Depois de desembarcar do governo Dilma Rousseff, o governador Eduardo Campos (PSB-PE) afirmou ontem que, se o cenário eleitoral exigir, Lula "volta 20 vezes".
O movimento pelo retorno do petista ao grid de candidatos nacionais tem sido desencorajado pelo PT e pelo Planalto para não enfraquecer politicamente a presidente, candidata à reeleição.
"O quadro [de 2014] não está muito claro. Lula disse em entrevista esta semana que está no jogo. Ele disse isso. Se o cenário exigir, ele volta 20 vezes", disse Campos à Folha.
Questionado se isso mudaria os planos do partido de, eventualmente, lançá-lo candidato, afirmou: "Depende. Se a gente já estiver voando, vamos seguir voando. Depois de março, vai ficando difícil".
Internamente, Campos confidenciou ter dificuldade de enfrentar o ex-presidente, de quem é amigo. Também jamais admitiu abertamente concorrer no ano que vem.
Mas, em menos de dez dias, o PSB desembarcou do governo federal, despediu-se da ala do partido que resistia a um voo solo e, assim, liberou o caminho para 2014.
Nos próximos meses, vai mergulhar nas articulações locais para definir quem será seu candidato ao governo de Pernambuco. Seu projeto nacional passa, necessariamente, pelas condições de vitória de um afilhado seu no Estado que governa desde 2006.
Pela primeira vez, ele falou de forma mais clara dos limites de uma estreia nacional.
"Não pode ser um negócio feito de todo jeito [a qualquer custo]. Até aqui, estamos ganhando, estamos crescendo, discutindo o país", disse.
E completou: "Temos capacidade e ideias para discutir o Brasil. Mas, se o caminho ficar espremido, com Marina, Aécio, Serra, Lula, daremos murro em ponta de faca? Não podemos, na largada, ficar no acostamento".