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Depois de seus dez primeiros jogos no Brasileirão deste ano, o Bahia era o 4º colocado, com 16 pontos e aproveitamento de 53%. Nas últimas dez rodadas, a performance despencou. Se levarmos em conta o desempenho nesses jogos, o Bahia seria o 18º colocado, com seis pontos ganhos. Campanha melhor apenas que a dos piores times da competição - Ponte Preta e Náutico –, que, no período, marcaram, respectivamente, cinco e dois pontos. Na última dezena de partidas, o Bahia fez dois gols a menos (nove) que na primeira. A pior involução foi da defesa, que tomou o dobro de gols: 18. O aproveitamento desmoronou de 53% pra 20%.No Vitória, a derrocada também foi grande. Nos dez primeiros jogos, era o sexto, com 15 pontos. Nas últimas dez rodadas, o Vitória só fez nove pontos. A campanha no período é a 17ª, à frente apenas de Bahia, Ponte e Náutico. O saldo de gols, que era positivo de três, virou um negativo de sete. O aproveitamento caiu de 50% pra 30%.
Nas últimas dez rodadas, Bahia e Vitória só ganharam pra Náutico e Ponte Preta, lanterna e vice. Contra times atualmente no top 10, nesse período, o Bahia perdeu quatro (Atlético-PR, Cruzeiro, Grêmio e Galo), e o Vitória perdeu três (Cruzeiro, Santos e Corinthians). Nas primeiras dez rodadas, nossos times tinham vencido quatro top 10. Inter, Botafogo e Goiás, pelo Bahia, enquanto o Furacão perdeu pro Vitória.
O colega comentarista do Sportv Bob Farias diz que o Brasileirão é uma ladeira íngreme, onde alguns carros de motor menos potente até conseguem subir facilmente os primeiros metros se tiverem atingido uma certa velocidade antes de encará-la. Mas que, ao longo da subida, os de motor mais fraco começam a sentir a falta de potência e ficam pra trás. Nossos clubes têm mostrado que são carros populares, motor 1.0.
A ladeira expôs as fragilidades dos nossos motores quando a sequência começou a exigir elencos melhores. O Vitória teve 44 dias pra disputar seus dez primeiros jogos, sem contar o intervalo da Copa das Confederações. Os últimos dez foram realizados em 37 dias, que compreenderam ainda os dois jogos da Copa Sul-Americana. Pro Bahia, no começo, foram dez jogos em 36 dias. Nos últimos 37 dias, 12 jogos - dez nacionais e dois internacionais.
A desorganização do nosso calendário cobra um preço maior de quem tem menos grana, é claro. É o caso da dupla Ba-Vi, cujos orçamentos não estão entre os dez maiores do país. Mas o calendário é igual pra todos. É por isso que Bahia e Vitória não podiam se dar ao luxo de ainda estarem com os elencos em formação. Pagam caro também por terem se planejado mal.
Se quiserem evitar o pior, Bahia e Vitória têm que achar o elo perdido entre suas campanhas no começo para as de agora. Caso mantenha o aproveitamento de 30% das últimas 10 rodadas daqui pra frente, o Vitória fará 42 pontos. O Bahia, com os 20% no período, chegaria a 35. Para os matemáticos, a linha de corte deste ano é de 46 pontos pra ficar na elite. Ou seja, se mantiverem o marasmo, veremos o maior clássico do Nordeste na Série B no ano da Copa do Mundo no Brasil.
Restam 17 jogos. O Vitória precisa de mais 19 pontos pra espantar o fantasma - seis vitórias e um empate. Ao Bahia, com 25 pontos, faltam mais 21, ou, sete vitórias. A distância entre o Atlético-PR, último do G-4 e o Vasco, primeiro do Z-4, é de apenas 11 pontos. É a menor distância entre o "céu" e o "inferno" na história do Brasileirão de pontos corridos, o que mostra o nível acirradíssimo de competitividade que nossos times terão pela frente pra se manter no "purgatório". Não vai ser fácil.
Certo é que quem começou sonhando alto vai ter que se contentar em lutar pra evitar um vexame no final. De novo... Até quando nosso futebol vai se limitar a ser só isso? Merecíamos mais.Fonte:Correio da Bahia
