Farmácias Populares oferecem medicamentos gratuitos ou com até 90% de desconto

A aposentada Maria José Mira, 66 anos, moradora do município de Lauro de Freitas (Grande Salvador), destinou durante anos cerca de R$150 do seu salário para comprar medicamentos que tratam a hipertensão e a diabetes. Há pouco mais de um ano, entretanto, após uma recomendação do seu médico, descobriu que poderia obter 100% de economia nestes gastos indo à uma Farmácia Popular. Além de constatar a gratuidade dos remédios que combatem os altos níveis de pressão e glicemia, a aposentada também descobriu que poderia obter uma lista de outros medicamentos com descontos de até 90%. Mesmo mantendo gastos representativos com outros remédios que não estão inclusos na relação de produtos vendidos nesta rede de farmácias, Maria José Mira afirma que agora fecha as contas do mês sem grandes apertos. "Se é nosso direito, vamos desfrutá-lo da melhor forma possível", aconselha. Em funcionamento desde 2004, as Farmácia Populares foram criadas pelo Governo Federal para ampliar o acesso da população aos medicamentos considerados essenciais no tratamento das doenças mais prevalentes no país. De acordo com a farmacêutica Leila Sampaio Andrade, que atua em uma unidade da rede na Universidade Federal da Bahia (Ufba), campus Canela, a relação de medicamentos vendidos atende a um perfil epidemiológico da população brasileira, traçado pelo Ministério da Saúde. "Com o auxílio de pesquisadores de universidades de todo o país e com base em informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o órgão federal indentificou as doenças de maior prevalência de norte a sul do Brasil e destacou os medicamentos de necessidade mais frequente", explicou Leila Sampaio. Como exemplos de remédios de necessidade assídua, a farmacêutica cita aqueles que tratam doenças de origem infecciosa, controlam o colesterol, protegem o estômago e o instestino, combatem a asma, tratam inflamações e hidratam as vias orais. Vantagens - Em toda a Bahia, funcionam 62 unidades da Farmácia Popular, sendo que 18 delas em Salvador. Embora seja uma rede que auxilia pessoas em vulnerabilidade socioeconômica, as farmácias prestam atendimentos a qualquer tipo de público, independente da classe econômica. Como requisito para obtenção de desconto está apenas a obrigatoriedade da apresentação dos documentos pessoais e da receita médica. De acordo com Leila Sampaio Andrade, que atua na Farmácia do Canela, os serviços prestados pela unidade são numericamente equivalentes para pacientes provenientes de unidades de saúde pública e privada. "Essas informações são monitoradas em todas as unidades. Aqui percebemos uma equidade: 50% a 50%. Entretanto, isso depende muito do bairro onde a farmácia está localizada. No bairro de São Caetano, por exemplo, 80% dos serviços são destinados a pacientes oriundos da rede pública", relata. Dois pequenos exemplos nos levam a entender as vantagens de se comprar em uma Farmácia Popular. O antibiótico Amoxicilina, por exemplo, é vendido em unidades privadas com o valor médio de R$9,90. Na Farmácia Popular, o preço do medicamento, feito com os mesmo produtos e, muitas vezes, no mesmo laboratório, é de R$1,90, uma economia superior a 80%. Um outro medicamento que vale ser destacado é o Alendronato de Sódio, usado para o tratamento da osteoporose. Um medicamento de marca custa cerca de R$20, enquanto na Farmácia Popular custa R$1.48, desconto médio de 90%. Gratuidade - Em fevereiro de 2011, a presidente Dilma Rousseff lançou o "Saúde Não Tem Preço", programa que subsidia à população, de forma gratuita, medicamentos que tratam a hipertensão e diabetes. Os medicamentos podem ser obtidos em todas as Farmácias Populares, como também em diversas redes privadas convenidas ao Governo Federal, por meio do programa Aqui Tem Farmácia Popular. Diferente dos medicamentos oferecidos com descontos, as pessoas que pretendem obter remédios gratuitos para o tratamento da hipertensão e da diabetes devem, além de apresentar receita médica e os documentos pessoais (identidade e CPF), ir pessoalmente pegar os remédios a que tem direito. Caso não possam ir às unidades conveniadas ao programa, elas devem assinar uma procuração, que pode ser obtida na própria farmácia, indicando um familiar ou conhecido que possa obter os medicamentos. Esse documento deve passar por reconhecimento de firma. Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Saúde destaca que os medicamentos são os itens de maior peso no bolso das famílias mais humildes: 12% da renda da população mais pobre são destinados a compra de remédios, contra 1,7% no caso das faixas de maior poder aquisitivo. De acordo com a farmacêutica Leila Sampaio Andrade, os medicamentos usados com maior frequência para o tratamento da hirpetensão, e que podem ser obtidos gratuitamente nas Farmácia Populares e nas redes privadas conveniadas ao Aqui Tem Farmácia Popular, são Enalapril e Hidroclorotiaziada. Já para diabetes, Metformina é o exemplo de destaque. O personal trainer Marcelo Camilo, 46 anos, foi um dos beneficiados pelo "Saúde Não Tem Preço". Usuário de medicamentos para o controle de pressão, Marcelo foi orientado pela irmã, que é enfermeira, a levar a receita médica à Farmácia Popular do bairro da Pituba, onde moram. "Chegando lá fui atendido de forma rápida e eficiente. Não houve burocracias. Bastou apresentar a receita e os documentos pessoais", relatou. Moradora do bairro de Itapuã, a dona de casa Tereza Cardoso, 71 anos, foi atendida uma vez em uma Farmácia Popular, mas desconhecia que os medicamentos básicos para o tratamento da hipertensão fossem gratuitos. Agora, sabedora da informação, vai economizar nos remédios.FONTE:ATARDE