Uma aposentada de 61 anos de Belo Horizonte recebeu neste domingo (8) um buquê de flores e uma caixa com um artefato similar a uma bomba de fabricação caseira. Segundo o filho da mulher, o artefato só não foi detonado porque a mãe teria aberto o pacote pelo lado contrário, não ativando o mecanismo de detonação.
O capoteiro Alexandro Freitas Reis, 43, disse que a mãe, Nilda Freitas de Andrade, preparava o almoço em comemoração ao Dia das Mães quando um mensageiro entregou o “presente” ao padrasto dele, que recebeu o material destinado à aposentada.
“O rapaz chamou-o e disse que era um presente para a minha mãe. O meu padrasto não desconfiou porque achou que o embrulho havia sido mandado por um dos filhos. Quando a minha mãe abriu, viu que era uma bomba caseira”, disse Reis
"A sorte foi que ela abriu a caixa do lado contrário, acho que porque é canhota”, disse o filho. De acordo com ele, foram encontrados prego, pilhas, parafusos, pedaços de vidro e bombas denominadas “garrafão”.
A Polícia Militar foi acionada, e homens do esquadrão antibombas do Gate (Grupo de Operações Táticas Especiais) foram até o local e desmantelaram o artefato. “Eles ficaram aqui mais de duas horas e desarmaram os fios que estavam dentro da caixa”, revelou o capoteiro.
Conforme o boletim de ocorrência, os policiais do esquadrão determinaram que o material era próprio de uma bomba caseira “rudimentar”, mas “capaz de causar danos à saúde de alguém”.
Segundo Reis, a mãe ficou muito nervosa porque os filhos iriam participar do almoço. “Ela está até mais tranquila, mas por conta de calmantes que toma”, disse. O filho afirmou que o padrasto não soube precisar em que carro o mensageiro chegou ao local.
Represália
O homem disse que não é a primeira vez que sua mãe passa por sustos desse tipo. Segundo Reis, ela vem sofrendo ameaças por conta de denúncia que um dos filhos teria feito contra tentativa de extorsão feita por policiais à corregedoria da Polícia Militar.
Conforme ele, o fato ocorreu há 15 anos, e os agentes teriam sido afastados das funções. “Eles tentam atingir o meu irmão através da minha mãe”, explicou.
“Há cinco anos, ela recebeu carta ameaçadora contendo uma bala [de revólver] 38. A carta dizia que a bala era para acertar a cabeça dela”, relembra. Para ele, o receio da família é que as ameaças não cessem. “Justiça nesse país nosso você sabe como é, né?”
A reportagem do UOL Notícias tentou entrar em contato com a delegada que cuidará do caso, mas ela não foi localizada.
De acordo com a assessoria da Polícia Civil de Minas Gerais, a aposentada será ouvida em inquérito aberto para investigar o caso, quando a delegada deverá colher relatos referentes às supostas ameaças anteriores e sobre a tentativa de extorsão que teria sido feita pelos policiais.
As características físicas do mensageiro que entregou o embrulho também deverão ser detalhadas. O artefato será encaminhado ao IC (Instituto de Criminalística) da corporação, segundo a assessoria.
