terça-feira, 18 de junho de 2013
A explosão da geração da democracia
Afinal, aconteceu. A primeira geração pós-ditadura militar emitiu um grito preso que percorreu as principais capitais do País para anunciar que na não aguenta mais; que não é esse o Brasil que se quer, com partidos movidos pelo dinheiro, com acordos entre o Executivo e o Legislativo num jogo deprimente de corrupção aberta e impune; com a violência comandando as populações das capitais com assaltos, homicídios, insegurança. A última manifestação cidadã, a dos caras-pintadas, que derrubou Fernando Collor do poder, tinha um objetivo determinado: construir um democracia limpa, sem corrupção num Brasil novo. Aquela geração nasceu nos anos 70, quando os militares comandavam a ditadura, quando se torturava, quando não havia direitos individuais nem liberdade. Esta de agora que ocupa as ruas demorou a explodir e fazer o que a todo o jovem compete. Lutar por um País prometido e que não aconteceu. Dominado por uma casta de políticos sem ética, integrantes de partidos sem ética, assistindo à troca de favores, a gastos públicos descomunais; ao erário assaltado, as grandes incorporações incrustadas nos ministérios, sugando o que podem. Haveria de acontecer e, de repente, aconteceu a revolta com se houvesse de cima uma voz de comando ecoando por toda a Nação. Mas não há lideranças, não há comandos. O que existe mesmo é uma revolta geral que haveria de explodir para não continuar ouvindo mentiras de políticos, de autoridades do Executivo e de instituições tortas. Foi uma explosão e tanto! A presidente Dilma jamais deixará de recordar das vaias que reverberam na sua cabeça, brindada que foi quando apareceu em público para inaugurar um estádio caríssimo, numa cidade que não tem futebol. Mané Garricha foi um jogador simples, ingênuo. Não precisava ter seu nome num estádio colossal de custo absurdo. A nova geração nascida em plena democracia abriu o peito num só grito, de norte a sul, a pretexto de qualquer coisa, de R$0,20, de um passe livre, de transporte coletivo correto, de qualquer coisa que significasse a presença deles nas ruas das grandes cidades para contestar com o Brasil que não aconteceu como prometido. Os primeiros movimentos foram reprimidos violentamente pela Polícia Militar, que atirava em quem quer que fosse, em jornalistas, inclusive, espancava namorados com bombas de gás, spray de pimenta. E tudo isso aconteceu também aqui em Salvador, há duas semanas, num protesto de alunos de medicina e professores do FTC que não recebiam salários. Foram violentamente reprimidos e o governo justificou a violência como necessária. Nos movimentos de ontem, as autoridades entenderam que a violência não era a solução. O que se viu foram protestos pacíficos de jovens que não deram margem à repressão. Houve, é certo, desmandos, praticados por grupos de vândalos no Rio de Janeiro, alguns, sem dúvida nenhuma, infiltrados por ser a infiltração uma das regras para reprimir. Houve vândalos, sim. O certo é que a nova geração da democracia não aceita o sistema que está implantado, enriquecendo bandidos; o PT mandando em tudo e empregando todos; o Congresso cometendo insensatez, aumentando as vantagens que recebem seus membros do erário, e os corruptos soltos, leve, em voo livre como aves de rapina. A presidente, ora a presidente! Tudo o que tem na cabeça são vaias e a sua reeleição, se a conseguir, no próximo ano. Enquanto a administração continua errada, sem reforma, com um PIB depravado e uma inflação incontida. FONTE:BAHIA HPJE