quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Rui Costa diz que é hora da decisão
Pré-candidato à sucessão estadual, o deputado federal e secretário da Casa Civil, Rui Costa (PT), admitiu a necessidade de antecipação na escolha do nome que representará o governo nas eleições de 2014.
O titular destacou que há um “consenso” de que o postulante petista para a disputa deve ser definido até novembro. Costa dá pistas da candidatura e não esconde que pode ser o preferido do governador Jaques Wagner (PT) no processo. Nesta entrevista, oexecutivo nega a existência de tensão na base, destaca a legitimidade do PT para liderar a chapa, critica alianças do PSB nacional e ironiza discurso da oposição.
Segundo ele, não houve fortalecimento do grupo adversário, já que os integrantes apenas trocaram de camisa entre si. Costa confia na unanimidade da Câmara de Vereadores de Salvador e na Assembleia Legislativa da Bahia para a facilitação da aprovação dos projetos referentes ao metrô, antes da chega da presidente Dilma Rousseff (PT) na próxima quarta-feira. Segundo ele, novas obras serão anunciadas neste mesmo dia. Confira:
Tribuna da Bahia – O senador Walter Pinheiro, o ex-prefeito Luiz Caetano e o secretário de Planejamento José Sérgio Gabrielli, pressionam por uma definição sobre quem será o representante do governo em 2014. Como favorito, como vê essa pressão?
Rui Costa - Olhe, nós temos mais um consenso entre nós e isso é bom. Temos o consenso de que não haverá prévias e outro, inclusive meu, de que chegou a hora de tomar a decisão. Então vejo isso como ponto positivo porque estamos pensando da mesma forma.
Tribuna - Quando haverá a definição sobre o nome do PT? Existe um prazo para definir o candidato do partido?
Costa - Olhe, prazo não existe. Não há uma decisão formal do PT com prazo. Há um sentimento de toda a direção do partido, sentimento dos quatro de que chegou a hora de se aprofundar, de acelerar, e eu diria que se fixar prazo, mas estamos no mês de outubro e quem sabe é chegada a hora de tomarmos essa decisão. Todos têm consenso nisso e o governador assim está compreendendo, de que o nome do PT precisa ser consolidado até o mês de novembro.
Tribuna - E quais deverão ser os critérios para a escolha do candidato?
Costa - Eu acho que não se trata de critérios objetivos. Existe uma série de avaliações que podem ser subjetivas que cada um deve ter. Repito: não estamos discutindo o perfil nem qualidades individuais, mas o papel de cada um. Se é melhor um ser deputado federal, o outro continuar sendo senador. No meu caso, se é melhor continuar sendo deputado federal ou ser candidato a governador? No de (Walter) Pinheiro, se é melhor continuar sendo senador ou é para ele ser candidato a governador? No de (Luiz) Caetano é melhor ele ser federal ou candidato a governador? Não se trata das qualidades e defeitos de cada um, mas se trata de nomes que podem agregar, que possam ter no conjunto dasociedade e das lideranças políticas do Estado uma aceitação e também qual o papel que cada um deve ter, qual contribuição que cada um deve ter. É bom ter Rui Costa como deputado federal ou aqui? É bom ter Pinheiro aqui ou como senador? É um pouco discutir sobre como nós podemos utilizar os nossos quadros políticos.
Tribuna - Até porque está elevando o termômetro e o tensionamento dentro da base, ou não?
Costa - Eu não diria a palavra tensionamento. A imprensa cumpre o seu papel com ansiedade de trazer a notícia em primeira mão. Os veículos tentam dar furo e isso vai inquietando em um e outro a necessidade até de responder. Todos, inclusive eu, a cada entrevista é fustigado, e isso vai criando em cada um a angústia de ter logo a resposta, até para colocar um ponto final nisso. Isso vai fazendo com que um ou outro avance mais em uma palavra ou outra, o que gera certa inquietação. Eu não diria tensão. Eu não sinto na base, nem no PT nenhuma tensão, mas sim uma ansiedade crescente pela definição da chapa.
Tribuna - Crescem os rumores de que o governador Jaques Wagner (PT) já teria batido o martelo pelo senhor. Confirmado isso, o que fazer para se fortalecer e se viabilizar dentro da própria?
Costa - Olhe, essa resposta eu terei o maior prazer de lhe dar até em primeira mão, mas já pode confirmar o nome. Eu não acho bom falar sobre hipótese porque isso é precipitar as coisas. Acho que primeiro tem que ter a confirmação para depoiseventualmente se falar sobre a condição de... Não acho que é bom você antecipar a condição se ela não foi confirmada. Não acho isso positivo. Isso pode trazer mais tensionamento e ruídos, o que não é bom.
