quarta-feira, 2 de outubro de 2013
'Não acredito nessa pesquisa', diz Maria da Penha sobre lei não reduzir mortes de mulheres
A ativista pelo fim da violência contra a mulher, Maria da Penha Maia Fernandes, afirmou, nesta terça-feira (1º), que não acredita no estudo divulgado na última quarta-feira (24) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que atesta a não diminuição do feminicídio – morte de mulheres por agressão dos seus companheiros – mesmo após sete anos de a lei, que leva o seu nome, ter entrado em vigor. “Eu não acredito nessa pesquisa. Se a gente pensar que até o ano passado ainda não existia o juizado para a mulher e que durante esses sete anos as coisas só foram mais efetivas nas capitais, e ainda assim com muita dificuldade, não podemos dizer que a lei não funcionou”, refletiu. “Os gestores públicos não se preocupavam com a lei e muitos até hoje não se preocupam. Se essas mulheres não têm para onde ir, elas vão ficar com o agressor”, completou. A declaração foi feita no lançamento da campanha “Compromisso e Atitude Lei Maria da Penha” na Bahia, realizada na sede do Ministério Público estadual (MP-BA). O programa do governo federal objetiva conseguir a aplicação mais efetiva da lei para diminuir a impunidade dos agressores. Maria da Penha defendeu a necessidade de uma melhor preparação dos policiais para lidar com situações de agressão doméstica. “Se a denunciante não tem a certeza de que vai ser protegida, é melhor não denunciar. Nossos policiais têm que ser capacitados. Quando um policial prende um agressor, os outros se sentem mais coibidos para continuar cometendo as violências”, afirmou.