terça-feira, 10 de abril de 2012
Contato físico, falta de jogo e agressão no futebol
Dois momentos em campeonatos distintos, nações diferentes, que assisti nesta tarde de domingo, revelam o quanto violento é o futebol, não apenas no Brasil, mas também em países de povos mais civilizados que o nosso. Mostram, também, que é necessário mais rigor na punição a atletas de temperamento agressivo.
No Campeonato Mineiro, um dos principais estaduais do Brasil, o meia Roger do Cruzeiro – aquele que hoje é mais conhecido como marido ou ex-marido da Debora Secco, a Bruna Surfistinha do cinema do que como jogador de futebol – agrediu com um golpe de cotovelo um jogador do Atlético-MG, no clássico regional disputado. Creio que deverá ser destaque do quadro “Gols do Fantástico”, daqui a pouco, dentre os fatos pitorescos do fim de semana esportivo.
O jogador do Galo partia para o ataque. Roger, atrás, tentava marca-lo. Como não lhe tomaria a bola, resolveu pôr em prática os seus conhecimentos de... arte marcial, talvez. MMA, não sei. Com o cotovelo, ele atinge o adversário a altura do ombro. Um golpe certeiro, de muita força, que derrubou o jogador alvi-negro.
O atleta foi a nocaute e teve que ser retirado de campo. Retornou em seguida. Mas aquilo vai lhe render um bom hematoma, com certeza. O juiz deu apenas cartão amarelo ao agressor.
Na Espanha, o Real Madrid jogava com o Valencia, no Santiago Barnabeu, na capital espanhola. O time de Cristiano Ronaldo e Kaká precisava vencer para não reduzir a vantagem para o Barcelona, que ontem venceu o Zaragoza por 4x1.
O zagueiro brasileiro Pepe sofre falta de um atacante argentino do Valencia e cai. Um companheiro de equipe – isso mesmo, um atleta do Real – se aproxima e tenta levantá-lo. Pepe, que queria valorizar a falta e pressionar o árbitro a punir o jogador adversário, levanta os dois pés e atinge com a chuteira o joelho do seu colega de time. Uma agressão inacreditável. O rapaz leva a mão ao local atingido. Deve ter machucado, pois o “coice” de Pepe, que é um armário, foi muito forte.
O violento Pepe, que inexplicavelmente atua numa das maiores equipes do mundo, sequer foi advertido, embora todo o estádio tenha testemunhado sua agressão. Teria que ser expulso na hora.
No futebol, como em qualquer esporte, se deveria diferenciar a falta de jogo, mesmo violenta, para a agressão pura e simples. Atitudes como a de Roger, do Cruzeiro, e de Pepe, do Real Madrid, teriam que ser alvo de inquérito policial. Seus golpes seriam válidos em uma luta livre, não no futebol.
Ali, no gramado, que não é octógno, não se poderia permitir agressão deliberada. O sujeito armar o cotovelo e desferir uma “martelada” no outro não é falta de jogo. Poderia inclusive lesionar a coluna do companheiro de profissão. Levantar os dois pés e acertar um golpe no outro também não configura infração comum. Nesses casos, não se cometeu simplesmente um ato infracional de futebol. Não faz parte do chamado “contato físico” pertinente a essa prática esportiva.
Se fatos como esses ocorrem em outro ambiente de trabalho, o agressor é preso. No futebol, tais atitudes não apenas deveriam despertar a atenção dos tribunais esportivos – quando acontece. Deveriam também ser levados à justiça comum.
FONTE:tribuna feirense
foto:jornalista-valdomiro silva