O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, condenado a 12 anos e sete meses de prisão no processo do mensalão, passa a ser procurado pela Interpol.
Segundo o delegado de plantão da Polícia Federal Marcelo Nogueira, uma foto de Pizzolato foi enviada para todas as polícias do mundo em um sistema chamado de Difusão Vermelha. Pizzolato está foragido do Brasil e usará sua dupla cidadania para tentar novo julgamento na Itália.
O ex-diretor do BB já teria deixado o País há 45 dias. Ele teria fugido por terra, por Pedro Juan Caballero, no Paraguai. De lá, ele foi para a Itália.
Na sexta-feira, 15, o STF expediu mandado de prisão contra 12 condenados e apenas Pizzolato não se apresentou.
O advogado Marthius Sávio Lobato, afirmou que já não defende mais Pizzolato, já que seu trabalho terminaria com o trânsito em julgado da ação.
Fuga
A Polícia Federal aguardava ontem que Pizzolato se entregasse, mas em carta divulgada pelo seu advogado, Marthius Sávio Lobato, ele disse que, aproveitando a dupla cidadania, vai apelar para um novo julgamento italiano.
Ontem, no feriado da Proclamação da República, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, expediu mandados de prisão para 12 condenados, entre eles o ex-diretor do Banco do Brasil. Pizzolato era o único que não havia se entregado e passou a ser considerado foragido da Justiça.
Ontem à tarde, a PF informou que o nome de Pizzolato será lançado na lista de foragidos da Interpol, organização internacional de auxílio às polícias de diversos países. O ex-diretor do BB, foi condenado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato. Sua fuga tem potencial para causar desgastes no governo federal. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, havia determinado ao diretor-geral da PF, Leandro Daiello, que coordenasse os trabalhos de cumprimento das ordens de prisão.
Segundo apurou a reportagem, Pizzolato não aguardou o resultado do julgamento do Supremo que decidiu pela execução imediata das penas de parte dos condenados. Ele teria deixado o País há 45 dias, por terra, por Pedro Juan Caballero, no Paraguai. De lá, o ex-executivo do Banco do Brasil, que tem dupla cidadania, seguiu para a Itália. Até o final da manhã de ontem o delegado de plantão na Polícia Federal, Marcelo Nogueira, ainda esperava que Pizzolato se entregasse, conforme se comprometera seu advogado.
Na noite de sexta-feira, equipes da PF foram a dois endereços em Copacabana em busca do ex-executivo e o delegado chegou a dizer que a nota devia ser “uma nota falsa” porque familiares de Pizzolato informaram mantinham a informação de que ele se apresentaria. O advogado do ex-diretor do BB, Marthius Sávio Lobato, confirmou, por volta das 11h30, que Pizzolato já havia deixado o País. Lobato, que vinha mantendo contato com a Polícia Federal, disse que há 15 dias deixara o caso.
Na carta de 35 linhas, Pizzolato tenta justificar sua fuga dizendo que buscará uma nova sentença na Justiça italiana. “Por não vislumbrar a mínima chance de ter um julgamento afastado de motivações político eleitorais, com nítido caráter de exceção, decidi consciente e voluntariamente fazer valer meu legítimo direito de liberdade para ter um novo julgamento, na Itália, em um Tribunal que não se submete às imposições da mídia empresarial, como está consagrado no tratado de extradição Brasil e Itália”, escreveu o ex-diretor do Banco do Brasil. Na carta, Pizzolato sugere ter sido usado.
“Fui necessário para que o enredo fizesse sentido. A mentira do ‘dinheiro público’ para condenar... Todos. Réus, partidos, ideias, ideologias”. Ele não cita diretamente os ministros do Supremo Tribunal Federal, mas faz uma clara alusão à atuação do presidente do STF, Joaquim Barbosa: ‘Conduta agressiva’.
“Minha decepção com a conduta agressiva daquele que deveria pugnar pela mais exemplar isenção, é hoje motivo de repulsa por todos que passaram a conhecer o impedimento (...) de que um mesmo juiz atue em todas as fases de um processo, a investigação, a aceitação e o julgamento, posto a influência negativa que contamina a postura daquele que julgará.”
Segundo Nogueira, agora o caso ficará a cargo do Ministério da Justiça, que poderá entrar com um pedido formal de extradição. Na avaliação pessoal do delegado, haveria grandes chances de o governo italiano negar o pedido em função do processo do ex-ativista italiano Cesare Battisti, cujo pedido de extradição foi negado pelo Brasil.
Pizzolato ocupava a diretoria do Banco do Brasil como filiado ao PT e militante da sigla desde a sua fundação. No mensalão ele foi acusado de liberar irregularmente R$ 73 bilhões da Visanet para a DNA Propaganda, de Marcos Valério. Ele chegou a concorrer a vice-governador do Paraná pelo PT em 1994, mas sem sucesso. Também foi presidente do Sindicato dos Bancários em Toledo (PR) e da CUT no Estado.
Antes de assumir a diretoria do BB, foi diretor da Previ, fundo de pensão dos funcionários do banco, numa época em que a diretoria era dividida em correntes ligadas ao então secretário institucional de Comunicação do governo federal Luiz Gushiken e o ministro da Casa Civil, José Dirceu. Pizzolato participava da ala mais ligada a Dirceu.