Destinado a prefeitos que se destacam em áreas como saúde, educação e administração moral e legal, o prêmio Gestão Pública corre o risco de acabar "por falta de prefeito honesto".
O anúncio foi feito nesta semana por Pedro Oliveira, presidente do Instituto Cidadão, que promove a entrega dos troféus.Este premio chegou a se chamar de "Oscar da administração pública".
Segundo Oliveira, quando a comissão julgadora encontra um prefeito empreendedor que investe em boas ações, esbarra no fator moral e legal-ou vice-versa.
"Além disso, constrange-nos o fato de, após agraciado, o prefeito ser acusado formalmente de desvios de dinheiro público", diz.
Para atender ao quesito moralidade, o instituto consulta Tribunais de Contas, Ministério Público e Justiça. Mas, como algumas investigações nesses órgãos correm em sigilo, os jurados acabam caindo em armadilhas.
"Isso frustra nosso entusiasmo de prosseguir com o evento, pois também expõe o instituto, já que não podemos tomar de volta o troféu", diz.
O prêmio, batizado de José Aprígio Vilela, empresário, irmão do governador Teotonio Vilela (PSDB), iria para a quarta edição. No ano passado,tem apoio do governo estadual.
A diretoria do Instituto Cidadão --entidade sem vínculos partidários, segundo seu estatuto-- vai se reunir para decidir o futuro do prêmio.
Oliveira defende a suspensão, mas diz que outros diretores querem mudar o regulamento para premiar outros gestores, como secretários.
Vencedora do prêmio por duas vezes, em 2011 e 2012, a ex-prefeita de Piranhas Mellina Freitas (PMDB) foi acusada em abril de desviar quase R$ 16 milhões da prefeitura em licitações fraudulentas.
Seu advogado, Fábio de Almeida, afirma que eventuais "irregularidades formais" nas licitações eram de responsabilidade da área técnica, e não da prefeita.
Mellina não foi presa porque conseguiu na Justiça um salvo-conduto. Ela é filha do desembargador Washington Luiz Freitas, ex-presidente do Tribunal de Justiça alagoano.
Fonte:Folha