sábado, 22 de dezembro de 2012
Pierre Schürmann(foto):"deixamos de nos preocupar com o fim do mundo como algo que se lê em histórias de ficção."
Antes de mais nada, quero deixar claro que o título deste post não tem nada a ver com o fim do mundo anunciado dia 21 de dezembro, às 9h. Se acreditasse nisso não perderia os últimos dias de minha vida escrevendo um post ;)
Porém, aos meus quarenta e poucos anos, posso lhe assegurar que o mundo vai sim, acabar.
Eu poderia citar o aquecimento global, mais um surto de um vírus do tipo ebola ou as teorias que um meteoro irá novamente cair na terra e nos deixar com o mesmo destino que os dinossauros. Isso seria romântico, mas tiraria o foco do real problema que nosso planeta vive: a raça humana.
Nos últimos duzentos anos, a evolução da tecnologia e conhecimento humano nos trouxeram muitos benefícios, mas ao mesmo tempo, um grande problema.
Boa parte dos sete bilhões de pessoas que vivem neste planeta não acredita mais no fim do mundo.
E por que isso é um problema?
Porque esquecemos a mais básica lei da Física: dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. Nos últimos 100 anos, a população de nosso planeta quadruplicou. Neste ritmo, seremos 9 bilhões em 2050 ocupando o mesmo espaço que 1.5 bilhão ocupava há uma década.
Em algum momento decidimos que os medidores do bem estar e qualidade de vida são menos importantes que índices econômicos. Toda vez que paro para analisar este modelo de crescimento econômico como métrica de evolução de uma sociedade, fica claro que esqueceram de avisar a alguém que o crescimento constante e anormal de um organismo, sem controle e sem remédio, tem nome: se chama câncer.
Porque nosso modelo de sociedade passou a ser de utilizadores dos recursos naturais para consumidores de tudo. Consumimos pelo simples prazer de consumir, estimulados pelas empresas, que precisam alcançar suas metas e ajudar o PIB a crescer e o modelo econômico dar certo. Viramos e gostamos de ser apenas consumidores.
Acreditamos que os avanços da tecnologia irão magicamente resolver os problemas de escassez de recursos naturais à tempo de salvar-nos. Nos esquecemos que estes avanços da tecnologia também são movidos pelas leis de mercado, e que as chances são grandes que as tais “soluções” sejam oferecidos a poucos, deixando grande parte da população à mercê dos problemas criados.
Por isso e por tantas outras razões, deixamos de nos preocupar com o fim do mundo como algo que se lê em histórias de ficção. Deixamos de nos preocupar em como tratamos este planeta, que nos é emprestado enquanto estamos aqui. Ignorando os sinais claros que tem algo muito errado com tudo isso. E que, se não nos conscientizarmos disso, em breve a história nos mostrará que os Maias estavam certos. Eles só erraram a data.FONTE:ISTOE