terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Dieta saudável ajuda a melhorar a circulação sanguínea
Todo mundo sabe que alimentação é coisa séria. Afinal, tudo o que ingerimos afeta direta ou indiretamente várias partes de nosso organismo, podendo significar a diferença entre uma pessoa saudável ou não, e até mesmo entre a vida e a morte.
Principalmente quando o assunto é a circulação do sangue.
Para quem não sabe, o sistema circulatório funciona graças a impulsos do coração e a canais que conduzem o sangue por todo o corpo: as chamadas artérias e veias. Como no geral temos o costume de ingerir gorduras saturadas e trans, elas vão se depositando em forma de placa na parede desses canais. Assim, chega um ponto em que elas impedem que o sangue passe. O resultado disso é drástico: algumas partes do organismo podem ficar sem irrigação do sangue, e, por consequência, não recebem oxigênio, por exemplo.
Quando essa complicação acontece em uma artéria do coração, esse órgão para de funcionar - é o famoso infarto do miocárdio, que leva o indivíduo à morte em muitos casos. Agora, caso o sangue seja impedido de circular pelo cérebro, os nomes mais conhecidos são "derrame" ou a sigla AVC (Acidente Vascular Cerebral), outro mal grave.
Embora as obstruções nos vasos sanguíneos sejam mais comuns no coração e no cérebro, elas podem ocorrer em qualquer outra parte do corpo humano, como nas pernas. "Porém, como esses membros são irrigados por vários vasos, a pessoa normalmente tem apenas dores para caminhar", afirma Silvio Reggi, cardiologista da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Mas os problemas que a má alimentação pode causar ao sistema circulatório não param por aí. "Ela influencia no aumento da pressão arterial e dos níveis de colesterol e pode favorecer o aparecimento de diabetes", aponta o médico. "A boa alimentação melhora a qualidade do sangue. Não só quantidade de gordura, mas também fatores como a viscosidade do sangue, agregação plaquetária e a taxa de coagulação", diz Isabela Cardoso Pimentel, nutricionista do Hospital do Coração, em São Paulo.
Ela ensina que as pessoas deveriam ser mais conscientes sempre que se alimentarem, e não somente quando têm alguma doença e precisam restringir certos itens do cardápio. "Alimentação não é medicamento. O ideal seria que todos tivessem uma dieta balanceada para evitar problemas".
E seguir essa orientação não é tão complicado quanto parece. A dieta precisa ter grãos, peixes de águas salgadas (fontes de Ômega 3), frutas, verduras e legumes - que além de terem antioxidantes (principalmente as frutas vermelhas, como o morango e a uva), são fonte de vitaminas e minerais.
E aí vai uma boa notícia para quem não é muito chegada a vegetais: você pode sim comer aqueles que acha mais saborosos e "desprezar" os outros. Se não gosta de alcachofra, substitua pelo repolho, por exemplo.
Além dos vegetais, há alimentos que ajudam a combater alguns males, foram até catalogados pela Anvisa. Aveia, soja, itens com a proteína de soja (floquinho, extrato, vitaminas, etc.) e os chamados fitosteróis (extratos vegetais acrescidos a alguns alimentos de certas marcas, como leite e margarina) são ótimos na luta contra o colesterol ruim. Já aveia, soja, peixes de águas frias - salmão, atum e sardinha (mesmo em conserva) e azeite de oliva combatem a diabetes.
Mas cuidado. Não adianta nada consumir os alimentos que fazem bem para a circulação do sangue se você continua se entupindo de gorduras trans e saturadas. Fuja ao máximo dos embutidos - linguiça, salsicha, presunto gordo -, pois eles são praticamente gordura e sal. O mesmo vale para salgadinhos. Todos têm muitas calorias e trazem poucos benefícios.
Preste atenção na hora de comprar bolachas, alfajor, tortas, sorvetes, etc. A maioria deles já se livrou das terríveis gorduras trans, mas outros ainda têm. A declaração desse tipo de gordura é obrigatória no rótulo dos produtos, fique de olho.
"O melhor é preferir o leite desnatado e os iogurtes light", afirma Isabela. Lembrando que as margarinas em geral não têm gordura trans, sendo mais saudáveis que a manteiga.
Antes de se desesperar, saiba que ingerir esses alimentos de vez em quando não é tão ruim; o problema é viver trocando comidas saudáveis por eles. E nem tudo está perdido: o povo brasileiro tem alguns costumes benéficos: tomamos café da manhã, almoçamos e jantamos; comemos arroz, feijão, salada e frutas. A dica é resgatar isso e maneirar nas carnes gordurosas, apostando nos peixes de água salgada, peito de frango e cortes bovinos magros, como o patinho.
Apesar de fazer uma grande diferença na circulação sanguínea, a alimentação não é a responsável por todo o seu funcionamento. "A idade e o histórico familiar também pesam nessa hora, e ainda não é possível controlar esses fatores", fala o cardiologista Silvio. No entanto, mesmo uma pessoa propensa a desenvolver doenças nessa área pode viver melhor se tiver uma dieta saudável. Por isso, vale a pena apostar no poder dos alimentos, seja qual for a sua