Não é somente o governador Jaques Wagner e o seu PT que cuidam da sucessão governamental baiana. É certo que os petistas saíram na frente, com quatro pré-candidatos, hoje reduzidos a dois, com o afastamento do ex-prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, enredado numa teia de aranha que poderá levá-lo à justiça, e o secretário do Planejamento, José Sérgio Gabrielli, que está encontrando dificuldades no partido. Não está inteiramente fora do jogo. A novidade é o processo de organização das oposições no Estado, insuflado pelos resultados das pesquisas eleitorais recentes.
Os governistas ainda contam com Lídice da Mata, a depender do pré-candidato à Presidência Eduardo Campos; o vice-governador Otto Alencar, e o deputado presidente da Assembléia, Marcelo Nilo, mais do que nunca candidato. Aliás, candidatíssimo. Dos três nomes citados neste parágrafo, quem provavelmente está mais cômodo é Nilo, como será possível observar no transcorrer desta análise.
Os oposicionistas estão se aglutinando. As pesquisas os colocaram em situação de privilégio, com ACM Neto à frente com 36%, mas não será candidato porque não seria correto se afastar da Prefeitura de Salvador. Paulo Souto, que aparece em segundo lugar, com algo em tono de 19% das preferências e Geddel Vieira Lima que pontua 14%. Os demais estão abaixo de 10% e a maioria dos governistas abaixo de 5%. O ex-ministro Geddel Vieira Lima passou a estabelecer conversas com o agrupamento oposicionista e, no momento, está praticamente definido que os três principais partidos, o PMDB, o PSDB e o DEM formarão um conjunto com o mesmo objetivo: o governo.
Geddel está em posição privilegiada porque, pelo menos por ora, Paulo Souto não demonstra interesse em voltar ao governo baiano e enfrentar uma gestão com dificuldades, como atualmente acontece com a quebra da receita do governo estadual. As dificuldades financeiras levam o governador Jaques Wagner a determinar cortes nas despesas e a demissão de cargos comissionados até o teto de 10% deles. É uma decisão dura, mas absolutamente necessária, porque a macroeconomia brasileira não vai bem. A presidente Dilma se contorce para colocar o País nos eixos. A crise é mais forte do que ela e as medidas tomadas por seu governo até aqui não surtiram efeito.
O ex-ministro Geddel não é de fazer premonição, como diz, mas entende que será difícil a recuperação da máquina estadual e não crer numa mudança também a partir da União. Presume que a disputa presidencial será complicada. Acredita num avanço de Aécio Neves que poderá fechar 60% de Minas Gerais e, também, ganhar São Pulo, onde o tucanato enfrenta dificuldades. Acredita que a rivalidade com o PT prevalecerá.
Com relação à Bahia, se Paulo Souto ficar fora do processo, com começa a transparecer, a união poderá ser feita em torno de Geddel, assim ele crer, mas diz que aceitará qualquer decisão do agrupamento oposicionista. Comparando com os governistas comandados por Wagner, entende que seu candidato é e será Rui Costa, mas não enxerga no preferido facilidades para encantar o eleitor, em consequência da sua personalidade e do seu pouco traquejo na ação política. “Será difícil emplacar Rui Costa. Se tentar Wagner sofrerá uma derrota e, talvez, de proporções”.
Ainda dando continuidade ao que pensa, não acredita em José Sérgio Gabrielli, “que está solto no processo sem ter plataforma de apoio”. Sobre o senador Walter Pinheiro considera que Wagner não o vê com olhos de “companheiro”. Se for para a base aliada, afasta Otto Alencar. Na concepção de Geddel, Otto é carlista de nascença e um interregno de oito anos de mandato, se Wagner o apoiar irá mergulhar no passado. Em relação ao deputado Marcelo Nilo, Geddel não acredita que venha ser postulante, embora tenha boa relação com o governador.
Assim, com a visão voltada para a política nacional e para o que acontece na Bahia, Geddel Vieira Lima aposta na oposição e a vê com chances maiores do que apregoam os governistas.Fonte:Atarde(texto/foto-Samuel Celestino)