sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Atlético-PR veta entrevistas e abre polêmico debate sobre institucionalizar cobertura do time
Em uma medida inédita no futebol brasileiro, o Atlético-PR anunciou na última semana que as entrevistas de jogadores e de comissão técnica em dias de jogos estão vetadas, em nome do fortalecimento da cobertura nas mídias oficiais do clube. No entanto, o gesto de institucionalização imediatamente provocou reação indignada na imprensa diretamente atingida pela determinação e abriu debate sobre normas de atuação jornalística.
Para debater a questão, o UOL Esporte ouviu a posição do Atlético-PR, de representantes de categoria e de jornalistas que vivem a rotina do clube [opiniões no fim da reportagem].
No comunicado oficial divulgado pelo clube na última semana, a imprensa foi informada da proibição de contato com jogadores e comissão técnica em dias de jogos. Na mesma nota, o Atlético manifestou que os pedidos de entrevistas exclusivas para dias sem partidas serão analisados pelo departamento de comunicação.
Mas já na estreia do novo modelo a sensação de constrangimento foi experimentada entre as parte envolvidas. Segundo a imprensa local, durante o empate da equipe reserva com o Rio Branco no último domingo, no estádio Janguito Malucelli, o desconforto acompanhava os treinadores do time (Arthur Bernardes, que comanda o time sub-23 no início do Estadual, e Ricardo Drubscky). Os profissionais teriam recusado os microfones com pedidos de desculpas.
Também no domingo, o massagista Bolinha, querido pela torcida, voltava a atuar depois de superar um problema da saúde, que o alijou dos gramados por mais de um ano. Ele também foi impedido de atender os profissionais de rádio.
Dias depois, na última terça-feira o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, Guilherme Carvalho, se reuniu com o diretor de marketing e comunicação do Atlético, Mauro Holzmann, para expor a insatisfação da categoria com as restrições de atuação.
Além do mal-estar com a imprensa e o consequente distanciamento do torcedor, com a medida o Atlético-PR também assume o risco de limitar a exposição de mídia de seus parceiros. Atualmente o time de Curitiba ostenta a marca da Caixa como particionador máster, além da Netshoes em outro espaço da camisa de jogo.
Em contato com a reportagem do UOL Esporte através de sua assessoria de imprensa, a Caixa manifestou que não se pronuncia sobre o assunto, uma vez que "todas as cláusulas de contrato estão sendo cumpridas".
Presente na manga do uniforme do Atlético-PR, a Netshoes também prefere não se posicionar.
Por meio de seu diretor de marketing, Mauro Holzmann, o clube paranaense disse que tomou a decisão sem consultar seus patrocinadores. Também afirmou não temer um mau relacionamento com a imprensa local e falou em “parceria” pelo fato de a mídia poder utilizar os serviços do clube para a divulgação de notícias.
“Existe um pouco de desinformação nisso tudo. Não há retaliação a nada. O Atlético-PR só quer valorizar suas mídias. E buscamos e conversamos com algumas delas em busca de uma parceria”, falou ao UOL Esporte. "O patrocinador continua tendo o que sempre teve. Vendemos a camisa, tem lá a marca com a camisa."