sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Advogado diz que, pelos critérios do MPF, Lula deveria ser denunciado por mensalão
O advogado Délio Lins e Silva Filho, que faz a defesa do ex-tesoureiro do Partido Liberal, Jacinto Lamas, disse que, se o Ministério Público Federal estendesse o mesmo critério que usou para denunciar seu cliente para outros citados nos depoimentos, deveria pedir a condenação do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. A afirmação foi feita nesta sexta-feira (10), durante o sétimo dia do julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), em Brasília.
“Não vou dizer de maneira nenhuma que ele deveria estar nessa denúncia, mas questiono a ausência de critério do MP. Se entre as quatro paredes do Planalto eram feitas as tratativas, quem seria o maior beneficiário? Seria o chefe da nação, o chefe do palácio do governo, o presidente Lula”, disse.
"Por que é tão fácil acreditar no presidente Lula quando ele disse que nada sabia e é tão difícil acreditar em Jacinto?", disse.
A defesa do réu Antônio Lamas, que seguiu-se à de Jacinto Lamas, também questionou a participação do ex-presidente. "Por que o senhor Luiz Inácio Lula da Silva não foi denunciado? Nesse Brasil o cacetete só rola nas costas do humilde", disse o advogado Délio Lins e Silva.
Jacinto Lamas é acusado de organizar e intermediar o esquema de entrega de recursos do PT até o PL, a mando do deputado federal Valdemar Costa Neto, então presidente da sigla. Pesam sobre ele as acusações de crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele também é acusado de operar o contrato da Guaranhuns com a SMP&B, do publicitário Marcos Valério, supostamente para esconder a origem do dinheiro.
Na sua sustentação oral, Silva Filho disse duas vezes para os ministros separarem no julgamento "mensageiros e mensaleiros" ou o "joio do trigo". Ele também afirmou que seu cliente atuava a mando de Costa Neto e não tinha conhecimento das supostas ilicitudes praticadas.
"Quem mandava e desmandava no partido e quem manda e desmanda até hoje é Valdemar Costa Neto", disse. Segundo a defesa, "Jacinto Lamas era um zero à esquerda" e seu papel no partido político "era meramente figurativo."
Para refutar a acusação de formação de quadrilha, o advogado de Jacinto Lamas disse que os quadrilheiros precisam ao menos saber quem são os outros quadrilheiros e que seu cliente não tinha ciência do suposto esquema.
O advogado de Jacinto Lamas afirma que ele sempre admitiu os saques, mas que ele "não tinha ciência da origem ilícita desses valores e achava que os valores eram para o Valdemar Costa Neto (pessoa física) e não para o partido", por isso que não precisaria ser contabilizado.FONTE:UOL