quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Rivellino volta à TV inspirado em comentaristas globais e com inusitada defesa da arbitragem
Um dos mais célebres comentaristas de futebol entre aqueles com origem dentro de campo está de volta à televisão. O campeão mundial Roberto Rivellino retomou as atividades na opinião esportiva após um hiato de dez anos, com a estreia como integrante fixo do Cartão Verde da TV Cultura na noite da última terça-feira.
Famoso pela dobradinha com Luciano do Valle na Bandeirantes ao longo da década de 90, Rivellino disse que volta à TV reconhecendo o trabalho de nomes de Globo/Sportv como os destaques da função nos últimos anos. O ídolo de Corinthians e Fluminense ainda apresentou em sua noite de estreia uma inusitada defesa da arbitragem, classe massacrada pela crônica esportiva particularmente neste Brasileiro de 2012, semana após semana, em razão de sucessivos erros graves em partidas da competição.
“Coitados dos árbitros hoje. Antigamente tinha uma câmera. Hoje no futebol você não pode fazer nada. E os árbitros, coitados, é aquela fração de segundo, e a gente critica. Aí o comentarista que está fazendo o jogo fala: ‘esse ângulo não é bom, põe outro ângulo, não deu para ver’. O errar faz parte. Eles estão muito expostos neste aspecto. Você tem várias câmeras, e o árbitro não tem essa visão. E ele tem que decidir”, disse Rivellino ao UOL Esporte nos bastidores, em opinião reproduzida também ao vivo no programa.
“Hoje acontece uma coisa, e aí você espera uma semana para resolver, para você julgar. Isso não existe. O que o árbitro faz lá? Então põe uma câmera, porque o juiz nem autoridade tem mais”, concluiu o ex-jogador, que se diz um defensor da malandragem como recurso de jogo.
A reportagem do UOL conversou com Rivellino ao acompanhar a estreia do ídolo, nos bastidores do Cartão Verde, na sede da TV Cultura em São Paulo. Antes do programa o titular da seleção campeã do mundo em 1970 foi tietado pela apresentadora do Jornal da Cultura, Maria Cristina Poli, e respondeu perguntas de como vê o trabalho de comentarista praticado hoje em dia, com poucos desempenhos dignos de menção, em sua visão.
“Eu gosto muito do Casão (Casagrande), da maneira como ele foca o jogo, como ele enxerga o jogo. O (Maurício) Noriega também é uma pessoa que eu tenho um carinho. Ele vê o jogo de uma maneira legal, parece que a gente está vendo a mesma coisa. Tem o Caio (Ribeiro) hoje, um garoto que está muito bem, tem um foco muito legal. Mas são poucos. Você não tem tantos comentando bem”, opina o novo integrante do Cartão Verde.
Rivellino também discorreu sobre sua formação na TV, em processo que diz ter contado com intervenção decisiva de Luciano do Valle. Também cita o comentarista Juarez Soares, o apresentador Elia Júnior, o falecido repórter Ely Coimbra e a estrela José Luiz Datena como profissionais que ajudaram em seu desenvolvimento na telinha.
NO AR, RIVA DIZ QUE NEYMAR JOGARIA NA SELEÇÃO DE 70:
Além da defesa da arbitragem Rivellino pontuou sua estreia no Cartão Verde com opiniões de algum risco, descartando o conforto de “cima do muro”, como por exemplo ao dizer que Muricy Ramalho e Abel Braga são hoje os técnicos mais adequados para dirigir a seleção brasileira, apesar de reconhecer que o tempo não é de mudanças.
No debate com os jornalistas Vladir Lemos, Vitor Birner e Celso Unzelte, Rivellino ainda lamentou o que entende ser uma safra ruim do futebol brasileiro, com a exceção única de Neymar. O campeão do mundo disse que o craque santista tem mostrado ser bom o suficiente a ponto de ser hipoteticamente encaixado na decantada seleção do tri de 1970.
“No meu lugar, não”, disse em tom descontraído sobre a escalação de Neymar na equipe que tinha Pelé como camisa 10. “Teria lugar, poderia ser útil para a seleção de 70″, acrescentou.