sábado, 4 de fevereiro de 2012
Todas as viaturas que estavam sob o poder de grevistas são recuperadas
As 16 viaturas que foram apreendidas ilegalmente por manifestantes ligados à Associação dos Policiais, Bombeiros e dos seus Familiares do Estado Bahia (Aspra), em um dos acessos à Assembleia Legislativa da Bahia, já foram recolhidas pela Polícia Militar. Os veículos foram levados para o Departamento de Apoio Logístico e aqueles que tiveram os pneus furados vão ser recuperados. A operação de resguardo das viaturas foi em cumprimento a um mandado de reintegração de posse expedido pela justiça baiana na manhã deste sábado (4).
Wagner nega anistia para policiais grevistas e chama líderes de criminosos
O governador Jaques Wagner negou que será dada anistia para policiais militares que estejam envolvidos em atos de vandalismo ou qualquer outro dos crimes vivenciados em Salvador e no interior do estado nesta semana, durante entrevista coletiva à imprensa após reunião com autoridades do ministério da Justiça. "Se alguém depreda carro da polícia, qualquer coisa dessa é crime, independente de quem o cometeu. Na defesa do seu interesse, estaríamos dizendo ao marginal que ele rouba para conquistar dinheiro, então qual é a diferença? Protocolaram (pedido de anistia) no mesmo dia da assembleia, mostra de que estavam predispostos a fazer a barbaridade, como estão fazendo. A determinação era anterior. Depreda-se e depois busca anistia. A anistia é o salvo-conduto para a barbaridade", disse. O gestor ainda conferiu as ações de barbárie à ordem de criminosos que lideram o próprio movimento grevista. "Coloca o povo a sofrer, mas não tenho dúvida de afirmar que parte disso é cometido por ordem dos criminosos que se intitulam líderes do movimento", afirmou. Para o governador, o Carnaval em Salvador está garantido e que as Forças de Segurança federais permanecem o tempo que for necessário
O medo em lugar da alegria
“Sorria, você está na Bahia”. Em lugar do desaparecido sorriso, o medo; em lugar da alegria, o temor de ver desaparecerem a cidade e seus encantos cantados em prosa e verso em outros tempos. O Carnaval, com pretensão de ser “a maior festa do mundo”, corre sério risco de ser de tristeza. Espera-se que não. A Bahia é notícia internacional. Está na primeira página do jornal “El País”, o principal da Espanha, que fala sobre a greve do setor da segurança, sobre o Carnaval ameaçado e a violência. Está nos principais jornais do Brasil. O Globo e a Folha de S.Paulo contam a greve pelos mortos, pelo número de vítimas, pelos saques. Ambos falam em 29 homicídios. Já A Tarde se fixa em 34 homicídios desde que o movimento grevista começou, estabelecendo um regime de terror na cidade que já pediu sorriso. Salvador é uma capital de um turno só, o da manhã, porque tudo fecha a partir do meio dia com as informações sobre ações dos bandidos e dos policiais aquartelados. O prejuízo econômico é imenso: nas festas canceladas, no comércio, restaurantes fechados e nas avenidas fantasmas. Já houve, aqui, duas greves anteriores: a de 1991, no governo ACM, e a de 2001, no de César Borges. Nenhuma com o impacto e a violência que se observa neste movimento de agora. Pela primeira vez, as forças nacionais de segurança chegam a Salvador. Quem não chorou, na ditadura militar, ao ver as tropas do Exército (e da PM) reprimindo manifestações, observa-as agora, com a conotação democrática, no entanto. Quem as viu a as enfrentou, lembra, incontinenti, do passado, dos tempos das trevas e do medo. Mesmo sabendo que as tropas de hoje são para assegurar a paz, perdida de há muito pelos baianos no processo de violência que transforma a cidade e o Estado em territórios sem lei. Não dá, simplesmente não dá, para entender como trabalha o setor de inteligência do aparelho policial, civil e militar, baianos. Será que não detectou o movimento grevista infiltrado nas tropas da PM? Se isso não aconteceu, há duas opções: ou não há inteligência ou o que existe é incompetência. Se houve a percepção, por que o governador Jaques Wagner não foi alertado, de modo a entender que seria inoportuno e temerário deixar o governo e viajar acompanhando a presidente a Cuba e ao Haiti? Que, aliás, como disse em outro texto, é aqui? Mera lembrança da música de Caetano e Gil. O governo recebeu um impacto traumático. A violência alerta o comando do PT que o céu que alardeia só existe no imaginário de quem não quer ver. Em ano eleitoral se houver candidato competitivo da oposição à Prefeitura a legenda vai ficar em maus lençois. Quanto azar, Nelson Pelegrino! O que está a acontecendo atinge, indistintamente, todas as camadas sociais: a dos desempregados, a da baixa renda e as classes de maior poder aquisitivo. A revolta é geral diante do terror implantado a partir de uma greve que acabou por entregar Salvador e as principais cidades do Estado aos criminosos para saquearem o que bem entenderem. Para cometerem homicídios. Enfim e de resto todo o tipo de crime. Vale pedir paciência à população? Não pretendo ser irônico a tal ponto. Lamento o que acontece e confesso que não consigo afastar do pensamento o slogan que martela, repetidamente: “Sorria, você está na Bahia.”
por Samuel Celestino-bahia noticias