domingo, 26 de junho de 2011
Marta contraria Dilma sobre kit anti-homofobia e diz que vai alterar o PL 122
Em coletiva que antecedeu o início da 15ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) contrariou a posição da presidente Dilma Rousseff sobre o conteúdo dos kits anti-homofobia.
O material preparado pelo Ministério da Educação estava pronto para ser distribuído nas escolas públicas do pais, mas foi suspenso sobre o argumento de que o seu conteúdo teria que ser alterado. Para Marta, o conteúdo dos kits não era inadequado, e sim a forma pela qual o material foi apresentado à sociedade. “Os kits foram totalmente mal entendidos, aquilo tem que ser repensado, como lançar, como trabalhar. Foi um processo mal encaminhado. A parte que eu vi [do conteúdo] não precisava ser mudada, o que precisa mudar é a forma de encaminhar a questão”, disse a ex-prefeita de São Paulo. Logo após a suspensão, em maio, a presidente Dilma afirmou que os kits faziam propaganda de uma opção sexual, em vez de combater a homofobia.
Na mesma coletiva, a senadora Marta Suplicy afirmou que pretende alterar o projeto de lei 122, que criminaliza a homofobia. Segundo ela, a principal alteração será mudar o nome e o número do projeto, e não o conteúdo. “Já temos um conteúdo acordado [com a maior parte da bancada evangélica], o problema maior agora, depois de eles [os contrários ao projeto] demonizarem a proposta por 10 anos, é como agir e dizer aos fieis a favor do projeto PL 122. Vários setores têm seu preconceito baseado no 122”, disse.
Com relação ao texto do projeto, Marta afirmou que a maior mudança será no artigo 20. Com a nova proposta será considerado criminoso quem induzir crimes contra homossexuais. “Nós conseguimos um meio termo”, disse a senadora.
Também presentes na coletiva, o prefeito Gilberto Kassab e o governador Geraldo Alckmin defenderam a criminalização da homofobia. “A maior parte da população brasileira é a favor do projeto” disse o prefeito. Já Alckmin defendeu a medida e citou a legislação estadual de São Paulo, que criminaliza a homofobia desde 2001.
Contra o fundamentalismo
A cerimônia de abertura da parada gay se transformou em um palanque contra religiosos fundamentalistas que se opõe aos direitos defendidos pela causa gay. “Temos respeitado todas as religiões. Não queremos destruir a família de ninguém, apenas construir a nossa”, disse Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.
Preta Gil
“Isso não é um casamento gay? Por que, se for, trabalhar para um casamento gay é dose.” A pergunta foi feita à reportagem do UOL Notícias por um funcionário do teatro onde acontece a entrevista coletiva de apresentação da Parada Gay.
Políticos como o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, o prefeito da cidade, Gilberto Kassab, a senadora Marta Suplicy (PT-SP), o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), participam da entrevista, entre outras autoridades e ativistas da causa gay. Após uma série de discursos protocolares, Preta Gil, que chegou atrasada, roubou a cena ao assumir o púlpito da coletiva. Eleita diva da atual edição da parada, Preta se definiu como “uma boa travesti”. “Como uma boa travesti que sou tenho um espírito gay. Nasci operada”, brincou a cantora, que disse ser “filha do tropicalismo” e militante gay desde que nasceu.