Depois de farta especulação, em que se falou no PSD e PR, o prefeito Tarcízio Pimenta deve mesmo migrar do partido pelo qual se elegeu prefeito, o DEM, para o PDT. O convite, segundo ele, partiu do ministro do Trabalho, Carlos Luppi, um dos dirigentes nacionais do partido. Em Feira de Santana, a grande expectativa é quanto ao pronunciamento do senador João Durval Carneiro, cacique do partido na cidade.
Há duas notícias sobre a reação de Durval quanto ao possível ingresso de Tarcízio no PDT. A primeira, relatada pelo próprio ministro ao prefeito, foi que o senador não teria feito restrições. A segunda, anunciada pelo dirigente da Comissão Provisória pedetista, o 2º suplente do senador, Zé Chico, é que “Doutor João”, como é chamado pelos amigos, “pensou bem” e resolveu não chancelar o ingresso de Tarcízio.
Uma fonte ligada a João Durval informou ao Tribuna Feirense que ele se encontra em recuperação de um problema de saúde e que somente vai falar à imprensa na próxima quarta-feira. O “ok” do senador seria a única pendência para que Tarcízio possa anunciar que se filiará ao PDT para buscar a reeleição no ano que vem. Esta mesma fonte afirmou que o senador “não tem nada contra” Tarcízio, mas que deverá ouvir as bases no município.
O PDT tem dois vereadores em Feira, José Carneiro Rocha e Gerusa Sampaio, ambos da bancada de Tarcízio. Obviamente que vão se manifestar em favor de recepcionar o prefeito. O presidente da comissão provisória do partido, Zé Chico, em entrevista ao “Acorda Cidade”, não fez qualquer restrição ao acesso do prefeito. Apenas mostrou-se magoado por considerar que Tarcízio buscou o ingresso no PDT em contatos com lideranças nacionais e estaduais, sem consultar a direção local.
No entanto, essa queixa parece não ter sustentação. Afinal, o prefeito disse que foi convidado a ir ao gabinete do ministro Carlos Luppi e partiu deste a proposta de filiação ao PDT. “Não quero atropelar ninguém, nem prejudicar a quem quer que seja. Tenho grande apreço pelo senador João Durval e preciso do seu aval para um ingresso tranqüilo no PDT”, disse Tarcízio, que deve manter contato com JD e também com Zé Chico.
Não apenas o ministro Luppi deu sinal verde a Tarcízio. Jaques Wagner (no estado, o PDT é dos partidos da base de sustentação do governador), o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nilo, cacique pedetista, e o presidente do partido na Bahia, Alexandre Brust, também deram o seu aval para o ingresso do prefeito.
Embora não tenham conversado pessoalmente, Wagner e Tarcízio já se entenderam. O governador mandou o recado: no primeiro turno, o palanque dele será o do deputado Zé Neto. O prefeito disse ao Tribuna Feirense que acha natural a vontade de Wagner. “Estranho seria se ele decidisse diferente”, disse ele, acatando a preferência do governador e mostrando disposição de ser o segundo candidato de Wagner um adversário ‘light’ de Neto no turno inicial – ambos obviamente unidos contra José Ronaldo.
O senador não deve ter um argumento suficientemente forte para convencer Wagner, Luppi, Marcelo Nilo e Brust de que não é positivo para o PDT a filiação do prefeito da maior cidade do interior da Bahia. É uma rara oportunidade de o partido estar no poder local.
Alguns defendem que as denúncias da oposição contra o prefeito seriam um motivo. Mas essas denúncias ainda não causaram um estrago de imagem a ponto de Tarcízio passar a ser rejeitado pela legenda. No futuro, tudo pode acontecer, inclusive nada, como diria o filósofo.
Alguns analistas cogitam ainda alguma influência do deputado Sérgio Carneiro, do PT, para que o pai dele não aceite a filiação de Tarcízio. Porque diabos Sérgio faria esse tipo de campanha? A disputa de Sérgio, se é que ela ainda existe, é em outro campo. Não parece haver sentido nisso. Ainda mais agora que Wagner já anunciou que o candidato dele a prefeito é o deputado Zé Neto.
Assim, tão logo o senador João Durval anuncie não ter nada em contrário a receber o prefeito na legenda e sua candidatura à reeleição, Tarcízio deve anunciar o seu novo partido e iniciar os preparativos para a festa de filiação.
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