quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Bahia ainda é campeã em número de analfabetos, aponta IBGE
O IBGE apresentou ontem o Censo 2010, que mostrou avanços em quatro quesitos para a Bahia: saneamento, analfabetismo, taxa de fecundidade e distribuição de renda. Porém, todas as quatro taxas ainda mostram que a Bahia, mesmo avançando, ainda é o estado brasileiro que possui a maior população de analfabetos em números absolutos.
São 1.729.297 baianos, com idade superior a 15 anos, que não sabem ler nem escrever, o que equivale a quase 16,6% da população baiana. Em todo o Brasil, os índices chegam a 9,6% da população, ou seja 13.933.173 analfabetos.
Quando analisada a taxa de fecundidade, as mulheres baianas têm uma média de 1,8 filho. Na década de 70, este índice estava em 7,2 filhos por mulher. “Esta taxa hoje é baixíssima e equivale à do Reino Unido. Já é menor do que a necessidade para a renovação populacional”, informa Joilson Rodrigues de Souza, supervisor de disseminação de informações da unidade estadual do IBGE na Bahia.
As perspectivas do Instituto também demonstram como a população baiana está envelhecendo. Se hoje há quatro crianças para cada idoso, se mantida a taxa de natalidade, em 2028 haverá um idoso para cada criança. E, em 2050, já teremos dois idosos para cada criança.
Para o professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Clímaco Dias, este é um fênomeno brasileiro que tem na urbanização, na reconfiguração das famílias e na condição da mulher no mercado de trabalho algumas das suas causas. “Outro dia, uma aluna de 25 anos me falou que, pelos seus cálculos, só terá um filho daqui a 13 anos, quando ela se estabilizar financeiramente. As mulheres estão adiando a primeira maternidade”, afirma.
Renda
Outro ponto que também avançou foi o da distribuição de renda. Nesta estatística, a população é dividida em 12 faixas de classes. A terceira faixa mais pobre, que concentrava 3,56% da riqueza, hoje já detém 3,99%. O mesmo vale para a quarta faixa, que antes detinha 3,87% e hoje tem 6,17%. Só nessa classe, a renda, que era de R$ 150,92 ao mês, passou para R$ 503,08.
Em contrapartida, os mais ricos estão concentrando menos a riqueza - há dez anos, tinham 19,37% do bolo e hoje têm 15,34%. Ainda assim, a diferença entre a renda dos mais pobres baianos para os mais ricos é de 157 vezes. “Ainda contamos com uma das mais baixas rendas per capita do país. Trazer desenvolvimento regional para todo o Nordeste é o grande desafio”, diz Reinaldo Sampaio, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb).
O saneamento inadequado ainda existe em 14,2% dos domicílios baianos. “Isto implica nas condições de dignidade da nossa população. Perseguir a redução deste índice é nossa obrigação”, diz Sampaio.