quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Corpo de João Goulart é exumado após mais de 18 horas no RS
A exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart (1919-1976), conhecido como Jango, foi concluída por volta das 2h desta quinta-feira (14), depois de mais de 18 horas de trabalhos, no mausoléu da família no cemitério Jardim da Paz, em São Borja (RS). A informação foi confirmada pela SDH (Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República).
A partir das 6h, ainda segundo a SDH, os restos mortais de Jango sairão de São Borja rumo à Brasília. Na capital federal, o corpo permanecerá no Quartel da Brigada Militar (BM), sob escolta da Polícia Federal e da Brigada Militar e será submetido à coleta de amostras para os exames antropológico, de DNA e toxicológicos --este último será realizado fora do país.
Às 10h, haverá uma solenidade, na Base Aérea, na qual o governo federal concederá honras de Chefe de Estado a Jango.
Os trabalhos para realizar a exumação começaram por volta das 7h de ontem e envolveram uma equipe de 12 especialistas, entre profissionais brasileiros e da América Latina.
O neto de Jango, João Marcelo Goulart, que é médico, participou do procedimento, auxiliando os peritos. Para ele, a exumação "transcende o interesse da família. É uma questão de interesse do país".
Trinta e sete anos depois da morte de João Goulart popularmente conhecido como "Jango", a exumação foi possível graças a uma decisão da Comissão Nacional da Verdade e do MPF-RS (Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul) e deve esclarecer a causa da morte do ex-presidente.
Tese de envenenamento e investigação
Deposto pelos militares em 1964, Jango morreu em dezembro de 1976 durante exílio na Argentina, supostamente de ataque do coração.
A despeito da versão da história oficial da morte de Goulart, a família do ex-presidente acredita que ele possa ter sido envenenado, vítima de um assassinato político como parte da chamada "Operação Condor" (uma aliança entre as ditaduras do Cone Sul nos anos 1970 para perseguir os opositores dos regimes militares da região).
O processo de exumação de Jango teve início ainda em 2007, quando a família do ex-presidente deposto pelos militares pediu ao MPF a reabertura das investigações. Em 2011, o pedido foi estendido à SDH.