terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Gil não concorda que Ivete seja dona da Bahia, mas acha que falta chance ao Olodum
O cantor Gilberto Gil discordou da declaração feita pelo presidente do Olodum, João Jorge Rodrigues, de que a Bahia virou a terra de Ivete Sangalo. "Não acho que a Bahia seja monopolizada por Ivete. O pessoal do Olodum vem de um segmento muito maltratado da sociedade baiana e, quando ele fala isso, é sobre o ponto de vista da discriminação, da falta de oportunidades", disse ele, nesta segunda-feira (11), ao UOL.
Rodrigues disse à Folha que o "Carnaval reproduz o capitalismo brasileiro". Mas, para Gil, existe um certo tipo de segregação e é preciso que o Olodum, por exemplo, se torne mais presente. "Eu participei do primeiro desfile do Olodum na Barra, mas eles não vêm mais [desfilar]. Ivete vem todo ano, e deve ser a esse tipo de oportunidade a que ele se refere".
"Isso é oferecido muito mais a quem é de classe média alta, dominante, do que a quem tem origem mais simples na sociedade", acrescentou o cantor. Nesta segunda, crianças da ONG Afro Quabales se apresentaram no camarote Expresso 2222, de Gilberto e Flora Gil.
Gil acredita ser necessário que a sociedade dê oportunidades para as manifestações culturais. Questionado sobre o sucesso do Psirico, que conseguiu o status de "pais do gueto", o cantor foi enfático: "Ali é outra coisa, é Marcio Victor. Não existem tantos assim com aquele carisma, grandeza e que deixa a gente arrepiado".