domingo, 11 de setembro de 2011
Abuso do etanol maltrata o corpo e agrava risco de doenças crônicas
Na tarde do dia 23 de julho, a cantora inglesa Amy Winehouse foi encontrada sem vida na casa em Camden, Londres (Ingalterra). Embora as causas da morte ainda sejam desconhecidas, a cantora tinha um longo histórico de abuso de drogas. No Brasil, o ex-jogador e craque da Seleção Brasileira Sócrates está internado desde segunda-feira, depois de apresentar um quadro de hemorragia digestiva alta. Em comum, uma doença que afeta 12% da população mundial: o alcoolismo.
Se você está se perguntando como uma substância que também é indicada para prevenir doenças do coração, de uso fundamental em qualquer ritual de socialização, quase tão antiga quanto a humanidade, pode causar tanto estrago, a resposta é simples: o uso descontrolado e em quantidades cada vez maiores do etanol lesiona praticamente quase todas as células do organismo, causando danos diretos como as doenças cerebrais, nervosas, do coração, pâncreas, fígado e estômago, além de potencializar outros problemas como a obesidade, o diabetes, a pressão alta, entre outros.
Pessoas que bebem muito, inclusive, quando param de beber abruptamente promovem no organismo um choque chamado de Resposta Compensatória, que pode levar à morte. De acordo com o psiquiatra e especialista em Medicina Comportamental Felipe Corchs, isso acontece porque o etanol funciona como um sedativo para o corpo, reduzindo a temperatura e diminuindo a frequência cardíaca. Para compensar a redução e manter a normalidade, o organismo faz com que o coração bata mais rápido e que a temperatura do corpo aumente, mesmo sem a presença de álcool.
“Nessa resposta do corpo, as pessoas sofrem com aumento da pressão arterial, temperatura, arritmias e convulsões”, esclarece o médico.
Causas
Não existe uma única causa que explique por que determinadas pessoas não conseguem controlar o uso do álcool e passam a viver em função do seu uso.
O psicólogo Carlos Leandro, do Espaço Viver, lembra que essa doença é provocada por muitos fatores, que vão desde a herança genética, a predisposição orgânica até os fatores sociais e culturais. “Quando o assunto é álcool, que tem os mesmos mecanismos que movem qualquer compulsão, as dependências físicas e psicológicas apresentam pesos iguais, debilitando o paciente e potencializando o surgimento de outros problemas de saúde, que chamamos de comorbidades”, esclarece o psicólogo.
Nas palavras do psiquiatra Felipe Corchs, a dependência vai acontecer quando o indivíduo não consegue ter controle sobre a bebida e não consegue fazer nada que não apresente relação com o álcool. “Existem várias fases a serem consideradas quando o assunto é o abuso do álcool mas, na dependência, o indivíduo pode até tentar parar de beber, mas não consegue êxito no seu objetivo”, destaca. Ele lembra ainda que existem pessoas que não são dependentes, mas que fazem uso e abuso, os chamados heavy drinkers.
Explicar como o abuso vira dependência não é fácil, pois, além dos fatores biológicos, sociais, existem os psicológicos. Carlos Leandro lembra que o álcool, assim como outras drogas, atua diretamente no prazer e, mesmo quando há informação sobre os efeitos danosos, isso por si só não garante o controle. Vide o exemplo do ex-craque da seleção brasileira que, além de atleta, é médico.
“O álcool, inicialmente, relaxa, depois permite um estado de euforia e prazer. Como ele baixa a censura, com o consumo e dependendo dos conteúdos do indivíduo, vai potencializar os estados mentais e comportamentais de depressão ou agressividade”, esclarece Leandro.
FONTE:CORREIO DA BAHIA