilo tripudiar com a inteligência do povo. Mais cuidado com o zelo ao bom currículo, professor.
Até aqui, o governo municipal não consegue esclarecer, convincentemente, o que está acontecendo com a merenda escolar. Há algo errado. O diagnóstico inicial é que o problema é com a Prefeitura. Sendo dela a responsabilidade, ou não está comprando a quantidade necessária de alimentos ou é incompetência de sua logística de distribuição. De outro lado, se a culpa for do Governo Federal, a única causa razoável seria atraso de repasse para compra dos produtos.
Como a Secretaria de Educação, até aqui, nada disse de concreto a esse respeito – salvo a declaração de José Raimundo na imprensa, que não pode ser levada a sério -, o ônus fica com o governo. O prefeito Tarcízio Pimenta já passou da hora de intervir. Afinal, o desgaste, que não é coisa pouca, pesa sobre os seus ombros a essa altura já com alguns fardos a carregar.
fonte:tribunafeirense.com.br - JORNALISTA VALDOMIRO SILVA(FOTO)
