terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Em entrevista ao BN, Barcellos defende independência dos veículos: ‘notícia tem que ser dada, doa a quem doer’
A eterna guerra entre os departamentos de redação e marketing nas empresas de comunicação também foi alvo de debate no “A Sociedade em Rede e a Comunicação”, nesta segunda-feira (5), em São Paulo. Em entrevista exclusiva ao Bahia Notícias no Teatro Vivo, o jornalista Caco Barcellos defendeu a tese de que “o melhor para o veículo é a independência”. Para ele, as organizações têm que prezar pela precisão da informação divulgada em seus veículos. “É um processo que não costuma ser fácil – o processo da construção da credibilidade. Eu acho que se você está nesse mercado, tem que fazer do produto um produto de alta qualidade, cujo reconhecimento vem com o tempo, às vezes de forma imediata. Mas se não vier, vem com o tempo”, ponderou. Segundo Barcellos, mesmo que uma apuração venha a colocar em risco uma relação com parceiros ou patrocinadores, cabe ao jornalismo publicar a notícia. “A postura tem que ser essa. Tem que ter uma apuração extremamente rigorosa, e aí, infelizmente, doa a quem doer, a informação tem que ser veiculada. Não tem como ser diferente. O que a gente faz é duro com o policial, é duro com o juiz, com qualquer cidadão”, argumentou. Para ele, nesses casos, o repórter tem que tentar convencer a direção sobre os ganhos advindos da confiabilidade do meio na relação com os fatos.
A propagação de informações pelo cidadão comum na internet dominou o primeiro dia de discussões, nesta segunda-feira (5), no seminário “A Sociedade em Rede e a Comunicação”, promovido pela Telefonica/Vivo. O evento, realizado no Teatro Vivo, em São Paulo, foi destinado a jornalistas de todo o país. Mediado pelo jornalista da Rede Globo, Caco Barcellos, que se autointitulou “repórter radical”, o primeiro painel “A Rede e a Notícia”, debateu o aumento expressivo da difusão de fatos, com o advento da web, bem como a responsabilidade dos comunicadores no novo cenário. Barcellos, que defendeu a importância da reportagem de rua, ao relatar que “o jornalista vai continuar com um papel primordial na sociedade”, logo no início lançou a polêmica: “é importante contar primeiro ou contar melhor?”, rebatida de pronto pelo âncora da Band News FM, Eduardo Barão: “Entre contar primeiro e contar melhor, prefiro contar certo”. Em entrevista exclusiva ao Bahia Notícias, Barão falou do cuidado no trato das “revelações” feitas em ambientes como Twitter e Facebook. “Não acho prudente colocar diretamente no ar, mas sim checá-las e levar ao ar com maior segurança”, declarou. José Paulo Kupfer, colunista do Estadão, disse acreditar no tratamento responsável dos fatos, argumento endossado pela diretora de mídia do portal Terra, Sandra Pecis. “A função do jornalista é filtrar a informação. O jornalista não pode aumentar o ruído”, analisou. Ao falar do “dilema do jornalismo investigativo”, Marcelo Moreira, editor do RJ TV (Globo) e presidente eleito da Associação Brasileira do segmento (Abraj), ratificou o papel de “filtro de relevância” e pontuou a colaboração que as redes sociais podem dar às redações, com emissão de imagens, áudios e vídeos via telefone celular, outrora impossíveis de serem captados pelo periodismo tradicional.
FONTE:BAHIA NOTICIAS