A atitude dos professores da rede municipal, que deram as costas para o secretário José Raimundo enquanto este discursava na Câmara, foi um dos assuntos mais comentados, nos últimos dias, pelos leitores deste site. Na reação de duas leitoras, duas formas diferentes de defender seu ponto de vista e discordar. A reação polêmica dos professores ocorreu em uma audiência pública para debater sobre as deficiências da política de governo no setor.
Uma das leitoras, que prefiro não identificar, ficou indignada com a minha opinião e escreveu algumas “gentilezas”. Pelo que entendi, ela quis protestar contra o meu ponto de vista, de que o gesto de dar as costas ao secretário foi antidemocrático. E também queria apoiar a atitude da categoria. Ela tentou transmitir estes pensamentos, mas seu ódio não permitiu. Escrever é um ato nobre, requer reflexão, bom senso e respeito. Ou não se atinge objetivo algum. Ofensas e xingamentos só reduzem o nível do debate e expõe a fragilidade argumentativa. De toda sorte, respeito a intenção de sua análise e apenas não a publico para não estimular a agressividade.
A leitora Daniela Sacramento comenta o mesmo tema, mas em um outro nível. Também discorda de minha opinião, reforçando a defesa de que os professores agiram bem diante do secretário. Pelo conteúdo inteligente, provocador, em um protesto vigoroso, me atrevo a dar título ao texto e considerá-lo artigo.
DAR AS COSTAS PARECE SER UM GESTO MAIS LEVE QUE RASGAR UM ACORDO
“Democracia? Qual democracia? De um acordo que foi quebrado? Ou de um Secretário que tripudia dos professores, dizendo em diversas reuniões de diretores que eles não sabem de nada? Pergunte aos diretores como é o comportamento deste senhor. Ou ainda, a democracia que nos reparte as migalhas?
A atitude dos professores foi um verdadeiro exemplo de que essa cidadania ‘maqueada’ tem limites. A falta de merenda nas escolas, a infra-estrutra em péssimas condições e um Plano de Cargos e Salários tão velho quanto o pensamento sobre a educação deste homem, é um grande exemplo de que o que os professores fizeram ainda é pouco.
A atitude dos professores somente reforça o descaso deste governo (representado na figura do Secretário) com a merenda, infra-estrutura, plano de cargos e salários e piso salarial. Dar as costas parece ser mais leve do que rasgar um acordo feito perante a sociedade em que o governo se comprometeria a implantar o Plano de Cargos e Salários e o piso.
Diante disso, pergunto: Esta é a sociedade democrática que queremos? Espero que você possa fazer uma investigação séria sobre a educação em Feira de Santana. Vai perceber porque que os professores reagiram daquela forma”.
