terça-feira, 18 de dezembro de 2012
Salvador teve crescimento maior que a média nacional em divórcios: 50,74%
Um levantamento divulgado pelo IBGE mostrou que cada vez mais os brasileiros estão indo "cada um pro seu lado", como fez dona Izabel e o ex. Em 2011, o número de divórcios no Brasil chegou a 351.153, um crescimento de 45,6% em relação a 2010 (241.122). E na Bahia não foi diferente. Aliás, foi ainda pior (ou melhor, a depender do ponto de vista). O crescimento do número de divórcios entre 2010 e 2011 ficou em 46,3%, taxa que praticamente quadruplica se compararmos os anos de 2003 e 2011: 182% de aumento. Em Salvador, esse aumento foi de 272,8%.
O que aconteceu neste período, em parte, é explicado pela simplificação do processo de divórcio, na Justiça, a partir de 2010, com a Emenda Constitucional nº 66, de 13 de julho de 2010, que, entre outras coisas, suprime a necessidade de separação prévia de dois anos, conhecida no meio jurídico como "prazo de reflexão". "Era um prazo para as pessoas refletirem se queriam mesmo se separar", lembra o professor de Direito Civil da Ufba, Pablo Stolze.
Para ele, a mudança no código foi positiva porque facilitou a vida das pessoas mais carentes. "Nunca esqueço do dia em que estava tomando um café e lendo um livro sobre divórcios, e fui abordado por um garçom, feliz da vida por causa da emenda. Ele disse: "É verdade mesmo, essa lei? É agora que eu me separo’", ri Stolze.
Esse trabalho, a comerciante Camila Leão, 19 anos, nem teve. Ela conseguiu um feito raro: se separou no ano passado... uma semana antes de casar. "Estava tudo pronto: bufê, vestido, igreja, já tinha dado entrada nos papéis...mas eu descobri que gostava de outra pessoa, e não dele", lembra, rindo.
E a pesquisa também mostra que são as mulheres quem mais tomam a iniciativa na hora de separar. Entre os divórcios não consensuais ocorridos em 2011 no Brasil, cerca de 50 mil foram pedidos pela mulher. Já os homens que tomaram a iniciativa somaram 40 mil, aproximadamente. "Por um lado, as mulheres têm mais expectativa com relação ao casamento. Por outro, aprendeu a lidar melhor com as emoções e sinalizam mais quando algo não está bem", diz a professora de Psicologia da Unifacs, Juliana Cunha.
Ela lembra ainda da emancipação feminina como um fator que colabora cada vez mais para o aumento dos divórcios. "Hoje a questão da dependência financeira pesa bem menos que nos anos 70, por exemplo", lembra.
Filhos:
Os dados do instituto mostram ainda que, entre 2001 e 2011, aumentou o número de casais que compartilham a guarda de filhos menores. Eram 2,7% em 2001, e 5,4% no ano passado. Mesmo assim, as mulheres ainda são as que mais ficam com a guarda de filhos menores de idade.
Ao todo, em 2011, em 87,6% dos divórcios concedidos no Brasil, os filhos ficaram com as mães. Em relação aos pais, a guarda variou de 2,2% em Sergipe e 10,6% no Amazonas, estado onde há mais homens responsáveis por filhos menores. No Rio, 4% dos pais ficam com os filhos menores. Em São Paulo, 4,4%.
Casamentos:
A pesquisa também revelou que os brasileiros estão se casando mais, embora em proporções menores que o crescimento dos divórcios: 5% no Brasil, 10% na Bahia, e 13% em Salvador. Houve sete casamentos para cada grupo de 1 mil habitantes de 15 anos ou mais de idade em 2011. No ano anterior, a taxa havia sido de 6,7 matrimônios. O registro do ano passado atingiu o nível mais alto desde 2001, quando houve 5,8 casamentos a cada mil habitantes.
Segundo o IBGE, essa evolução observada nos últimos anos acontece devido às transformações dos arranjos conjugais, que vêm impulsionando os recasamentos, além das melhorias no acesso aos serviços de Justiça, ofertas de festas coletivas e facilidades para a concessão do divórcio, que possibilitam novas uniões.
E as pessoas estão se casando cada vez mais velhas. A idade média das mulheres solteiras na data do casamento foi de 26 anos, três anos a mais do que em 2001. Já os homens tinham, em média, 28 anos, dois anos a mais do que dez anos antes. O levantamento também mostra um aumento na proporção de recasamentos. Em 2011, eles representavam 20,3% do total das uniões formalizadas. Em 2006, essa proporção era de 14,6%, e em 2001, não passava de 12,3%.
Os casamentos entre homens divorciados e mulheres solteiras corresponderam a 8,7% do total. Já as uniões entre mulheres divorciadas e homens solteiros representaram 4,9% do total de casamentos registrados em 2011. Os casamentos entre cônjuges solteiros corresponderam 79,7% do total, mas vêm caindo progressivamente. Em 2001, eram 87,7% do total, e em 2006, 85,1%.
Um dado curioso, destacado pelo coordenador de disseminação de informações do IBGE, Joilson Rodrigues de Souza, é o mês em que acontecem mais casamentos. Diz a sabedoria popular que maio é o mês das noivas. Mas segundo o IBGE, o mês em que são registrados o maior percentual de casamentos é dezembro, seguido de janeiro. Maio fica apenas com o sétimo lugar.
"Dezembro e janeiro é mês de férias, tem o 13º que ajuda a pagar as despesas, e os noivos já aproveitam para emendar com a viagem de lua de mel", analisa Joilson. No outro extremo, o mês menos casadoiro é agosto, seguido por fevereiro.FONTE:CORREIO DA BAHIA