terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Emoção marca encontro de mãe e filhos adotados por paulistas
Após um ano e meio de angústia, a dona de casa Silvânia Maria Mota da Silva, 25 anos, reencontrou, nesta segunda-feira, 3, dois de seus cinco filhos que foram entregues a famílias de São Paulo, em um processo de adoção sob suspeitas de irregularidades. O reencontro ocorreu na sede da instituição SOS Criança, na capital paulista. Os garotos, de 7 e 6 anos, estavam sob a guarda provisória de um mesmo casal, da região de Campinas.
As outras crianças estão vivendo com famílias de Indaiatuba (a 107 km da capital paulista) e são esperadas, a partir desta terça-feira, 4, na Vara da Infância e Juventude de Campinas, de onde serão encaminhados ao reencontro da mãe biológica. Ontem, uma equipe da Vara levou os dois meninos até Silvânia.
"Houve o reencontro, foi emocionante e, a partir de agora, será privacidade total. Obrigada pelo apoio", confirmou, por meio de mensagem pelo celular, a advogada Isabella Costa Pinto, do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan (Cedeca), que presta assistência à família de Silvânia.
Também advogado do Cedeca, Maurício Freire frisou que detalhes sobre o período de retorno das crianças à convivência com Silvânia (cujo prazo mínimo é de 15 dias) não serão informados à imprensa. "Foi uma instrução da instituição que está acolhendo a família. Lá, eles terão total assistência, e as reações monitoradas", acrescentou.
Silvânia viajou para São Paulo na última sexta-feira, acompanhada do filho caçula (um bebê de 9 meses), de uma prima e da advogada. O pai dos garotos, Gerôncio Sousa, ficou em Monte Santo (a 373 km de Salvador), de onde as cinco crianças foram levadas, em junho de 2011.
Decisão - A revogação das guardas provisórias concedidas às famílias paulistas saiu de uma decisão do juiz Luís Roberto Cappio, titular de Euclides da Cunha e que responde também por Monte Santo. A determinação reverteu ordem do juiz Vítor Manoel Bizerra, titular de Monte Santo na época em que as crianças foram retirados do convívio com os pais biológicos.
"Foi muito grave o que aconteceu. Os pais não foram consultados, e as crianças não estavam em situação de risco. O pior é que houve conivência do Ministério Público, Conselho Tutelar e Poder Judiciário", reclamou Maurício Freire, advogado do Cedeca.
Em depoimento prestado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas da Câmara Federal, o juiz Bizerra alegou ter concedido as guardas provisórias com base em relatórios do Conselho Tutelar de Monte Santo e Ministério Público. O conselho negou ter sido favorável à decisão judicial.
Na sessão de hoje da CPI, serão votados requerimentos para que sejam realizadas audiências no Rio Grande do Sul e na Bahia, inclusive em Monte Santo - conforme a assessoria de comunicação da presidência da CPI.
Também hoje, a CPI colherá o depoimento de uma modelo brasileira que foi vítima de traficantes de seres humanos. De acordo com a assessoria da CPI, a jovem foi resgatada na Índia pelo Consulado Brasileiro no país, mas não chegou a ser submetida à prostituição.