terça-feira, 17 de abril de 2012
Pouco opinou-se, na mídia local, sobre o episódio envolvendo o prefeito Tarcízio Pimenta e os repórteres do “Jornal Cidade”, recentemente. O jornalista Ronaldo Belo e o fotógrafo Sílvio Tito acusa o prefeito de agressão física. O fato teria ocorrido quando Tarcízio deixava o posto da Polícia Federal, onde prestava depoimento acerca de investigação ainda não devidamente esclarecida – uns dizem que ele esteve lá como autor, outros, que era réu.
O secretário de Comunicação, Fabrício Almeida, foi quem primeiro falou sobre o imbróglio na imprensa. Pelo seu pronunciamento, não foi testemunha ocular. Mas afirmou que não houve a alegada agressão. E fez comentários sobre como se deu a exoneração de Ronaldo e Tito dos quadros da Secom.
Belo ocupava cargo de DA e o fotógrafo era lotado na Comunicação através de cooperativa. “Não se adequaram”, afirmou o secretário. O entendimento de Fabrício é que Belo e Tito se voltaram contra o Governo depois de suas exonerações. Criaram o jornal apenas para atacar a administração.
Ponto 1: embora não seja das mais nobres ações do jornalismo, não é vedado ao profissional de comunicação fazer oposição a gestões públicas no sentido de mostrar as suas mazelas. Desde que não invente notícias e ouça o outro lado, nenhuma anormalidade. E se a parte atingida se sente agredida em seus direitos ou em sua honra, o caminho é a esfera judicial, jamais qualquer tipo de abordagem que não seja civilizada.
Ponto 2: se o político ou seja quem for não mantém relações amistosas com jornalista A ou jornalista B, não deve abordá-lo, salvo se for para reivindicar algum direito não respeitado. De forma como a boa civilização recomenda.
Ao se dirigir aos repórteres, seus desafetos, com contato físico, o prefeito se expôs. Sílvio Tito diz que Tarcízio apertou-lhe o braço. Ronaldo Belo afirma que levou tapas no peito.
O prefeito diz que cumprimentou a ambos, com aperto de mão e “tapinha” no peito. Mas admite ter perguntado a ambos “qual o problema?”. E diz mais. Que os jornalistas o seguiam desde a madrugada quando ainda estava em casa. Se já estava intrigado com o suposto assédio da equipe do “Jornal Cidade” e lhes perguntou “Qual o problema?” isto pode ensejar a conclusão de que não fora simples aperto de mão e “tapinha” no peito.
Ele também pode apenas ter sido mais enfático, digamos, na abordagem, não cometendo exatamente uma agressão. Tito mostrou à Polícia Civil um pequeno hematoma no braço. Teria a perícia como identificar que foi causado por um “aperto?” Testemunhas ouvidas até aqui, inclusive radialistas, não confirmam agressão.
Do ponto de vista policial, o problema não deve causar maiores transtornos ao prefeito. Afinal, ninguém saiu machucado. A imagem, no entanto, sempre sofre arranhões quando um político é acusado por jornalistas de agressão. Em certos casos, melhor manter distância.
TEXTO:JORNALISTA VALDOMIRO SILVA