Tribuna - Aliados deixam claro que o discurso do PT, de que possui legitimidade, não terá força. Acredita que olançamento de mais candidaturas, como a da senadora Lídice da Mata, possa fragilizar a base do governador Jaques Wagner?
Costa - Não. Eu não vejo muito esse questionamento. A senadora Lídice está no momento dentro de um plano nacional com a candidatura de Eduardo (Campos). Eu diria que o PSB passa por um momento muito difícil de esvaziamento e diminuição do seu tamanho no plano nacional. Têm muitos quadros políticos do País inteiro, prefeitos, vereadores, deputados estaduais, federais, até governador saindo do PSB, portanto é um momento de dificuldade. O PSB faz um movimento, inclusive de filiar no PSB, não é nem de fazer aliança, pessoas tradicionais de direita, como o senador Heráclito Fortes, que é conhecido no País inteiro por posições altamente conservadoras. Isso até então não era do perfil do PSB, portanto acho que há uma transformação profunda no perfil do partido. A senadora Lídice da Mata tenta evidentemente dialogar com o seu partido, o que não podia ser diferente, e anuncia uma candidatura que está muito vinculada ao plano nacional. Eu não sinto questionamento dos outros partidos aliados sobre a legitimidade do PT de liderar o processo e ter candidatura. Pelo contrário. Sinto certa ansiedade na definição do nome. Eu diria que há um reconhecimento de que o partido tem legitimidade por ser o maior partido, ter o maior número de deputados, vereadores, atualmente tem o governo. Nós deveremos fazer composição com os aliados apoiando suas candidaturas em vários estados. Eu diria que é legitimo, dado esse quadro nacional de apoio que estamos dando, que sejamos apoiados aqui.
Tribuna - Como um político experiente e braço do Executivo, qual o cenário que o senhor vislumbra para 2014?
Costa – Só se eu fosse jogar os búzios para prever (risos). É muito difícil prevê um cenário. O quadro estadual sofre muita influência do quadro nacional. Neste exato momento em que dou esta entrevista, eu não sei se a Marina (Silva) já decidiu em qual o partido irá ingressar. Ela se filiar desdobra o quadro de uma forma nos estados e não se filiando isso se desdobra de outra forma. Eduardo Campos confirmando a sua candidatura, de uma forma, não se candidatando se desdobra de outra forma. Na eleição de cada estado é preciso avaliar a repercussão do plano federal. É muito prematuro desenhar cenários. Não é bom fazer adivinhações.
Tribuna - E quanto ao fortalecimento da oposição, com novos integrantes e promessa de união com vistas em 2014? O senhor considera isso uma ameaça?
Costa - Eu só não vi os novos integrantes. O que eu percebi é que houve uma mudança das cadeiras. Todos eram de oposição. Eles só trocaram de camisa. Um estava no PMDB e trocou pela camisa do DEM. Outro estava no DEM e vestiu a camisa do PMDB. Elmar era do PR, mas não se declarava da base do governo. Ele sempre foi oposição. Ele só mudou a camisa. Bruno Reis era de oposição. Nunca vestiu a camisa do governo. Só mudou a camisa para o PMDB. Todos os nomes anunciados são de oposição. Qual era da base do governo e foi para oposição? Eu não vi. Para fazer festa, a oposição resolveu trocar a camisa dos seus atletas e comemorar. Eu não chamaria isso de fortalecimento. Eu diria que, para fazer eventos, a oposição decidiu fazer trocas partidárias e comemorar.
Tribuna - Pra finalizar, o que a população pode esperar do secretário da Casa Civil, Rui Costa?
Costa - Olha, como deputado federal e secretário da Casa Civil, a população pode esperar muito trabalho, muita dedicação, pois esse é o meu perfil. Graças a Deus hoje me sinto feliz e orgulhoso, pois vou completar dois anos agora em dezembro à frente da Casa Civil e eu me lembro que quando cheguei aqui eu assumi um compromisso com o governador de dar celeridade às ações de governo. Em dois anos nós captamos em volume considerável de recursos para água e esgoto, iniciamos obras, inauguramos obras importantes como a adutora de Irecê e Guanambi. Eu vou sair da Casa Civil e vou deixar praticamente em fase de conclusão toda a Bacia do Tucano que é o chamado programa Águas do Sertão. Vou deixar, junto com a Sedur e a Conder, encaminhadas obras importantes viárias, estruturantes e transportes de massa, como o metrô, VLT e BRT que a cidade nunca teve. O metrô estava aí há 12 anos emperrado e nós conseguimos em curto prazo de tempo colocar em curso. Vamos entregar a Via Expressa e outras obras. Sinto-me feliz, realizado e com sentimento de dever cumprido. Hoje me permita afirmar que a Bahia está melhor e vai ficar melhor ainda no futuro próximo.
Fonte:Tribuna da Bahia:(Colaboraram: Fernanda Chagas e Lilian Machado)