quinta-feira, 15 de março de 2012
Enquanto Bahia perde espaço, governo Dilma dá posse ao 8º ministro gaúcho
Nem café, nem leite. Nem acarajé, nem abará. Agora é o chimarrão que está no comando. Em meio às reclamações de políticos baianos pelo pouco espaço que têm tido na Esplanada dos Ministérios, a presidente Dilma Rousseff empossou nesta quarta (15) o deputado federal Pepe Vargas (PT-RS), mais um para completar o time dos oito gaúchos que ocupam cargos do primeiro escalão no governo federal.
Sob a promessa de eliminar a extrema pobreza no meio rural e aprofundar a reforma agrária, Vargas elogiou o trabalho do colega baiano Afonso Florence (PT) e garantiu esforçar-se no cargo. “Vou dedicar todas as minhas energias”, disse. Dilma também elogiou Florence, que deixa o ministério sob críticas de má gestão na área da reforma agrária. “(Ele) prestou grandes serviços ao processo de inclusão social no campo”, avaliou a presidente.
O agora ex-ministro afirmou que todas as metas do Brasil sem Miséria foram não apenas cumpridas, mas superadas no ano passado, durante sua gestão. “Dos 28 milhões de homens e mulheres que saíram da pobreza extrema, 4,8 milhões foram da área rural”.
No entanto, Vargas deverá enfrentar um clima de insatisfação no campo. “Como a pauta agrária no início do governo Dilma não avançou, as desapropriações foram vergonhosas, pior índice dos últimos 16 anos, isso gera uma coisa conflituosa”, afirmou um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Alexandre Conceição.
“Este ano, a luta no campo será muito mais forte”, ameaçou. O novo gestor já terá que lidar, logo no início do mandato, com o Abril Vermelho, série de invasões e protestos feitos anualmente pelo MST para pedir agilidade na reforma agrária.
Gaúchos
Além de Vargas, são mais sete gaúchos em cargos altos do governo, a começar pelo economista Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, nascido em Porto Alegre. Em 3 de janeiro do ano passado, ele entrou no lugar de Henrique Meirelles. À frente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento desde agosto de 2011, Mendes Ribeiro (PMDB-RS) também é gaúcho nascido na capital. Já a pasta da Ciência e Tecnologia é ocupada desde 24 de janeiro deste ano pelo ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Marco Antonio Raupp, nascido em Cachoeira do Sul, também no estado sulista.
Por sua vez, a professora Maria do Rosário Nunes (PT) exerce o cargo de ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Apesar de ter nascido no interior de São Paulo, a petista Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, construiu toda sua carreira na gestão política no Rio Grande do Sul, onde participou dos governos de Raul Pont, Tarso Genro e Olívio Dutra. Completa a ‘República do Chimarrão’ o porto-alegrense Luís Inácio Adams, advogado-geral da união.
Outro gaúcho cotado para assumir uma pasta da Esplanada é Brizola Neto (PDT), deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro e líder da bancada do PDT na Câmara dos Deputados. Apesar de ser mineira, Dilma Rousseff fez carreira política no Rio Grande do Sul, onde foi filiada ao PDT antes de ingressar no Partido dos Trabalhadores.
Até 'baiana' que sobrou é gaúcha
Única representante da Bahia que continua no alto escalão do governo federal, a socióloga Luíza Helena de Bairros é nascida em Porto Alegre e formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apesar de ter feito carreira política na Bahia. Considerada um dos principais nomes do movimento negro, ela ocupa a pasta de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, mas há rumores em Brasília de que seu cargo também é visado pela presidente.
As demissões sucessivas de representantes políticos baianos no governo federal, apesar da proximidade do governador da Bahia, Jaques Wagner, com Dilma, têm gerado críticas na própria base aliada ao PT.
Na terça-feira à noite, o deputado federal Daniel Almeida (PCdoB) ocupou a tribuna da Câmara dos Deputados e fez duras críticas à falta de atenção do governo federal com a Bahia. Na ocasião, o parlamentar apontou a perda de espaço dos baianos no primeiro escalão do governo.
“Em novembro, a Bahia tinha o diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo, não tem mais; tinha o presidente da Petrobrás, não tem mais; tinha o ministro das Cidades, também não tem mais; tinha o ministro do Desenvolvimento Agrário, também não tem mais”, enumerou. Entre os nomes baianos demitidos estão Haroldo Lima (PCdoB), José Sérgio Gabrielli (PT), Mário Negromonte (PP) e Afonso Florence (PT), que deixou o cargo ontem.
FONTE:CORREIO DA BAHIA