terça-feira, 30 de julho de 2013
Diretor demite 20 funcionários e afirma que o Clériston Andrade tem solução
O odontólogo, José Carlos Pitangueira, assumiu a direção do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) no dia 28 de junho deste ano. Nesta segunda-feira (28), após um mês de sua posse, ele esteve no programa Acorda Cidade, onde fez uma avaliação geral da situação da unidade hospitalar.
Acorda Cidade - O senhor já fez mudanças na administração do Hospital Geral Clériston Andrade?
Pitangueira - Estamos fazendo as mudanças que achamos necessárias.
AC - Quais os problemas que o senhor encontrou no hospital?
Pitangueira - O principal problema é a superlotação. O resto existe a possibilidade de se resolver rapidamente, porque são obras, são estruturas. Nós já começamos a atacar o centro cirúrgico e uma UTI. Nós vamos, devagar, fazer tudo que for possível para mudar a situação. Agora a superlotação, se nós não tivermos ajuda dos prefeitos, secretários de saúde dos municípios que circulam Feira de Santana, vai ser muito difícil, mas muito difícil mesmo. Temos que acabar com a ambulânciaterapia em Feira. Um dos municípios que mais mandam ambulâncias é o de Tanquinho. Precisam fazer um hospital naquele município. O atendimento básico deve ser feito em cada cidade. Mande pra nós o que é nosso: atendimento de urgência e emergência. A pactuação que existe entre os municípios, pactua 10 tomografias, eles mandam 50. As 40 quem é que vai pagar?
AC - O que é ambulânciaterapia?
Pitangueira - É comprar cinco ambulâncias, ao invés de construir um hospital. Eles botam dois, três pacientes dentro da ambulância, entregam na porta do hospital sem nem fazer a ficha. Assim eles resolvem o problema do município deles, mas cria o do Clériston Andrade.
AC - Os prefeitos da região têm os recursos e não estão atendendo no município?
Pitangueira - Eu não sei. Do jeito que está tem que saber onde está sendo aplicando os recursos. Eu não quero criticar, pois não sei qual é a retaguarda deles. Eu só sei que tenho que reclamar para eles se defenderem.
O prefeito de Tanquinho, Jorge Flamarion, entrou em contato com o Acorda Cidade e disse que o município dá assistência as cidades de Candeal, Ichu e uma parte de Feira de Santana. Ele informou que teve uma reunião com o secretário estadual de Saúde, Jorge Solla, e que foi informado que três hospitais da região do portal do sertão, (Santo Estevão, Irará e Conceição do Jacuípe) serão recuperados.
“Nós damos atendimento básico sim, mas não temos algumas especialidades no município e temos que encaminhar para outras unidades que tem recursos melhores”, afirmou.
Pitangueira, em resposta, disse que conversou com a secretária do município de Tanquinho e explicou sobre as dificuldades do Clériston Andrade.
“Pedi que em caso de necessidade, eles liguem pra nós antes de mandar o paciente, pois teremos prazer em atendê-los. Pedi isso, porque o pessoal de Tanquinho está deixando o paciente na porta do hospital e está indo embora. Sei que a culpa não é do prefeito, mas ele precisa saber”, ressaltou.
AC - E sobre as macas do Samu que estão ficando presas no HGCA. É falta de macas no hospital?
Pitangueira - Não. Essa parte, eu acho que temos que sentar para administrar essa briga. Ontem pela tarde conseguimos liberar todas as macas. Agora se chega um paciente no atendimento de emergência e nós não temos mais nenhuma maca, todas estiverem cheias, nós vamos ter que usar as macas do Samu. As ambulâncias do Samu para a população de Feira de Santana não é pouca, é pouquíssima. A população precisa de mais ambulâncias. Voltando a questão do Clériston Andrade, o hospital tem 30 anos. Antes tínhamos 250 mil habitantes, hoje temos quase 650 mil, e é o mesmo hospital, com os mesmos leitos e os mesmos médicos. Os municípios circunvizinhos cresceram também e foram criados outros nesses 30 anos. Vai ficar o mesmo hospital? Se fizer mais dois ou três, enche.
AC - No Hospital Geral do Estado existe um convênio com uma empresa de maqueiros, que quando uma ambulância chega, os pacientes deixam a ambulância e já entram no hospital com as macas dessa empresa. É possível fazer o mesmo convênio para o Clériston?
Pitangueira - Eu não sei desse contato, mas quando eu fui diretor do HGE eu não me lembro dessa empresa. Entrava maca mesmo. Mas eu vou procurar saber e seria uma boa ideia.
AC - Qual é a realidade do hospital hoje, quantos pacientes comporta o Clériston?
Pitangueira - Suporta 305 pacientes. Mas sexta-feira (26) tinha mais de 480 internados.
AC - O Clériston Andrade tem jeito?
Pitangueira - Claro. Todos os funcionários estão vestindo a camisa e ajudando para que a situação melhore. Todos querem a melhoria e eu sozinho não posso fazer nada. Nós precisamos do reconhecimento do nosso trabalho. Ninguém pode reclamar de superlotação, pois isso nem Deus vai resolver. Vamos analisar o que pode ser feito para diminuirmos as macas no corredor. O governo tem dado suporte total. Nos hospitais que passei eu mudava minha sala, assim como vou mudar no Clériston. No administrativo eu não fico. Vou colocar minha sala no meio, perto da UTI, da emergência, porque dali eu vejo tudo. Temos que trabalhar mostrando trabalho.
AC - As reformas que foram feitas no hospital não deram resultados?
Pitangueira - Estamos começando a fazer a reforma do centro cirúrgico, mas temos algumas dificuldades com relação ao telhado, por exemplo. A emergência também vai ser ampliada. A parte elétrica e de cabeamento telefônico também será mudada.
AC - A UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Clériston Andrade vai sair?
Pitangueira - Antes de 30 dias vai voltar as obras e isso vai melhorar muito, pelo menos o atendimento básico. Eu acho que se conseguíssemos entrar em acordo com o município para tirar a maternidade de dentro do Clériston Andrade, seria um ponto principal. O Clériston ficaria apenas para urgência e emergência. Assim a gente ganharia mais espaço.
AC - Como o senhor pretende mudar a má qualidade no atendimento do hospital?
Pitangueira - Não se pode ter uma boa qualidade de atendimento do jeito que está. Tem funcionários para atender 20 pacientes e atende 60 em um lugar só. Não tem como prestar um bom atendimento.
AC - O senhor tem funcionários suficientes?
Pitangueira - Não, porque tem muita gente que se aposentou. Eu estou procurando o caminhão de reda, mas ainda não achei.
AC – Com relação aos técnicos de enfermagem que trabalham 12 horas por dia e quando vão mudar o plantão tem que dobrar o turno, como fica a folga?
Pitangueira - Essa questão é importante. Em Feira de Santana me assustou os atestados médicos. Nós vamos tentar resolver o problema pedindo a esses funcionários que se conscientizem.
AC - O que o senhor vai fazer para melhorar sala vermelha?
Pitangueira - Já estamos melhorando. Tem cinco fisioterapeutas que chegaram e já estão trabalhado lá dentro. Já temos seis respiradores, quatro monitores e vamos resolver aos poucos, mas repito: na sala vermelha só cabe oito pacientes e tinham 15 ontem.
AC - O senhor já afastou algum terceirizado?
Pitangueira - Tínhamos uma lista de 20 colaboradores que não estavam correspondendo e afastamos todos de vez.FONTE:ACORDA CIDADE