quinta-feira, 20 de junho de 2013
Aliados criticam governo Dilma e pedem reforma ministerial
Em meio à onda de manifestações em várias cidades brasileiras nos últimos dias, alas do PT e do empresariado recrudesceram as reclamações sobre a falta de interlocução do governo Dilma Rousseff com setores empresarial, político e social e pressionam por troca de ministros.
A insatisfação tem sido explicitada em encontros desses grupos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a Folha apurou, o petista respondeu a seus interlocutores que tem a mesma avaliação e que iria conversar com Dilma sobre a necessidade de abrir canais de diálogo com empresários, aliados políticos e líderes de movimentos sociais.
O ex-presidente esteve anteontem com sua sucessora em reunião emergencial em São Paulo para falar das manifestações de rua no país.
A Folha ouviu tanto de petistas quanto de empresários nos últimos dias que o governo precisa de uma chacoalhada e que o ideal seria fazer trocas na atual equipe para azeitar a interlocução do Palácio do Planalto com os demais setores da sociedade.
INTERLOCUTOR:
O marqueteiro João Santana também foi escalado para melhorar o diálogo com os empresários. Uma espécie de ministro sem pasta, Santana jantou nesta semana com um grande empresário.
Em comum nas conversas de industriais com Lula estão reclamações contra o estilo intervencionista da presidente e sobre o que consideram uma aversão à relação com o mercado. Para eles, Dilma precisa ter um ministro com livre trânsito no empresariado e estar mais aberta a sugestões da iniciativa privada.
Dentro do governo, assessores reconhecem que a administração dilmista precisa melhorar sua interlocução com esses setores, mas afirmam que não está nos planos da presidente fazer uma reforma ministerial agora.
A troca viria apenas no início do próximo ano, quando até 14 dos 39 ministros podem deixar o governo para disputar as eleições.
Nos setores petistas, a avaliação é que a presidente Dilma precisa mudar sua articulação com o Congresso e dar mais poder a Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), que estaria sem autonomia para dialogar com os movimentos sociais.
São comuns em Brasília relatos da falta de diplomacia de Dilma ao tratar com aliados no meio político e empresarial. Há algumas semanas, por exemplo, Lula foi ao Peru e se encontrou com o presidente Ollanta Humala.
"Tem sido difícil o relacionamento", disse ele ao petista. E citou um episódio: o Peru apoiou a eleição do brasileiro Roberto Azevedo para diretor da Organização Mundial do Comércio, mas até aquele momento Dilma não havia ligado para agradecer.