Homologado como nome do PT para disputa eleitoral de Salvador, em 2012, o deputado federal Nelson Pelegrino rejeitou ontem o desafio proposto pelo secretário da Casa Civil do município, João Leão (PP), que, ao se lançar como candidato do partido em entrevista à Tribuna, afirmou que o melhor posicionado nas pesquisas (em maio) seja o escolhido pela base do governo do Estado, ficando o segundo colocado como o candidato à vice.
Em resposta, Pelegrino deixou claro que deve costurar com as várias legendas e ironizou as declarações do aliado em âmbito estadual. Conhecido por atrair polêmicas a partir de velhas promessas, Leão ao confirmar ser o preferido dos progressistas e ainda sinalizar que a sua atuação tem sido importante para a atração de recursos para a mobilidade urbana em Salvador, acendeu a luz amarela nas articulações entre o PP e o PT para o pleito do próximo ano.
Líderes do PT, principal partido da sustentação estadual, preferiram ignorar as declarações do aliado. Condutores de outros partidos da aliança no Estado naturalizaram por entenderem que “a eleição é de dois turnos”. Já os oposicionistas não perderam a oportunidade e provocaram a unidade tão pregada pelo governador Jaques Wagner (PT).
Um dia após ter sido coroado como pré-candidato, Pelegrino não disfarçou o clima de incertezas na articulação com os progressistas para a corrida. Em resposta à provocação de Leão, ele disse que “o único desafio a ser proposto “é o de dar uma solução a Salvador”.
“Ajudar a cidade a ter outro rumo”, acrescentou, criticando indiretamente a administração da cidade. O deputado disse apostar no “diálogo”, mas descartou que o PP seja a única carta do jogo para a composição na majoritária. “Temos que metodologicamente construir uma frente de partidos e depois decidir a chapa. Nisso, o PP é bem-vindo, mas não é o único partido”, disse.
O presidente estadual do PT, Jonas Paulo, também mandou recado ao dizer que “ainda é cedo e que muitas águas devem rolar até o período das convenções”. “Se Pelegrino que tem a simpatia do governador e é prioridade do PT nacional apenas foi indicado (domingo) como pré-candidato, quem está se dizendo já candidato certamente está se precipitando”, cutucou. Apesar de enfatizar que as conversas com os partidos serão constantes a partir de agora, o dirigente demonstrou indiferença em relação às declarações de Leão e foi além ao dar sinais de que não existe uma conjuntura fechada e torno da eleição municipal entre o PT e o PP. “Nossa prioridade é discutir um novo governo (municipal) e não o atual”, afirmou.
Na mesma linha, a presidente do PT municipal, vereadora Marta Rodrigues, também falou em precipitação do processo ao avaliar as declarações do progressista. Segundo ela, a pré-candidatura é legítima, mas não deve haver imposição.
“Ainda não existem conversas sobre vice e ainda não dá para fechar nenhuma questão. Vamos conversar primeiro com todos os partidos”, disse. Dentro da conjuntura da base, o presidente estadual do PDT, Alexandre Brust, disse ser natural que os partidos tenham candidaturas próprias por ser essa a única forma de haver fortalecimento. Na ala da oposição, o presidente estadual do PMDB, deputado federal Lúcio Vieira Lima, disse haver demonstrações de que a base estadual está “rachada”.
